Capítulo XIII

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Durante as horas seguintes fiquei entregue ao tédio, além de ver séries e ler, não podia sair de casa... Não sabia como era bom ter liberdade até a perder. Perguntava-me como tudo seria se não me tivesse cruzado com o senhor Jeon, o que seria de mim e como é que estava a recuperar do valente tombo depois da falência da empresa. Provavelmente ainda viveria no mesmo sítio, tinha encontrado outro emprego e agora estava a conseguir pagar as contas sem grandes preocupações. Ou talvez não, talvez continuasse com problemas financeiros. Mas o dinheiro torna-se secundário quando se fala de algo tão básico como ser livre.

Algures no meio da tarde recebi uma mensagem do Jin, uma mensagem que me aqueceu o coração num momento de profunda solidão. A mensagem era tão simples, contudo era o ombro amigo virtual de que precisava: "Jimin, sempre que precisares estou aqui." E eu acreditava as palavras serem verdadeiras. Sem conseguir aguentar estar mais um minuto dentro de casa, decidi tentar falar com os seguranças e convencer os brutamontes a ir dar um passeio. A resposta deles foi um "O senhor Jeon não deu permissão". Eu mandei a permissão ir com as couves e saltei o muro da vedação junto da piscina. O meu truque para distrair foi muito simples: fingir estar a despir todas as peças de roupa e saltar pelo muro. Além de ganhar mais alguns arranhões e de quase partir um braço, fui logo apanhado e arrastado até ao meu quarto como se fosse um saco de batatas. Claro que fugir não podia ser tão simples! A mensagem que recebi do senhor Jeon foi o gatilho para o pânico geral.

"Meu querido, já sei que tentaste fugir... Quando chegar a casa falamos sobre o teu castigo. Começa a pensar no pedido de desculpas."

Escusado que fiquei desesperado durante as duas horas de espera, que se seguiram. Fiquei no meu quarto o resto do tempo, na esperança de isso me ajudar, porém a fúria do senhor Jeon foi a mesma. Assim que o vi entrar, percebi que tinha escolhido o pior dia para uma tentativa de fuga.

- Park Jimin. - Ouvir o meu nome ser dito de uma forma tão firme só me fez tremer mais, com uma vontade de roer as unhas até não ter mais o que roer. Ainda que a coragem de o encarar de frente se tivesse evaporado, sabia que só faltava soltar fumo pelas orelhas e nariz. - Olha como estás!

E lá estava ele aos berros, a coisa que mais odiava no mundo. Fechei os olhos com força, a tentar não chorar. Esperava mais berros e uma grande cena, não um aproximar-se para ver o estado das minhas feridas. Mexia no meu braço com gentileza, a olhar para os pequenos golpes deferidos pelos galhos das árvores. Finalmente tive coragem de olhar de frente. Examinava com atenção as minhas feridas, esquecida toda a raiva por causa da minha quase fuga.

- Se me deixasse voltar para casa nada disto aconteceria. - O olhar manso transformou-se logo. - Eu só quero a minha liberdade de volta.

- Vamos primeiro desinfectar as feridas, depois falamos sobre o teu castigo. - Mais uma vez eu não era nenhuma criança! Era o que queria dizer, mas que não tinha coragem. Deixei que tratasse de desinfectar as minhas feridas, sentando-me na cama quieto. Durante todo o tempo foi gentil... - O que é que eu tinha dito sobre tentar fugir?

- Desculpe... - Pedir desculpas era o mais sensato, não me queria enterrar mais ainda. - Não volta a acontecer.

- Eu mesmo irei certificar-me que não volta a acontecer. - Sem qualquer dificuldade, deitou-me no se colo. Ainda tentei levantar-me, porém foi sem grande sucesso. Assim que uma palmada foi deferida com alguma força, entendi o que o senhor Jeon queria dizer com castigo. Depois da primeira palmada, massajou a zona antes de dar outra palmada. Soltei um pequeno guincho de surpresa. - Quieto, Jimin. O teu castigo vão ser dez palmadas. Se não te comportares, passam a ser 20.

- Mas eu não sou nenhuma criança

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- Mas eu não sou nenhuma criança... - Se estava a fazer beicinho? Estava e não era pequeno. Antes de ter tempo de recuperar da primeira palmada, as outras dez foram deferidas num ritmo constante e de intensidade crescente. No fim, não queria admitir mas estava com as faces a arderem de vergonha, o meu corpo parecia queimar de prazer, como se tivesse gostado da pequena dose de dor. Uma ereção crescia nas minhas calças, piorando o facto de o senhor Jeon estar agora a massajar os meus glúteos e pernas. Trinquei o lábio, numa tentativa de soltar sons que não queria. Porém, não era só eu que estava excitado, conseguia sentir debaixo da minha barriga a sua ereção formar-se. - Desculpe.

- Tudo bem, agora estás perdoado. Não voltas a tentar fugir.

- Não posso prometer algo que não sei se vou cumprir. - O Senhor Jeon endireitou-me no seu colo, acariciando o meu rosto com uma grande carranca. Tive que me agarrar aos seus ombros, à procura de maior estabilidade. - Por que é que não me pode deixar ir?

- Porque és meu agora.

- Eu sou de mim próprio, devia de aprender a respeitar mais as liberdades dos outros. Cada pessoa é de si mesma, com direito a fazer escolhas e a ser como é. Pode largar-me?

- Não... - Apenas pôs-me mais confortável no seu colo, as mãos a escaparem para a minha bunda. Escondi o rosto no seu pescoço, incapaz de dizer fosse o que fosse. O senhor Jeon deixava-me confuso, sem saber o que achar dos meus sentimentos que cresciam como erva daninha no meu coração. Eu não queria sentir paixão... - Não volte a tentar fugir de mim, olhe como ficou.

O seu tom era calmo e manso, atirando-me para uma sensação de bem estar, quase sem escutar com atenção as suas palavras. Uma das suas mãos foi deslizando até à minha cintura, onde lá ficou. Mais do que nunca, conseguia sentir como o senhor Jeon estava excitado. O seu membro duro e de tamanho mais do que assustador, cutucava a minha bunda.

- Como é que ficou a situação do Presidente Cha?

- Os meus advogados estão a tratar de tudo, não te preocupes. - Detestava a sensação de impotência, era como se eu fosse agora um mero objecto decorativo e para exposição. Levantei-me de imediato, ofendido com as suas palavras e falta de consideração. Eu era capaz de resolver os meus próprios problemas. - Não comeces.

- Eu não começo, nem acabo. Você não me deixa fazer rigorosamente nada. Se fosse pela sua vontade, a esta hora estava sentado no sofá à espera que regressasse do seu "trabalho" - Fiz o sinal de aspas com os dedos, a gesticular bastante por conta dos nervos. - Eu era muito mais feliz quando não o tinha na minha vida!

- Jimin, isso não é verdade. Medeia o tom, os meus empregados não precisam de te ouvir aos berros. - Pois claro que o importante era os seus empregados ouvirem-me falar mais alto! Virei as costas para respirar fundo... - Eu não quero que deixes de trabalhar, só peço que não tentes fugir de novo. Sobre o Presidente Cha, ele é um homem com muita experiência de vida e que sabe contornar a lei. Não duvido que sejas inteligente e capaz, mas assuntos legais devem ser advogados a tratar. Eu ofereço o serviço dos meus.

- Eu posso trabalhar mas tem de ser onde escolheu, com pessoas que conhece e confia... - Para o seu habitual, estava demasiado calmo. A forma como me puxou para me abraçar e beijar a testa deixou-me sem saber o que dizer ou fazer, além de retribuir o abraço. Na verdade, deitei tudo cá para fora e algumas lágrimas escorreram. Aquelas lágrimas estavam a lavar a minha alma. - O que é que eu tenho assim de tão especial?

- O amor não escolhe género, idades ou cor... O amor é o que mais libertino temos dentro de nós. Quando eu olhei para ti, soube que te podia amar para a vida toda. Todos temos algo especial. Eu só peço que perdoes a forma como eu demonstro amar. Não sou o teu príncipe encantado, mas posso melhorar-me. Eu vivo num meio onde sangue é derramado todos os dias, de grande violência.

- Mas não tem de ser assim comigo.

Infelizmente, o seu telemóvel tocou antes de acabarmos de conversar. Tinha de resolver um problema com um devedor antigo resistente... Soube que iria chegar tarde a casa, que muito provavelmente viria sangue manchado no colarinho da camisa. Acabei por jantar sozinho, a ver uma série. Tentei esperar que chegasse para ir dormir, porém o cansaço venceu depois de estar à conversa com o Taehyung. Ele estava completamente apaixonado pelo tal Yoongi e Hoseok. Como seu amigo, a única coisa que podia fazer era apoiar.

Dangerous LoveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora