04

1.4K 57 4
                                    



Duas semanas se passaram corridas, com muito trabalho na empresa. Alfonso cruzava com Anahí no elevador quase todo dia e até puxava um assunto. Algo nela o instigava. Às vezes criava assuntos para falar com o irmão com o pretexto de ir até a sala dele e conseguir vê-la, ou ouvir sua voz pelo telefone. Nem ele sabia o porquê disso, mas quando ia ver já estava fazendo. Oscar e Maite, que às vezes ia para lá, sentiam algo no ar, mas não comentavam. Nos últimos dias Alfonso resolveu se aproximar de Anahí, de Dulce e Cristina ele conversava muito pela convivência com a senhora e Dulce por ser namorada do primo. Pensou estar na hora de dar mais confiança a sua funcionária. Chamou Anahí para almoçar em um dia parado quando Dulce estava fora em uma reunião com o irmão.

Alfonso - E então, o que pode me contar da sua vida?- Comiam em um restaurante chique. A maquiagem dela não escondia o vermelho dos olhos e nem o inchado.

Anahí - Nada demais. Nasci e cresci aqui na Cidade do México, tenho vinte e três anos, fiz moda até o terceiro ano, parei...

Alfonso - Por quê?- Ela negou com a cabeça e voltou a comer. - Ok, não quer falar.

Anahí - Eu só prefiro não dizer.

Alfonso sorriu - Tudo bem. - E mais uma vez a respiração lhe fugiu, pensou ela. O que era aquele homem. - E o que mais? Mãe, pai? Irmão? Namorado?

Anahí - Mãe e pai moram fora, filha única e solteira. - Faltou ela dizer algo, mas não conseguia. – E você?

Alfonso - Família gigante, sempre perto, no mesmo condomínio pra ser exato, viúvo e pai solteiro. - Ela assentiu. - Que foi?

Anahí - O que?- Perguntou distraída.

Alfonso - Ficou com os olhos brilhando, quer chorar?

Anahí - No. - Engoliu o choro. - Sua filha é linda.

Alfonso - Ela pergunta de você às vezes. Te achou muito linda, como a barbie.- Revirou os olhos lembrando da comparação da filha. Não que não fosse verdade, mas coisinhas de criança.

Anahí sorriu e abaixou a cabeça - Fofa.

Alfonso - Por que fica assim quando fala dela?- A analisava, cada gesto e cada traço.

Anahí suspirou - Nada eu só gosto muito de crianças.

Alfonso - Não... Isso não é gostar, você a olhou de um jeito que.. Era outra coisa.

Anahí - Aquele dia estava sensível. Só isso.

Alfonso - Tem certeza?- Pegou na mão dela que estava em cima de mesa e ela subiu os olhos para o olhar.

Anahí- Tenho.- A voz saiu falha.

Alfonso - Ta suja. - Soltou sua mão e segurou o riso, tomando o suco.

Anahí - Hã?- Por um instante se perdeu o olhando e ele sorriu ao perceber.

Alfonso - Aqui. - Pegou o guardanapo e passou no cantinho da boca dela.

Anahí corou - Ai que vergonha. - Apoiou a cabeça na mão.

Alfonso riu - Que isso. Aqui eu sou seu colega de trabalho, não seu chefe ok?

Anahí - Mesmo assim. - Ficava mais vermelha. Ele era muito legal quando não se tornava um bicho por erros no escritório e tinha que admitir que cometera um erro grave na época, mas se ele soubesse...

Eles conversaram mais um pouco, ele contava muito de sua vida e ela ouvia com prazer. Perguntava tudo de Nicole, o que ele achava ainda um tanto estranho, mas respondia, nem sabia por que, como não sabia por que queria o tempo todo saber sobre ela e estar com ela. Chegaram ao escritório e se separaram. Ela agradeceu pelo almoço que ele pagou e voltou ao trabalho. Sim ela o perturbava, aguçava seu desejo de homem, era linda, era educada, sabia se portar em reuniões importantes, em jantares importantes, como já fora citado pelo irmão. Só que era triste e qualquer um via. Ele passou a semana toda indo almoçar com ela, só quando ia almoçar com a filha que não. Ela nunca abria muito espaço para saber de sua vida, mas queria saber da dele e da filha. Ela ganhava confiança quanto a ele, gostava de como se sentia também ao seu lado, era menos doloroso, embora ainda estivesse afogando em dor.

Never Gonna Be Alone  (Finalizada) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora