|| 33. V I N C E N T ||
— Está melhor? – Ken indaga, acariciando minhas costas.
Ergo o olhar em sua direção e sei que eles estão marejados.
— Não, mas vou ficar. – Garanto, por mais que nem eu saiba se realmente ficará.
— Tem algo que posso fazer por você? Um chá, café, talvez aquele bolo de chocolate? – Puxo-a para um abraço apertado, colocando a cabeça entre a sua clavícula e o seu pescoço, alvo e delicado. Sentindo seu perfume doce, me deixando momentaneamente mais calmo.
— Só fica aqui do meu lado. Por favor. – Peço baixinho.
Ela permanece então ao meu lado, não sei se por pena, ou por se solidarizar com a minha situação, mas preciso dizer que é absurdamente reconfortante tê-la aqui nesse momento.
Acaricia os meus cabelos, e me abraça de lado, sinto as lágrimas descerem lentamente e me permito chorar em silêncio, não sou um cara que chora com facilidade, mas saber que a minha própria mãe não apoia o que faço, dói.
Ela esperou Ken ir ao banheiro e começo então a jogar as coisas na minha cara, que já sabia sobre eu não estar frequentando a universidade da Pensilvânia, que voltei a jogar, sou bolsista, capitão do time de hóquei e etc.
Até aí já era de se esperar, só que quando ela jogou uma piada por alto sobre o Ken, e sua masculinidade, eu realmente perdi a paciência.
Deixei a sua sala, furioso.
Ouço meu celular vibrar e logo em seguida o da Ken, ela pede licença e dá uma olhada.
— A treinadora está nos aguardando no vestiário, tem algo para nos falar. – Explica.
Veste o casaco e me entrega o meu.
Vou até o banheiro e jogo uma agua no rosto para aliviar um pouco do vermelho do choro, arrumo o cabelo e só então sigo até onde Ken está, encostada no batente da porta.
Deixamos o dormitório e seguimos até o local que a treinadora marcou.
(...)
— Obrigada por terem vindo, assim as pressas. Mas acabei de receber a confirmação da liga e teremos uma competição no domingo, contra a Delmont. Sim, eu sei que é pouco tempo para treinarmos, que eles são uns dos melhores, mas acredito que vocês estão mais do que preparados para essa fase eliminatória. – Treinadora Simon explica, sobre os protestos e reclamações dos jogadores.
— Como funcionará os nossos treinos a partir de hoje? – Ken indaga, ao meu lado.
— Precisaremos passar da hora das aulas, após as aulas teóricas, vocês deverão me encontrar aqui, além de treinarem a noite, opcional. É o último jogo antes das férias. Estou apostando todas as minhas fichas em vocês, rapazes! – Dizendo isso, ela pega sua prancheta e deixa o vestiário.
Após sua saída os rapazes começam as queixas, estao nervosos, eufóricos, animados e desesperados ao mesmo tempo.
Não é todo dia que jogamos contra uma universidade tão conhecida e camisa por suas inúmeras vitórias.
— Parem de reclamar sobre o leite derramado! – Ken se manifesta, ganhando a atenção deles. — Precisamos vencer, ficarmos reclamando não nos trará a vitória que queremos. Não concordam?
— O que faremos, Ken? Apenas três de nós estão prontos para jogar, você, Dylan e o Vince! – Bem reclama, passando as mãos pelo cabelo, andando de um lado para o outro.
— Não deixem se intimidar pelo nome que a Delmont construiu ao longo dos anos, que façamos o nosso nome também ser conhecido! Vamos treinar até desmaiar, acordou? Volta a treinar de novo. Vamos mostrar do que também somos capazes de fazer. Não quero ver nenhum de vocês se lamentando pelos cantos dizendo que não é merecedor, ou vou dar um chute em seus países baixos, fiquem atentos! – Brinca, levando todo o grupo as gargalhadas.
Ela pode não notar, mas esses caras a adoram, mesmo sem saberem quem realmente é. A forma como eles a tratam, a respeitam e a ouvem, com tamanha atenção e respeito, dá um baita orgulho da minha garota.
— No que você tanto pensa? – Indago assim que entramos no quarto.
Fecho a porta e Ken olha para mim, sem entender.
— Você está pensativo. Não é todo dia que você resolve pensar. – Brinco, afim de irritá-la.
— Rá, rá, rá. Idiota. – Fecha a cara, cruzando os braços na altura do peito.
Envolvo sua cintura esguia e a trago para mais perto, vendo seus olhos cor de mel arregalarem-se, surpresos.
— Sabia que até emburrado você fica lindo? – Deslizo o indicador por seus lábios rosados e ela os entreabre, nervosa.
— Não brinque comigo, Vincent. Não vamos levar o que quer que seja isso. – Aponta para nós dois. — A um patamar além do que já está. Não tem necessidade.
— Eu disse que te esperaria. E estou cumprindo, impacientemente. Mas estou.
Ela ri baixinho, fazendo meu coração saltar dentro do peito, pelo simples fato de ouvir o som do seu riso.
Se isso não for amor, eu não sei o que é.
— Preciso de ar. Vou dar uma volta. – Ken se afasta apressada e deixa o quarto, me deixando com um sorriso bobo grudado no rosto.
Após ela sair, sento-me em frente ao notebook e faço algumas atividades teóricas que os professores passaram, coloco minhas roupas para baterem e tomo um banho.
Afim de esquecer que o dia de hoje existiu, ao menos a parte em que me encontrei com a minha mãe.
Com toda certeza essa foi a pior parte.
Ligo o chuveiro e deixo a agua cai sobre o meu corpo, lavo o cabelo, já não precisando mais do gesso, me enrolo na toalha e troco de roupa, dentro do banheiro mesmo, se a Ken volta e me pega só de cueca pelo quarto, das duas uma. Ou ela desmaia na hora, ou me bate.
Melhor me precaver.
Pego um livro na estante e me jogo sobre a minha cama, já são quase 22h, e nada dela voltar.
Estranho.
Pego o celular para ligar para ela, e encontro uma mensagem sua.
"Vou dormir na casa da Abby. Boa noite. "
Será que eu forcei a barra com ela?
A pressionei por uma reposta?
Amanhã cedo irei perguntar se algo mudou entre nós, se fiz algo que ela não tenha gostado. Não posso e nem quero perdê-la, por uma bobagem qualquer.
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Algo de certo não está errado...quer dizer, algo errado não está certo por aqui. Concordam????
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Minha Garota [CONCLUÍDA]
RomanceKendra Reed é uma aspirante a patinação artística, que luta bravamente para conquistar seu sonho, estudar na North University, a mesma universidade onde sua mãe se formou como patinadora, ela almeja seguir seus passos. O que ela não contava era com...