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Acordei no meio da noite com uma sensação estranha de desconforto e irritação. Estava sozinha no quarto, Elise deveria ter voltado para o seu e Bolinho não era visto em nenhum canto.

Percebi então que o sentimento não era meu. O que poderia estar aborrecendo Riwty? Ele sempre parecia tão sarcasticamente humorado, se bem que tudo poderia ser uma fachada. Agora eu saberia.

Foquei em meu peito e consegui enxergar a corda prateada, mas não via seu fim, ela estava esticada. Levantei e colcoquei minhas botas. Havia dormido com as roupas da rua, pelo menos tinha tomado banho pela manhã, poderia ser pior. Passei os dedos pelo cabelo e saí seguindo a linha.

Desci as escadas da taverna e saí do prédio, então fui guiada até a floresta, perto da minha antiga casa. Os sentimentos de Riwty ficavam mais fortes a cada passo em sua direção. Nesse momento ele sentia muita raiva.

Não haveria motivos para ele sentir raiva sozinho e os únicos que o chamariam de madrugada eram faes. Decidi que era melhor me esgueirar. Afinal, a chance de ser Syara é muito grande.

Atrás de uma pedra, finalmente achei Riwty e realmente era Syara. Revirei os olhos. Essa mulher, fae, não tinha mais coisas para fazer além de ir atrás dele de madrugada? Ela não era da realeza?

"Eu concordo contigo, Ellie."

Levei um leve susto, não percebi que estava projetando os pensamentos.

"Apesar disso é bom saber que está com ciúmes, mas garanto que só tenho olhos para você."

Revirei os olhos outra vez, mas parei de prestar atenção nele quando Syara ergueu a voz.

-Como assim estará indisponível para me atender?

-Precisarei realizar um favor que emvolve o príncipe, como ele já tem um fae a situação exigirá tempo e planejamento.

-Interferir a favor dos humanos em guerras faes é proibido.

-Não vou me meter em guerra nenhuma, é um assunto apenas humano.

-Já avisei que se não me ajudar sua humana vai sofrer as consequências até que esteja livre para ser nosso general novamente.

-E eu já disse que é proibido matar um humano escolhido.

-Eu sou uma fae real, nada acontecerá comigo. Mas nada me impede de matar a família da garota ou induzir outro humano a matá-la.

-Não se atreva a fazer nada contra ela.

-Ou o quê?

-Sabe que sou mais forte que você, se matar minha humana eu destruo você.

Meu coração batia com força no peito, lágrimas de medo brotando em meus olhos. A raiva de Riwty alimentando a minha. Desgraçada. Eu queria arrancar os olhos dela com as unhas por suas ameaças contra minha família.

-Ameaçando uma fae real, Riwty? Só isso já seria passível de punição, mas como preciso de você vou relevar.

-Não é uma ameaça, é uma promessa.

- Você até pode ser mais forte que eu, mas não poderia fazer nada contra todos os guardas reais juntos, acabaria tão morto quanto eu.

-Saia, quando eu voltar te ajudo. Até lá deixe minha humana e sua família em paz, se tem amor pela vida.

O olhar de Syara era pura raiva, mas o de Riwty também era. Não sabia como conseguia enxergar com as lágrimas caindo.

Ele veio para o meu lado assim que a fae foi embora. Riwty me pegou no colo enquanto eu soluçava. Minha família não estaria segura enquanto ele estivesse longe. Eu me sentia arrasada. Não sabia o que fazer. Então agarrei a túnica dele com força e abafei um grito em seu peito.

Não sei quanto tempo passamos ali, mas senti minha dor saindo aos poucos,  provavelmene a magia de Riwty diminuindo meu sofrimento. Quando consegui dar conta de mim mesma novamente já estávamos no meu quarto, em cima do colchão.

Olhei para ele com meus olhos cheios d'água me sentindo impotente, frágil e inútil. Quem era eu comparada à criaturas tão poderosas como os faes.

-Não se preocupe, eu tenho um plano.

Aceitoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن