·Capítulo 9·

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Aviso de gatilho: violência doméstica



Pov Corinna

...Nove dias após o encontro com o rabugento

...Sete dias sem ver o cara do Charger


—Garota você está aí?

—É o Daryl, responde.

—Acabou, nós ganhamos.

  Ouço o rádio ecoar pela casa quando eu pego a pá que está pendurada na parede da sala. Daryl. Então o nome dele é Daryl. Deixo um sorriso fino moldar meus lábios. Em meio a esse monte de merda, saber que ele estava bem e que eles tinham ganhado era como uma brisa fresca em meio ao inferno quente. Mas eu não posso parar e responder ele agora, eu preciso continuar.

  Saio da casa e as gotas grossas da chuva voltam a envolver o meu corpo. Olho para o celeiro e vejo o grande animal preto deitado sobre a manta que eu usaria para arrastá-lo. Aquilo não podia ser real, eu queria acordar, mas os pingos pesados da chuva batendo na minha pele exposta e fazendo ela arder mostram que tudo é muito real. As lágrimas quentes se misturam o frio que a tempestade traz para a minha pele.

  Vou até a árvore onde enterrei a minha mãe e começo a abrir uma cova ao lado da sua. Quantas vezes eu teria que fazer aquilo? Eu teria que fazer para o Daryl algum dia? Onde o cara do Charger está? Será que ele morreu também? Espero que ele esteja bem. Não sei quanto tempo eu levo cavando o buraco, mas a chuva deixava a terra molhada e dificultava tudo. Meus braços doíam e tremiam, quando eu já estava quase terminando de cavar, eu ouço um grito do lado de fora do portão:

—Garota!– era a voz dele, ele bate e balança o portão– garota!– o que aconteceu? Por que ele está desesperado assim?

  Tento limpar a minha mão suja de terra minha camisa branca e vou até o portão. Quando eu afasto o ferro que o tranca e abro a porta, vejo um rabugento desesperado, molhado e ofegante do outro lado. Sua expressão se suaviza quando seus olhos encontram os meus e então ele começa a analisar o meu corpo preocupado com algo.

Pov Daryl


—Está ferida?– analiso o seu corpo com os olhos– aconteceu algo?

—Não– ela nega, mas eu sei que tem algo errado.

—É que você não atendeu o rádio...– começo a explicar, mas me perco nas palavras quando percebo que ela está suja de terra. O que ela estava fazendo mexendo com terra nessa chuva?

—Eu escutei você me chamar– ela começa quando vê que eu não termino de falar e puxa a minha atenção de novo para seu rosto– mas eu tinha que abrir a cova logo, desculpa– sua voz sai embargada e só então eu noto que seus olhos estavam um pouco inchados e vermelhos, assim como seu nariz. Ela havia chorado.

—Cova?– é a única coisa que sai da minha boca– que cova?

—A Lilith...– ela demora uns segundos antes de continuar– ...ela morreu– mesmo em meio a chuva vejo seus olhos começarem a embaçar com lágrimas– ela já estava velha, um dia isso tinha que acontecer.

  Ela cruza os braços e abaixa a cabeça, tentando se consolar com as próprias palavras. Involuntariamente meu corpo dá um passo para frente e abraça o seu corpo pequeno. Ela está gelada e tremendo. Eu ergo seu rosto para que ela me olhe, os pingos da chuva escorrem pela sua pele branca e colam alguns fios negros de seu cabelo em seu rosto.

A Garota na Floresta | The Walking DeadWhere stories live. Discover now