|| 15. K E N D R A ||

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|| 15. K E N D R A ||

— Por que raios que te partam você fez isso, criatura?! – Indago ao meu adorável irmão, saído da Pensilvânia para me fazer passar raiva em plena quinta-feira.

— Ele gosta de você. – Os olhos castanhos de Kristian me encaram com ternura.

— Oi?

— O seu capitão parece gostar de você. – Diz como se fosse obvio, o que definitivamente não é.

— Em primeiro lugar, como soube que eu estava aqui disfarçado, segundo, ficou maluco? Aqui eu sou um garoto, Kris. Vince jamais olharia para mim vestido com essas roupas, usando essa peruca. – Constato o óbvio, mas ele parece não entender a real situação.

— A desmiolada da sua amiga, mais conhecida com Abby, me contou toda a sua situação, e eu não acreditei de imediato, quis ver com meus próprios olhos, a minha única irmã se disfarçar de garoto, só para entrar na universidade que a nossa mãe estudou. Tem noção do perigo que corre estando aqui, Ken? Se alguém descobre? Você convivendo com esse bando de homens cheios de testosterona e músculos, e céus! Você faz parte de um dos esportes mais agressivos! E por último, mas não menos importante, Vince? Pensei que o nome dele era Vincent. Ver você o chamando pelo apelido já me mostra o tamanho do perigo. Já que nunca trata ninguém com familiaridade assim tão rápido. – Ele solta sua frustração e preocupação toda de uma vez, fazendo om que eu encolha meus ombros, querendo cavar um buraco no chão aos meus pés e sumir.

— Não há nada que possa fazer ou dizer para que eu mude de ideia Kris, estou sim pela mamãe aqui. E não irei sair e nem me deixar ser descoberta por ninguém até me formar. Não se preocupe.

Ele segura minhas maos nas suas e acaricia os nós dos meus dedos.

— Nós só temos um ao outro, Ken. É obvio que me preocupo. Mês que vem entrego meu trabalho de conclusão, retornarei à cidade e você poderá contar mais comigo. Prometo que serei um irmão mais presente, aqui, isso é para você. – Me entrega um envelope dourado elegante. — É o nosso convite de formatura. Será no dia 05 de junho. Vou esperar você lá, de preferência vestida como Kendra. Pode ser? – Debocha e eu soco o seu braço rindo junto com ele.

— Obrigada por me deixar ficar, prometo me cuidar bem e te dar muito orgulho. – Ele sorri e assente, acariciando o meu braço.

Sinto meu celular vibrar no bolso da calça e o pego para ver o que é.

Treinadora Ellie Simon:

"Ken, vá a sala de equipamentos e os traga os nossos para o treino de amanhã, por favor. Bom descanso. " J

— Precisarei ir à sala de equipamentos, mas o que acha de esperar em meu dormitório, hm? Mais tarde podemos sair para jantar com a Abby. O que me diz?

— Você quer dizer, alimentar os meus dois dragões em fase de crescimento, não é mesmo? – Brinca.

— Deixa de ser insuportável e me encontre lá.

Explico a ele como chegar ao dormitório do time de calouros do Hóquei, o número do meu quarto e marco de nos encontrarmos em algumas horas.

(...)

Assim que termino de juntar as caixas com nossos equipamentos e coloca-las no carrinho para leva-las embora, esbarro em um par de patins do time de patinação e me abaixo para colocá-lo no lugar, quando ouço vozes femininas entrando na sala.

Escondo-me entre as caixas e a estante, observando as patinadoras guardarem seus materiais, as três garotas se sentam e começam a conversar, sendo que uma delas fez a prova no mesmo dia que eu para conseguir a vaga, impedindo-me de sair.

Não acredito.

Sento-me no chão, encostando minha cabeça contra a estante, a espera delas irem logo embora.

Minhas pálpebras começam a pesar e acabo mergulhando em um sono profundo...

(...)

Horas depois...

Acordo em meio a uma completa escuridão, sentindo meu corpo congelar. Pisco algumas vezes tentando me acostumar com o lugar onde estou, levanto-me devagar com meus pés quase dormentes, e agradeço por usar coturnos forrados com lã, do contrário teria pedras de gelo no lugar dos pés, apoiando-me na estante e nas caixas, olho para relógio e me assusto ao ver que já são quase 23h da noite!

Como consegui dormir tanto?

Acabo me lembrando dos últimos dias e de como tenho ficado acordada até tarde, esperando Vincent dormir, para só então eu poder desligar a minha luz e tentar sem muito sucesso dormir por algumas horas.

Levantando ou chegando sempre primeiro, passando direto para o banheiro para que ele não me veja outra vez só de robe, ou seja pega de surpresa com os meus cabelos molhados.

Então sim, posso entender o motivo do meu longo apagão, meu corpo mostrou hoje o seu cansaço dos dias intensos que tenho tido.

Empurro o carrinho até a porta e tento abri-la, sem sucesso.

— Estou trancada? Não pode ser... – Pego o celular e o encontro já sem bateria, parece que a minha má sorte resolveu dar as caras hoje. Justo quando mais preciso.

Bato contra a porta e grito todos os nomes que conheço, mas ninguém aparece. Olho para o teto e entendo finalmente o motivo para o meu frio súbito, o aquecedor não está funcionando, o que por si só já é motivo de me deixar preocupada, pois sei que mais algumas horas aqui dentro, usando somente essa blusa de lã e um casaco fino, não conseguirei resistir a esse frio absurdo.

Ando de um lado para o outro, sentindo meus pés, mãos, orelhas e nariz, congelarem. Esfrego uma mão na outra, tentando me aquecer da forma que der. Mas não adianta de muita coisa.

Sento-me no banco em frente a porta de entrada, e me encolho em posição fetal, quem sabe assim não consiga permanecer quentinha?

Estou muito nova para morrer, ainda por cima congelada!

Kris está no dormitório, ele deve estar a minha procura.

Fará tudo para me encontrar.

Esses pensamentos permeiam minha mente, até a inconsciência me tomar por completo.

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Oh, e agora?
Quem poderá me defender?

Tem baby Vincent arrasando no próximo capítulo. ❤

Minha Garota [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now