Murphy Laws

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Camila's POV

Lei de Murphy...

Você sabe como é. O que pode dar errado... Vai dar errado.

Eu odeio como ela pode estar certa às vezes.

Se levarmos em conta o fato de eu ser uma híbrida e minha constituição física ser diferente da de humanos comuns, era de se imaginar que eu acordaria naquela manhã sem ressaca. Com um pouco de sorte, sem memória também. A possibilidade de o contrário acontecer era, de fato, mínima.

Mas para a Lei de Murphy, basta uma fração de chance.

A sensação que eu tive ao acordar naquela manhã foi bizarra. Meu primeiro pensamento ao recuperar a consciência foi que alguém estava apertando o meu cérebro. Não, não apertando, mastigando. Era como se dentes afiados tentassem perfurar meu crânio.

O que eu havia feito para merecer isso? Me recusando a abrir os olhos, eu tentei me lembrar do dia anterior. O diário de Dinah e o momento tenso com Mani foram às primeiras coisas que voltaram... Lembrei também da minha decisão desesperada de sair... O que acontecera depois? Lauren. Lauren estava lá e...

Oh, céus, alguém me mate!

O resto da noite voltou como uma avalanche, de uma vez só e de forma arrasadora. Minha cabeça doeu mais ainda, mas agora, ao invés de torcer para meu cérebro não explodir, eu desejava o contrário. Queria que a minha cabeça estourasse de vez, pois no momento essa era a única saída que eu tinha.
Eu não poderia sair daquele quarto nunca mais. O que eu havia feito, dito... Céus, eu merecia a dor. Eu merecia tanto aquela ressaca... Como eu encararia Lauren novamente? Ou até mesmo Clarke? Ou meu próprio reflexo no espelho?

A lista das coisas das quais eu sabia que me arrependeria para a vida inteira estava subitamente lotada. Dançar provocante para Lauren, com Lauren e para todo mundo ver... Fazer papel de bêbada retardada... Tentar seduzir a vampira. Céus, essa doía. Na noite anterior eu havia me comportado como uma vadia no cio. Só de pensar no que podia ter acontecido... E que só não acontecera porque Lauren, por mais estranho que fosse, havia sido a ajuizada e decente de nós duas. Como eu poderia encará-la? Como eu poderia responder as provocações dela, resistir, fingir desinteresse depois da forma como eu havia agido na noite passada?

Mas isso não era o pior... O que mais me desesperava não era o que eu havia feito, e sim dito.

"Todo mundo quer alguma coisa de mim."

"Eu preciso ser fria. Distante, cruel... Eu preciso agir como uma vadia com todo mundo porque eu sinto raiva."

"Se eu derrubar essas paredes que eu construí, se eu... Se eu deixar a raiva de lado, tudo o que sobra é dor."

Eram pensamentos que me acompanharam por toda minha vida, mas que eu nunca verbalizara. Que eu nunca tivera coragem de verbalizar, por serem tão extremamente íntimos que exteriorizá-los faria eu me expor de forma perigosa. Mostraria pontos fracos meus que eu tentava a todo custo ignorar, eliminar. Aquele lado frágil, que sofria, era meu maior segredo e a grande fonte de todas as minhas fraquezas. E eu o mostrara para Lauren de forma total e definitivamente irresponsável.

Agora é sério. Eu nunca mais vou beber.

Demonstrar fraqueza para um inimigo já seria uma grande idiotice. Mas demonstrar fraqueza para um inimigo que clama ter sentimentos por você, sentimentos nos quais você constantemente pisa, consegue ser uma ideia ainda pior.

Desistindo de ficar deitada, eu me esforcei para levantar. Cada parte do meu corpo e mente exigiam que eu permanecesse ali, mas eu lutei. Lutei porque sabia que não merecia a fuga que aquele quarto me proporcionaria. Eu precisava ser forte e encarar o mundo.

VampireWhere stories live. Discover now