Magnet

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Camila's POV

Entre Lauren e eu sempre existiu um imã.

Acho que já comentei sobre isso algumas vezes. Sobre como estar perto dela me fazia sentir aquela força de atração me puxando contra a minha vontade, exigindo que eu parasse de tentar combatê-la. Aquela sensação já me era conhecida.

Mas o que antes era um imã no momento me parecia bilhões.

Era como se existisse um em cada célula do meu corpo. Cada mínimo, desimportante, maldito pedacinho de mim parecia querer me arrastar pelos poucos metros que me separavam dela, enquanto uma voz sedutora parecia sussurrar em meu cérebro comandos como veja, pegue, toque, beije, possua! Ela é sua. Céus, aquelas ideias eram tentadoras. Tão tentadoras quanto proibidas, de modo que eu me mantinha resistindo. Os imãs em meus olhos, no entanto, eram fortes demais para se combater.

Eu sabia que não devia estar olhando. Claro que não devia... Ao menos não daquela forma. Inferno, aquela havia sido minha decisão, certo? Não olhá-la mais daquele jeito. Não olhar para aqueles olhos verdes, para aqueles lábios deliciosos, para aquele físico pecaminosamente escultural e sentir algo mais do que pura irritação. Eu havia decidido não olhá-la mais com desejo. Porque era errado. Mais do que errado, era... Era contra as leis do universo.

Era Lauren.

Ok, então era errado. O problema era convencer meu corpo disso.

Eu sabia não devia continuar a vê-la com aqueles olhos. O que havia acontecido na fábrica devia ter servido para acabar de vez com aquela atração doentia, aquela tentação proibida. Nós havíamos passado horas descontando toda aquela frustração e, pela lógica, não deveria ter restado nada. Lauren deveria ter saído do meu sistema.

Mas sabe qual é o problema com a lógica? Às vezes ela é super valorizada.

E não era como se ela estivesse facilitando as coisas para mim, também. Cinco dias atrás, na noite seguinte àquela fatídica madrugada, ela não apareceu. Mas o alívio que eu senti com isso durou pouco... Com as horas que passamos longe uma da outra, eu havia conseguido reprimir tudo o que havia acontecido. Havia classificado tudo aquilo como algo necessário para acabar de vez com aquela aberração que era minha relação com a vampira. Conseguira convencer a mim mesma de que dali para frente não mais sentiria nada além de raiva e aborrecimento em relação à Lauren.

Isso durou até ela aparecer na noite seguinte.

Teria sido mais fácil se ela tivesse me provocado. Teria sido mais fácil se tivesse agido como o habitual e infernizado minha vida com alfinetadas e comentários de duplo sentido sobre tudo que eu a havia deixado fazer comigo. Se Lauren tivesse agido como uma babaca em relação à noite que passamos juntas, eu só precisaria socá-la. Teria sido tão mais fácil... Com aquele tipo de coisa eu estava acostumada. Isso devia fazer de mim uma pessoa horrível, mas para mim era muito mais fácil resolver as coisas com violência. Um soco e o problema estaria resolvido.

Mas eu não podia socá-la por olhar para mim.

Foi tudo o que ela fez. Nenhuma palavra, nenhum sorriso... Só um olhar. Aquele olhar. O olhar sério, quente, concentrado, que me desafiava a continuar negando para mim mesma a verdadeira natureza do que havia acontecido. Assim que meus olhos encontraram os dela pela primeira vez desde que eu deixara aquela fábrica, todas as minhas mentiras sumiram. Ali estava Lauren, próxima e perturbadoramente real. Ali estava a vampira com quem eu havia passado as melhores horas da minha existência. Ela estava ali, e se eu quisesse poderia tocá-la, ouvir sua voz... Beijar cada centímetro daquele peitoral coberto pela maldita camisa preta da mesma forma que eu havia feito duas noites antes.

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