·Capítulo 25·

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Pov Negan

...Um ano e cinco meses após a explosão da ponte


-Você está aqui, consciente de si mesmo- o padre caolho está na minha cela fazendo mais uma das suas merdas de terapia comigo- relaxe, não julgue a distração- ele continua enquanto eu ouço as crianças brincarem lá fora- aceite, considere e depois se solte, apenas deixe passar por você- o barulho que ele faz me irrita cada segundo mais- está tudo...

-Quer saber? Foda-se!- o interrompo antes que ele me deixe maluco- foda-se, a minha mente nunca esvazia mesmo- admito- normalmente eu fico pensando em coisas que deixariam você de cabelo em pé- jogo a minha bola de beisebol na parede e a vejo voltar- só que agora que você e a Rosita estão juntos, talvez eu esteja errado, digo, caramba!

-Eu quero entender por quê você faz isso- ele diz com calma- é claro que você quer ajuda, dá para ver você tentando.

-Talvez a gente já tenha feito todas as bostas que tinha que fazer- digo depois de dar uma risada- talvez não tenha mais que isso.

-Não sente que está tendo algum benefício nas nossas sessões?

-Bom, só serve para saber que uma semana passou, fora isso...- digo ainda brincando com a bola- não leve para o lado pessoal, Gabe- dou uma risada- eu sei que vocês não acharam o corpo dela e isso quer dizer que ainda tem chances dela estar viva- digo batendo a bola na parede e vendo ela voltar de novo- eu agradeço você ter vindo até aqui e ter me ajudado quando eu estava péssimo, mas agora eu tenho tudo o que eu preciso- continuo- essa bosta de bola aqui é tão boa quanto um videogame, eu adorava jogar para caralho quando os videogames ainda existiam.

-Aceitação é um primeiro passo importante, mas uma vida precisa ter significado...

-Sabe o que é engraçado nessa cela?- o interrompo antes que ele termine de falar mais uma besteira- as pessoas ficam lá fora de conversinha, parecem até que não se lembram que eu estou aqui e aí é que eu fico ouvindo as coisas boas- digo rindo- outro dia a Rosita estava falando pelos cotovelos- ele olha para mim e eu continuo jogando a bola- e ela falou umas coisas que você acharia muito interessante.

-Não preciso que me diga como a Rosita se sente sobre mim- ele responde calmo.

-E quem disse que ela estava falando de você?- paro de jogar a bola e olho em sua direção.

-Tentamos na próxima semana- ele finaliza a conversa.

-Fica a vontade, padre.

Me despeço e continuo brincando com a bola amarela enquanto vejo ele subir as escadas e sair da cela. Ouço alguém falar para ele no lado de fora que a Rosita está ferida, mas não ouço ele responder. O resto do dia passa arrastado como todos os outros. Eu já consigo jogar beisebol tanto com a mão direita quanto com a esquerda. Quando a tarde chega, um homem entra na minha cela e me algema nas grades, indicando que o padre viria limpar a minha merda.

-Então, eu li uma coisa fascinante outro dia- começo a falar quando o padre entra na minha cela- sabe o que é um cheiro? É quando as moléculas de odor ativam os neurônios nas fossas nasais- vejo ele largar o meu penico e ficar de pé- então toda vez que você vem aqui trocar o meu penico e sente o cheiro da minha merda, uma coisa que estava no meu rabo sobe pelo seu nariz.

-Cala a boca.

-Desculpa, eu nunca sei para qual olho eu tenho que olhar, é meio perturbador- digo mexendo meus pulsos desconfortáveis na algema.

-Cala essa boca- ele se vira com raiva na minha direção- uma vez na sua vida, cala essa maldita boca- ele anda até ficar na minha frente- fico tentando com você, tento descobrir o que tem por baixo disso tudo, porque eu acho que se eu for bem fundo eu vou achar uma pessoa, alguém que eu posso ajudar- ele fala com raiva- mas nunca acho, só o que acho é mais...- ele não termina a frase e sai da minha frente.

A Garota na Floresta | The Walking DeadWhere stories live. Discover now