Bottons - Part 1

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Camila's POV

Seis malditos botões.

Era o que mantinha a camisa dela fechada.

Não que eu a quisesse aberta... Ok, a quem eu estou tentando enganar? Claro que eu a queria aberta. Nenhuma mulher que se encontrasse a poucos metros de Lauren desejaria honestamente vê-la vestida, e esse era exatamente o ponto. Os seis malditos botões era muito pouco. Muito frágeis... Era tentadora a facilidade com a qual poderiam desaparecer se eu fraquejasse e me entregasse ao impulso de ir até o outro lado do cubículo minúsculo no qual nos encontrávamos e acabar de vez com aquele sofrimento.

Era graças a dois outros malditos botões que nos encontrávamos nessa situação, na verdade. Um verde e um vermelho. Dois estúpidos botões que agora me forçavam a ficar presa dentro de um elevador escuro com ninguém menos do que Lauren.

Quando eu percebi que o elevador havia parado, eu gritei. Xinguei. Esmurrei as paredes do cubículo até Lauren me segurar na vã tentativa de me acalmar. E, óbvio, isso apenas me fez enlouquecer mais. Porque ela estava me tocando. Tocando e tentando cuidar de mim, a imbecil. Difícil saber se ela havia entendido que o motivo do meu chilique era mais por estar presa com ela do que por simplesmente estar presa.

Eventualmente eu acabei me acalmando o suficiente para exigir que ficássemos em lados opostos do elevador enquanto a ajuda que eu havia chamado ao pressionar mil vezes o botão de emergência não chegava. Como eu já expliquei uma vez, a parte desse prédio que ficava acima do solo funcionava como um prédio comercial durante o dia. Mas à noite, só quem entrava e saía daqui éramos nós do subsolo. O elevador tinha câmera, obviamente, e o funcionário da manutenção que ficava na salinha de vídeo sabia sobre nós, mas era um fato bem conhecido na Organização que Manny, o funcionário, só checava a salinha à noite entre longos intervalos de tempo. Prova disso era que ninguém havia atendido o interfone quando Lauren tentou.
Graças ao fato de o elevador requerer uma sequência secreta de botões para revelar os botões do subsolo e de termos todo tipo de alarme paranormal para o caso de invasão, ter alguém de olho nas câmeras do elevador o tempo inteiro era dispensável. Então digamos que Manny se aproveitava do fato de que seria difícil demiti-lo por não fazer um trabalho que, aos olhos das pessoas normais que trabalhavam durante o dia, ele não devia mesmo estar fazendo.

Conclusão: não havia o que fazer a não ser esperar.

Estávamos agora sentadas cada uma no seu lado do elevador, com o meu celular (sem sinal) no chão entre nós exibindo Piratas do Caribe 2 sem som de modo a evitar que caísse na proteção de tela e perdesse sua função de lanterna. Nunca rezei tanto para a bateria do aparelho aguentar... Ficar presa em um cubículo com Lauren já era ruim. Ficar presa no escurinho era impensável.

Mas, por incrível que pareça, Lauren estava sendo bizarramente cooperante nessa situação toda. Eu apenas recebi uma virada de olhos quando a mandei ficar longe de mim e agora ela se mantinha calada, parecendo pensativa. Mais cedo naquela noite eu havia entendido que ela também não estivera pronta para ficar a sós comigo, mas agora? Não havia sido ela que viera atrás de mim querendo conversar? Bom, ela tinha a oportunidade perfeita agora. Com exceção de Manny, que podia resolver voltar a trabalhar a qualquer hora, não havia nada nem ninguém que pudesse nos interromper. Ela havia conseguido o que queria. Então por que não falava nada? Por que havia desistido?

Talvez, porém, não tivesse desistido. Talvez apenas não soubesse o que falar.

Eu também havia percebido a ansiedade dela mais cedo, a inquietude. Agora me parecia que antes mesmo do beijo no parque ela já queria falar algo comigo. O quê, no entanto, eu não fazia ideia. Mas com certeza algo sério o suficiente para deixar sem palavras a criatura que nunca calava a boca.
Eu não estava reclamando, porém. Se tinha uma coisa que eu havia aprendido nessa noite era que o silêncio era algo abençoado. Ser ignorada por Lauren era algo que me perturbava extremamente, por mais que eu não pudesse explicar exatamente o porquê. Mas agora eu sabia que mesmo aquilo podia ser melhor do que algumas coisas que Lauren poderia dizer. As palavras dela tinham o poder de me afetar como nada mais no mundo.

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