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Felipe estava deitado em um monte de feno, mas quando nos viu chegar pulou em pé, mas estava tão bêbado que caiu. Ele conseguiu se levantar e veio até mim cambaleando.

Beto se aproximou de mim, provavelmente para me proteger de Felipe, o que o bêbado não gostou.

-Pensei que seríamos só nós.

-Pensei que aceitaria qualquer coisa.

Nós três nos encolhemos com minhas palavras, mas não estava disposta a ficar sozinha com ele tão bêbado.

-Quando você estiver sóbrio podemos ficar sozinhos de novo.

Porque iríamos. Sabia que não era realmente minha culpa, ele sabia que estava noiva, mas mesmo não o amando mais, ainda sentia carinho por ele. Ver Felipe daquele jeito, indo pelo mesmo caminho de Richie apertava meu coração. Principalmente sabendo que minha mãe fez o mesmo com meu pai biológico. Ainda precisava falar com Pá sobre isso. Também deveria fazer a proteção em volta da escola e da taverna para que minhas irmãs ficassem minimamente protegidas, era para ter feito com Riwty, mas esqueci. Um pouco de culpa apareceu por causa disso.

-Eu vou parar de beber, só preciso de você em minha vida de novo. Não precisamos ter sexo, mas preciso de você, Ellie.

Meu coração se contraiu novamente e fui até ele. Quando o abracei ele desabou, seu choro compulsivo molhando minha blusa e o cheiro de bebida e sujeira me enjoavam, mas aguentei firme. Balancei seu corpo de um lado para o outro passando a mão em seu cabelo oleoso. Quando Felipe finalmente se controlou eu me afastei.

-Obrigada, obrigada de verdade. Eu não posso viver sem você.

Uma lágrima escapou dos meus olhos, não sabia o que fazer. Quanto tempo eu ficaria presa a Felipe? Não conseguiria vê-lo ser consumido pelo desespero. Só poderia me afastar quando ele ficasse bem.

Olhei para Beto e vi muitas emoções em seus olhos, pena, culpa, ciúmes. Será que eu deveria me afastar dele agora? Nem todas as pessoas se entregavam assim quando rejeitadas, ele provavelmente ficaria bem. Mas precisávamos conversar de qualquer maneira.

Tudo bem, Felipe. Eu continuarei te vendo, mas não faremos nada. Nada de beijo ou sexo e enquanto estiver na crise Beto virá comigo. Dor e raiva passaram por sua expressão, mas aceitação as seguiu. Ele balançou a cabeça e olhou para o chão.

Sentei em um monte de feno e cada um dos homens ficou de um lado. Felipe encostou a cabeça em meu ombro então Beto segurou minha mão esquerda. Nenhum de nós falou nada e consegui me acostumar com o cheiro após algum tempo. Depois de mais ou menos duas horas ali falei que voltaria para casa.

-Volte a tomar banho e pare de beber, Felipe. Será difícil passar tempo com você do contrário.

-Qualquer coisa.

Quando eu e Beto saímos do celeiro ele me acompanhou parte do caminho até em casa.

-Obrigada por hoje. Eu sinto muito por ter falado que você iria comigo nas próximas vezes que o visse.

-Eu até prefiro, já iria me oferecer de qualquer jeito.

-Realmente, obrigada. Não sei como te agradecer.

Beto balançou a cabeça. Ele era uma pessoa maravilhosa. Senti tristeza por não retribuir com a mesma intensidade seus sentimentos. Precisava refletir sobre como realmente me sentia.

-Boa noite, Beto. Até amanhã.

-Volte em segurança, Ellie.

Vi a coruja me acompanhar enquanto voltava para casa e quando cheguei em uma parte deserta, falei.

-Preciso de sua ajuda. Pode se transformar e conversar comigo?

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