|| 17. K E N D R A ||

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|| 17. K E N D R A ||


Vincent se afasta com uma expressão estranha e começa a caminha de volta ao dormitório, me deixando atônita, confusa, preocupada, ansiosa pelo próximo passo que ele daria.

Ele estava a poucos centímetros da minha boca, por mais alguns milímetros e ele me beijaria. Mas algo o parou.

Talvez seja o fato de que eu esteja vestida de menino.

Não seja idiota, Kendra. É obvio que é por você estar vestida assim. Que homem em sã consciência – que gosta de mulher – iria querer beijar você vestida desse jeito, hm?

O sigo logo atrás, com os meus pensamentos a mil, sem entender o motivo de estar assim.

Ele abre a porta do dormitório e passa para o banheiro. Sem dizer uma única palavra foi dormir, enquanto eu permaneci acordada por horas, até conseguir finalmente pegar no sono. O dia foi bastante movimentando e com isso, minha mente não queria desligar por um único momento que fosse. O que dificultou na hora de dormir.

As 8h da manhã já me encontro de pé, faço minha higiene matinal e pego um iogurte dentro da geladeira e o tomo junto com uma banana, treinadora Simon nos enviou uma mensagem em nosso grupo e pediu com urgência nossa presença no vestiário, tinha algo a nos passar.

Vincent pega apenas uma maçã e seguimos no mais absoluto silencio até o local onde ela nos chamou.

Ao chegarmos os rapazes já se encontram.

Dylan vem ao nosso encontro e me abraça, cumprimenta Vincent e me arrasta para o seu lado. Onde eles fazem o mesmo.

Ao que parece eles realmente se identificam comigo. O que me deixa bem emocionada, pois sempre fui péssima com amizades, principalmente com o sexo oposto, Abby foi um caso raro que aconteceu em minha vida e eu nunca mais a larguei.

— Muito bem, tenho um pedido para fazer a vocês, rapazes. – Treinadora Simon entra feito um pequeno furacão de um metro e meio em nosso vestiário, nos fazendo levantar rapidamente para recebe-la.

Por mais pequena que ela seja, essa mulher exala autoridade e confiança, e como mulher, consigo entende-la perfeitamente. Nós estamos em um campo completamente masculino, agressivo e cheio de testosterona, como Kristian me disse, posso imaginar o quanto ela tem de se impor, lutar com unhas e dentes, mostrar um lado forte o tempo todo para poder chegar onde chegou.

Por isso eu aprendo diariamente a admirá-la.

— Aconteceu alguma coisa, treinadora? – Questiona Benjamin.

— Não aconteceu mas vai acontecer, depois de amanhã nós teremos um teste concorrendo com a patinação, e eu estou apostando minhas fichas em vocês.

— Treinadora, esse não é aquele teste que o nosso time sempre perde? – Comenta David.

— Façam diferente esse ano e estudem. Não estão aqui somente para jogar, metade das notas de vocês é teórica. Portanto, me surpreendam! Darei esses dois dias para que se organizem e consigam estudar. – Ela se retira, nos deixando em meio ao caos que se instala automaticamente.

— O que vamos fazer? – Dylan parece preocupado.

— É tão ruim assim? – Indago confusa.

Os quatro me olham como se um terceiro olho tivesse nascido em minha testa.

— Não é só ruim, Ken. É terrível! A equipe de Hóquei sempre perde, por que a patinação tem um manual feito pela própria treinadora delas que facilita na hora delas estudarem. Ao contrário de nós que acabamos por estudar o livro todo e não entendemos nada. Meu irmão faz parte dos veteranos e ele sempre me conta sobre esse teste, e diz que a treinadora Simon sempre tem esperança de que o seu time consiga. O que nunca acontece e eles acabam por ficarem presos treinando durante todo o final de semana. – Explica Peter.

Minha Garota [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now