|| 35. V I N C E N T ||

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|| 35. V I N C E N T ||

Ela foi embora!

Essa foi a minha primeira constatação quando ela passou por mim, com Abby em seu encalço, levando suas coisas, sem nem ao menos olhar para trás.

Deve ser um pesadelo, assim que eu me beliscar, vou abrir os olhos e ela estará ao meu lado, como tem estado esses últimos meses.

Entro no quarto e sigo direto para a minha cama, avisto um envelope sobre o travesseiro e me apresso em pegá-lo.

"VINCENT"

Retiro de dentro dele uma carta, tenho medo do que posso encontrar, temo que não consiga suportar o motivo qualquer que ela tenha me dado para me deixar desse jeito.

"Por quase sete meses eu pensei em infinitas formas de te contar o meu maior e único segredo. Ponderei por centenas de vezes o que você pensaria, como tudo acabaria e por medo de que você não quisesse mais olhar na minha cara, eu me acovardei e não te contei, da forma como deveria ter sido feita.

Me chamo Kendra, tenho 18 anos e sou uma aspirante a patinação artística, que fracassou no teste de admissão, estudar na North era o meu sonho de menina e por muito tempo acreditei ser a minha única meta. E que nada nem ninguém me faria mudar de ideia. Bem, isso foi até te conhecer.

Você me mostrou o seu amor pelo hóquei, e me fez enxergar um novo horizonte. Me fez entender que a patinação não era bem o que eu queria fazer da vida, ela fazia parte da minha fase de quando criança, enquanto eu sonhava em ser uma patinadora tão boa quanto minha mãe foi. Você me ensinou tantas coisas que eu poderia passar horas aqui, mas não quero prolongar mais o nosso momento, sei o quanto deve estar se sentindo ofendido, ferido, magoado, talvez?

Não tive a intenção de te enganar, assim como não me arrependo de nada do que aconteceu até aqui.

Viva bem, seja feliz, seja você mesmo, faça o que te faz bem e arranca suspiros seus. Isso é o que desejo para você.

De alguém que aprendeu a te admirar,

Ken Reed.

Amasso o pedaço de papel entre os meus dedos, enquanto permito que as lagrimas rolem quentes e dolorosas, sobre o meu rosto.

— Você não pode me contar tudo isso por uma carta, Reed! – Esbravejo, com os olhos anuviados pelas grossas lagrimas que ainda insistem em descer.

— Estava tudo bem entre nós até ontem, até ela sair antes do anoitecer... o que a fez mudar de ideia...ou melhor, quem a fez mudar de ideia?

Pego o celular dentro do bolso e disco o seu número.

— Ela não quer te atender, Vince. Dá um tempo, por favor. – Abby atende ao invés da amiga.

— Me responda com sim ou não. Okay? – Peço aflito.

— Sim.

— A minha mãe tem algo a ver com tudo isso?

Abby fica muda por alguns segundos do outro lado da linha.

— Sim...

— Obrigado. – Encerro a chamada e trago a chave do carro comigo, aperto a carta com a outra mão e bato a porta do quarto com violência.

Kiara McGregor que me aguarde.

(...)

Grace tenta impedir a minha entrada, avisando que a minha mãe estava com alguns acionistas, mas pouco me importo. Afinal, ela pouco se importou com o que eu sentia, com o que a Ken sentia, fez com que ela saísse às pressas da faculdade, por um simples capricho.

— Você não pode...

— Ora, ora, mamãezinha! – Adentro o seu escritório e vejo os olhares surpresos que são lançados sobre mim, no exato momento. — Lamento atrapalhá-los, mas minha mamãe e eu precisamos resolver algumas pendências. SAIAM! – Ordeno, furioso.

Ela realmente não gostaria de ter me visto assim.

— Que alarde todo é esse, Vincent? – Kiara apenas ergue o olhar, com indiferença, sem mover um único musculo sequer.

— Quem mandou a senhora se meter na minha vida? Quem mandou a senhora expulsar a Ken da universidade? Com que direito a senhora pensa que sabe tudo sobre mim? – Bato em sua mesa e ela se assusta.

— Quer fazer o favor de se acalmar? Voce sabia que esse seu colega na verdade é uma...

— Garota? Uma garota maravilhosa? – Arqueio a sobrancelha, encarando-a com frieza.

— Você sabia, então. Como pode conviver com uma garota vestida de homem, por tantos meses? Por que não a entregou? Ela é uma impostora, mentirosa, enganou a todos na universidade, Vincent!

Sorrio com escárnio.

— A Ken só entrou naquela universidade por que eu a coloquei lá dentro, ela fez o teste para o time de patinação artística e reprovou, estar na universidade era tudo o que ela queria. Sabe por que, mãe? Por que ela queria estar mais perto da mãe, a mãe que faleceu quando ela era mais nova, quando eu soube que ela era uma menina, eu a quis protege-la, mas o que você fez...

— Filho, eu...

— Não sabia, não é mesmo? Por que é mais fácil julgarmos as pessoas pelo que vemos, ao invés de buscarmos conhece-las primeiro, por que quando estamos no topo, não queremos olhar o lado dos que não tem tanto quanto nós.

Ela se levanta e vem até mim.

— Você a ama? – Pergunta, colocando a mão em meu ombro.

— Droga, mãe. Eu a amo! Com tudo o que tenho, eu a amo! Será que é tão difícil entender que eu preciso dela? Que não é justo você se meter na minha vida dessa forma? Já não tenho mais cinco anos de idade, e a senhora controlava tudo. Eu a quero, eu a terei. Sabe por quê? – Nega, com os olhos marejados, como os meus. — Por que ela é a minha garota. Não permitirei que nada, nem ninguém se coloque entre nós.

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Ih dona kiara, a senhora fez besteira...

ÚLTIMO CAP AMANHA!!!!

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