Capítulo VIII

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A história que o senhor Jeon me contou deixou-me a manhã toda distraído, a pensar no quanto devia de ter sofrido. Como seria se tivesse tido outras circunstâncias e crescido noutro ambiente e numa outra família? Seriam perguntas para as quais apenas podia imaginar uma resposta. Entretanto, sentia-me grato por ter os pais que tinha. 

- Jimin, o que se passa, querido? - Fui tirado dos meus pensamentos constantemente fixos numa única pessoa, pela responsável da biblioteca, uma senhora de certa idade e doce. - Nunca te vi com um ar tão preocupado. 

- Senhora Min, o que faria se sentisse algo especial por alguém... Que vai contra tudo o que é aceitável? Um sentimento proibido.

- Estamos a falar do senhor Jeon? 

- Como é que sabe que é ele? 

- Eu conheço o Jungkook há muitos anos e sei que ficaste assim depois dele se ter ido embora. Eu sei das suas actividades, todos aqui, nesta zona, sabem. A própria polícia desconfia da máfia dele e nada pode fazer, porque não têm provas. Querido, aquele menino é mais do que um sentimento proibido, só é proibido se assim o considerarmos.

Sim, tudo o que dizia até podia ser verdade, mas ainda assim não conseguia confiar totalmente num homem capaz de tantas atrocidades e maldades. Ouvir a história dele tinha sido importante, assim como ouvir a opinião da senhora Min, mas conseguiria passar por cima dos meus valores? Ao vê-lo encostado, à minha espera, decidi que iria dar o benefício da dúvida. Em todos existe bondade e amabilidade.

- Obrigado por tudo! Até já! 

Deixei-me levar pelas palavras da senhora Min e fui com o tão temível Jeon Jungkook.

- Senhor Jeon... Vamos almoçar? 

- Estás entusiasmado. Quero ver-te sempre assim, a sorrir para mim. Diz-me Jimin, o que queres almoçar, amor? 

- Não me chame de amor, caso contrário irei almoçar sozinho. Talvez Italiano? - Perguntei com um pouco menos de paciência, eu estava a dar uma oportunidade e um dedo não o braço inteiro. - Está a sorrir.

- Estou feliz, Jimin, porque ver-te feliz, fez-me também feliz. Queria que fosse assim no futuro, talvez um beijo na face? - Apontou para a sua bochecha, desta vez com um sorriso torto. - Estás agora a corar. 

- Talvez numa próxima vez.

- Tudo bem, vamos devagar. Anda, quero-te para mim e só para mim na próxima hora. Gostava de te levar até minha casa, a minha cozinheira é óptima. - Nem tinha reparado, mas estávamos de mãos dadas, a caminho do seu carro estacionado mais à frente. Olhei para os nossos dedos entrelaçados, fiquei a pensar como se encaixavam na perfeição. Seria assim tão proibido? - No que estás a pensar? 

- Senhor Jeon, posso perguntar-lhe se não tivesse seguido este estilo de vida, o que seria? 

- Seria cantor. 

- Tem ainda futuro. Aquela música... A mais bonita que ouvi. Vi o seu coração e alma nela, por favor, fique assim. Deixe-me viver nesta bolha para sempre. 

- Amor, isso é uma luz verde? - Teve que largar a minha mão para entrarmos no carro, a estrada sem grande trânsito. Porém, não arrancámos logo. - Jimin... É uma luz verde? Eu ouvi bem? 

- Eu não o amo ainda, mas não vou mentir e dizer que me é indiferente. Eu estou disposto a conhecê-lo mais e ver quem é realmente. Quero que seja honesto, como de manhã. Sabe que não concordo com o seu estilo de vida, mas não acho que o possa definir apenas assim. Não me faça arrepender da minha decisão. Não é uma luz verde, é uma luz laranja.

Dangerous LoveWhere stories live. Discover now