·Capítulo 24·

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Pov Eugene

...Um mês após a explosão da ponte


  Acerto os zumbis presos na lama da margem do rio com a minha faca. Largo a faca no chão quando vejo algo reluzir meio enterrado na lama. Passo os meus dedos por cima da superfície do objeto para tirar a sujeira que o cobre e deixo um sorriso de canto escapar ao ver o que é. É a faca que Corinna usava, a faca que era da nossa mãe. Guardo a faca no meu coldre e continuo andando pela margem até ouvir um pigarrear atrás de mim.

—E aí?– Daryl pergunta descendo até onde estou– ela não está por aqui– ele não desistiu nem por um minuto de procurar pela minha irmã– eu já fui até a praia e voltei, não tem nada para lá também– entendo por quê ela gostava dele.

—Você está bem?– desde tudo o que aconteceu, nós nos aproximamos. Experiências assim unem até pessoas completamente opostas como nós– a menina Grimes tem perguntado por você, faz semanas que você não volta para Alexandria.

—Eu vou voltar– ele balança a cabeça concordando e olha para o chão– quando achar alguma coisa.

—As chances de acharmos ela depois de tantos dias são muito baixas, tão baixas que eu nem consigo calcular.

—Vou ficar sozinho aqui fora um tempo– ele olha em meus olhos– eu vou achar.

—Não precisa fazer isso– nego com sinceridade.

—Eu não vou parar de procurar, nunca– ele termina e vira as costas para sair.

—Daryl– o chamo– isso era dela, acho que você sabe– estendo a faca e o homem volta na minha direção– ela adorava essa faca, era da nossa mãe– o homem pega a faca da minha mão.

—Eu sei– ele diz limpando o objeto.

—Ela gostava de você, acho que ela gostaria que você ficasse com isso– digo e o homem me dá um aceno de cabeça– você vai ficar bem sozinho?– ele balança a cabeça e sai me deixando aqui sozinho.

Pov Daryl

...Um ano e cinco meses após a explosão da ponte


  Acordo com a luz do sol entrando pelos buracos da minha barraca. Me levanto sem enrolar muito e caminho até o rio para pegar algum peixe. Miro a minha lança improvisada e acerto um peixe. Ouço um grunhido atrás de mim, me viro e vejo um morto tentando me alcançar dentro do rio. Quebro a madeira da minha lança em duas partes, com uma delas eu acerto o peito do zumbi para segurar ele no lugar e com a outra parte eu acerto a sua cabeça.

  Saio dali sem o peixe e sem a lança. Pego a minha besta que eu havia deixado na margem e vou atrás de algumas madeiras para fazer a fogueira. Começo a voltar para a floresta e ouço o som de uma carroça. É Carol. Ela para a carroça quando me vê e me lança um olhar surpreso.

—Oi, estranho– ela abre um sorriso e eu retribuo– quer uma carona?

  Subo na carroça velha e Henry fica o caminho inteiro fazendo perguntas para Carol. O que é bom, não sei se quero ter qualquer conversa agora com alguém. Chegamos na minha barraca e, ao invés de seguirem o seu caminho, eles descem da carroça também, me causando certo desconforto. Ando na frente e eles caminham atrás de mim.

—Cuidado, tem armadilha em todo lado– ouço Carol dizer para Henry– não concertou o barco desde a última vez?– ela aponta para a jangada improvisada onde eu durmo. Dessa vez a pergunta é para mim, mas não faço questão de responder.

—Bom cachorro– faço um carinho em sua cabeça ao ver que ele me trouxe uma mão de zumbi. Guardo o pedaço podre de carne para poder jogar ela na fogueira e disfarçar nosso cheiro.

A Garota na Floresta | The Walking DeadWhere stories live. Discover now