Capítulo 25

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Dois segundos atrás eu era uma pessoa determinada a acabar com Zelena de qualquer forma e ao custo da minha própria vida. Naquele momento eu era uma pessoa determinada a acabar com Zelena de qualquer forma e ao custo da minha própria vida e... com todos os meus poderes restabelecidos e fortes como sempre foram. Sem contar que agora eu poderia atacá-la por estar com o coração da minha mãe dentro de mim. Eu nem ao menos havia pensado na possibilidade de Henry me devolver a parte de minha mágica que estava com ele, mas obviamente ele e Ruby tinham pensado sobre isso e arquitetado como tudo seria feito. E o momento não poderia ter sido mais apropriado.

Zelena arregalou os olhos e, enfurecida, começou uma concentração que eu sabia para o que seria. Até aquele momento ela deveria estar me lançando feitiços e maldições de nível médio, não tão dolorosas, com exceção do último campo de força que me presenteou com um lindo corte na barriga e vários buracos por todo o meu corpo. Mas naquele momento tive certeza de que ela estava reunindo todos os seus poderes para me atacar com tudo o que tinha. Ela só não sabia que eu também não a atacara com tudo o que tinha e a julgar pelo susto que tomou ao ser atingida pelo próprio campo de força, que eu retirei de mim e lancei nela, eu estava na vantagem, pois seus poderes não estavam completos e acessíveis a ela em um nível tão avançado como ela estava acostumada.

Minha tia me olhava de um jeito que, se eu não estivesse ali para arrancar seus poderes, provavelmente sairiam correndo de pavor. Aquela cara assustaria qualquer criança, adolescente, adulto ou idoso e eu não tinha muita certeza em qual dessas categorias eu me encaixava. Só tinha certeza de que aquela cara era bastante assustadora. Mas como eu estava feliz demais para reparar no medo que aquilo me causaria, eu simplesmente olhei-a nos olhos e perguntei:

- Então... está preparada, Zelena?

- Preparada para quê? – ela vociferou.

- Para ver o que o coração de uma mãe pode fazer dentro do corpo de uma das bruxas mais poderosas que já nasceram e que, por acaso, é fruto do amor verdadeiro. – dei uma leve pausa de um segundo e debochei – O que é algo que você nunca vai saber o que é.

Não sei se foi toda a situação ou minhas últimas palavras ou quem sabe a minha petulância em dizer e fazer tudo aquilo, só sei que ela explodiu. E quando digo explosão quero dizer que ela me jogara tudo o que podia de poder: magias negras, feitiços poderosos, maldições ainda mais poderosas e das trevas, enfim, o que aquela verdinha tinha de ruim ela mandou para cima de mim em uma enorme onda de fumaça verde. Segurei com uma onda de fumaça branca, que não era assim não grossa como a dela, mas eu tinha certeza de que a espessura da minha fumaça não era um problema, pois eu estava segurando a onda dela com facilidade. Mas eu não deixaria que ela percebesse isso de jeito nenhum, então apresentei meu melhor semblante de dificuldade e esforço e assim permaneci durante pouco mais de dez segundos, enquanto ela continuava a empurrar mais e mais sua fumaça verde para cima de mim.

A cidade inteira assistia a fumaça dela crescendo e avançando através da minha, como se estivesse me encurralando, me envolvendo e eu sabia que cada centímetro que ela conseguia, a cada centímetro que eu perdia, era um esforço maior que ela fazia, uma energia a mais gasta que lhe custaria tudo o que ela mais queria e planejara na vida. O sorriso que se instalara no rosto de Zelena seria substituído por uma expressão mais do que triste, decepcionada, frustrada e até mesmo aterrorizada por uma perda que ela nem ao menos esperava. Eu podia sentir que Zelena já contava com aquela vitória simples e fácil e nem imaginava o que estava por vir quando eu respirei fundo e, perversamente, abri um sorriso imenso:

- Cansou de brincar, criança? – eu repeti o que ela havia dito a Henry pouco tempo atrás, segundos antes de eu entrar em cena.

- Do que você está falando? – ela não entendeu e nem se abalou.

Blanck - Uma lembrança de amor em meio às trevasWhere stories live. Discover now