·Capítulo 28·

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Pov Corinna

...Seis meses após a explosão da ponte


  Já faz alguns meses que estou aqui. Passei todo esse tempo sendo uma boa garota para não desconfiarem dos meus planos. Quando eu me recuperei, voltei a correr como fazia antes disso tudo. Fazia tempo que eu não corria, desde que começamos a construir aquela ponte eu não corri mais. Eu estou enferrujada, mas correr aqui serviu mais como um disfarce para eu observar as coisas e fingir que estou adaptada com o lugar.

  Eu comecei a trabalhar na engenharia do lugar, nada fabuloso como construir prédios e estádios. Na maioria das vezes eles me mandam ir consertar encanamentos e montar coisas, como móveis, brinquedos de praças e essas coisas bobas. Eles estão planejando fazer uma revisão na estrutura dos muros faz alguns meses e essa vai ser a minha chance de planejar melhor a minha fuga.

  Um homem tentou fugir nesses meses em que eu estou aqui, mas ele estava totalmente despreparado. Ele foi pego assim que conseguiu pular o muro e depois de uns dias ele sumiu, não sei o que fizeram com ele e acho que prefiro não saber. Não posso cometer o mesmo erro que ele, não posso ser pega.

  Anne, quer dizer, Jadis, não falou mais comigo, mas nos esbarramos algumas vezes pelas ruas e trocamos olhares amigos, ela parece bem aqui. Eu e Eve estamos mais próximas. Passamos a maior parte do tempo uma na casa da outra. Eu acho que confio nela. Observo a garota enquanto ela coloca o jaleco em seu corpo, ela fica linda com ele. Paro de babar em cima dela e vou fazer um coque no meu cabelo para poder ir trabalhar também.

—Ei– seu tom de voz é baixo e calmo– eu sei que o que temos aqui não passa de... Uma amizade diferente, sei que você ainda gosta deles e que ainda vai voltar para eles– ela diz um pouco insegura– mas eu quero que me leve com você, não tem nada para mim aqui.

—Não, vai ser perigoso– digo com firmeza– não sei nem se vou conseguir me manter viva, quanto mais manter você. 

—Eu sei me cuidar– ela diz se aproximando– prometa que você não vai me deixar aqui– ela segura a minha cintura– prometa!

—Eu prometo– digo vencida.

—Até mais tarde– ela me dá um selinho.

—Até– digo com um sorriso quando ela separa nossos lábios.

  O dia se arrasta até a tarde começar dar lugar a noite. Cuidei de algumas pias e fiz uma escada. Sou uma assistente, como a Eve disse que eu seria, mas eu acabo trabalhando mais do que os engenheiros chefes desse lugar. No fim da tarde eles resolvem fazer uma reunião. Torço para que seja para falar sobre a reforma nos muros e bingo, era sobre a reforma. Eles marcam ela para o mês que vem.

  Volto para a casa da Eve pronta para dar a notícia a ela e contar o meu plano. Quando eu entro em seu quarto, eu a vejo encolhida na cama com um corte na boca e os olhos chorosos. Mas que merda? Corro até a beira da cama e me ajoelho em sua frente. Eu sabia bem quem poderia ter feito aquilo. A raiva começa a tomar conta do meu corpo e minha visão começa a embaçar com as lágrimas presas em meus olhos.

—Quem fez isso com você?– minha voz vacila.

—Vai embora, Corinna– ela pede sem olhar em meus olhos.

  Eu sei para onde tenho que ir. Saio da casa pisando forte. Eu não deixaria que isso acontecesse de novo com mais uma pessoa que eu amo. Chego na casa do doutor e vejo que a porta da frente está destrancada. Babaca. Acha que está tão seguro nessa sua bolha de merda. Tento não fazer barulho, mas acho que a minha respiração descontrolada pode ser ouvida até em outra comunidade.

A Garota na Floresta | The Walking DeadWhere stories live. Discover now