Capítulo 29

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Uma hora depois já estávamos no Granny's comemorando. Minha mãe proibiu qualquer pessoa de chegar perto de mim para me fazer qualquer tipo de pergunta sobre a minha vida ou meus planos ou qualquer outra coisa que lembrasse tudo o que havia acabado de acontecer. Ela disse que aquele momento era para comemorações e relaxamento e que depois eu poderia servir de centro das atenções de quem eu quisesse. Ela já havia me abraçado trinta e quatro vezes e me beijado vinte e sete. Sim, eu contei. Nossa mesa estava inacreditavelmente enorme. Estávamos todos sentados nos bancos e nas cadeiras formando um círculo. E quando digo "todos" quero dizer eu, minha mãe, Henry, Emma, Mary Margaret, David, Hook e Ruby esmagados uns nos outros para cabermos todos ali, sem contar Roland que estava extremamente contente no meu colo brincando com uma bolinha de energia inofensiva que eu conjurara para ele. Meu pai conversava com seus homens do lado de fora, provavelmente pensando em uma maneira de reconstruir e consertar o que Zelena, Henry e eu havíamos quebrado durante o confronto.

Como em algum momento teríamos que conversar sobre alguns pontos bastante importantes (como por exemplo, dar um jeito de fazer meu pai se lembrar de quando eles estavam juntos no passado), Regina não ficou contrariada nem brava quando Rumpelstiltskin se aproximou de nossa mesa e disse:

- Posso me sentar também? – assim que pegamos uma cadeira para ele (realmente não tinha mais espaço), Rumple prosseguiu, se dirigindo. – Bela está ajudando Granny e eu gostaria de conversar com você... se Regina permitir, é claro.

Minha mãe sorriu e acenou com a cabeça, mas antes que Rumpelstiltskin pudesse fazer qualquer comentário ou começar sua bateria de perguntas, ela achou que seria uma ótima ideia deixar claro que se ele falasse qualquer coisa que me fizesse chorar ou me magoasse de qualquer forma ela o faria ajudar Granny junto com Bela. Não faço ideia se ele pensava em me machucar com suas palavras, só sei que ele pareceu entender bem o recado e até arregalou os olhos, demonstrando a insatisfação no caso de Regina cumprir sua promessa.

- Ok. É justo. – ele sorriu para ela e depois para mim – Eu sei o porquê eu tomei a poção de esquecimento junto com a Regina.

- Você... você se lembra? – me precipitei para frente, empolgada.

- Não. – ele negou fazendo um gesto com a cabeça. – Mas eu não preciso me lembrar. Eu tenho plena certeza do porquê eu faria isso. – todos ficamos esperando por sua explicação. – Não importa o que eu tenha dito para a Regina na época... e eu provavelmente disse qualquer coisa que me veio na cabeça na hora... mas a verdade é que eu só teria um motivo para beber aquela poção: eu mesmo. Eu acho que melhorei pelo menos um pouco durante os anos, principalmente por conta da Bela... – ele desviou o olhar para o balcão e encarou Bela com um semblante carinhoso - ...mas naquele tempo eu ainda era... extremamente... egoísta. E isso quer dizer que eu bebi aquela poção para me esquecer de Blanck porque eu pensava nela como sendo minha possível salvação.

As pessoas não entenderam o que ele quis dizer, mas eu sim. Não fiquei chateada com ele, eu o entendi. Eu passei a vida inteira procurando maneiras de salvar e me aproximar da minha mãe e ele passou a vida inteira tentando achar o filho. Acho que eu poderia ser considerada uma das pessoas que mais o compreendia. Olhei para baixo antes de sorrir e responder que lamentava ter chegado atrasada, mas que ficava feliz que Emma tinha dado conta do recado na minha ausência. O restante da mesa continuou sem entender, então eu mesma expliquei. Rumpelstiltskin sabia que um dia eu iria atrás da minha mãe, sabia que eu tentaria salvá-la e fazer com que voltasse a ser boa de qualquer maneira que me fosse possível. Ele sabia que Alma era alguém confiável o suficiente para, além de me criar com amor e segurança e nunca aparecer comigo no castelo contando a verdade a todos, ela também me contaria a verdade sobre minha origem e o sacrifício que minha mãe fez por mim. O que com certeza me levaria a amá-la e dedicar minha vida a ela. Era algo obvio para mim e para Rumpelstiltskin, mas para o restante que nos ouvia, não era tão obvio assim. Rumpel e eu nos entendíamos bem nessa parte.

Blanck - Uma lembrança de amor em meio às trevasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora