Coma

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                     Pv Camila Cabello

    Meus pais ainda brigavam na sala, enquanto Shawn fazia um carinho em meus cabelos. Depois que me pai expulsou Lorenzo, meu irmão me levou até meu quarto. Logo depois Lorenzo me ligou e garantiu que lutaria por nós, prometeu não me abandonar. E eu confiava nele.

Sinu: Já parou pra pensar que estava fazendo a mesma coisa que meu pai fez a 25 anos atrás – minha mãe estava gritando, se ela estava assim era sinal que estava muito irritada – Você se lembra bem não é, o que aconteceu, você se lembra o quanto sofremos. Quer que nossa filha sofra também.

Alejandro: Claro que não.

Sinu: O destino nos uniu outra vez Alejandro, temos nossa família agora, felizes, juntos. Porque você não deixa ela ser feliz, quer que ela te despreze da mesma forma que eu desprezei meu próprio pai durante anos – eu já havia sabia dessa história.

    Há 25 anos atrás em Cojimar, Cuba, meus pais namoravam, eram felizes, até que minha mãe ficou grávida. Meu avô pirou, mandou minha mãe para o México para uma fazenda afastada com umas tias dela. Mama entrou em depressão e acabou perdendo o bebê. Depois de algum tempo se mudou para Londres para estudar na Universidade de Oxford, e foi nessa época que conheceu a Clara, e foi lá que alguns anos mais tarde se reencontrou com meu pai, que estava casado com Sarah, que já estava grávida do Shawn.

    Minha mãe ficou muito magoada, ela tinha ficado esses anos todos esperando meu pai e agora ele já tinha até outra família. Ela o evitou por algum tempo até que conversaram. Meu pai contou a ela que meu avô tinha procurado por ele dizendo que minha mãe tinha se mudado para Londres e que ela tinha tirado o bebê. Ele ficou muito triste e magoado e resolveu ir embora pra Los Angeles, lá ele conheceu Sarah, se envolveram e ela acabou engravidado também, e para não cometer o mesmo erro se casou logo com ela, mas não deram certo, não se amavam, não como homem e mulher e sim como amigos.

    Como Sarah também já havia conhecido Henrique e estavam apaixonados, o divórcio foi amigável. Minha mãe demorou um tempo até aceitar toda história, e depois finalmente se acertou com meu pai. Se casaram na igreja e tudo.

    Essa história trazia tanta dor a eles. A perda do bebê, o fato de ficaram afastados tantos anos. E meu avô quase morreu sem o perdão de minha mãe, que guardava muita mágoa dele.
Alejandro: Eu quero o melhor pra ela, Sinu – ele agora chorava – Só o melhor.

Sinu: Ela o ama, e ele também – ela fez uma pausa – Sabe que ele poderia ter reagido não é, ele poderia ter batido me você de volta, como você fez com ele sem pesar nenhum, mas ele não fez por respeito...

Alejandro: Ele não respeitou nossa filha, ele se aproveitou dela.

Sinu: Da mesma forma que você se aproveitou de mim?

Alejandro: Eu não fiz isso, foi por amor, você se entregou a mim por amor, eu te amava, e te amo...
Sinu: Da mesma forma que eles também.

    Aos poucos meu pai parecia ir cedendo, se acalmando. Então o telefone fixo tocou. Foi alguns segundos de silêncio, até que minha mãe explodiu de novo.

Sinu: Olha só o que você fez, o que você fez, ela nunca vai te perdoar Alejandro, ninca – eu me levantei, eu precisava saber o que estava acontecendo.

Shawn: Mila, fica calma, por favor, pensa no bebê – ele segurou minha mão.

Camila: Aconteceu alguma coisa Shawn, eu preciso saber o que é – não esperei mais nada pra ir até a sala, encontrei meu pai ajoelhado no chão, chorando com as mãos na cabeça, em sua frente minha mãe também com os olhos cheios de lágrimas.
Sinu: Kaki.

Camila: O que está acontecendo, mama – minha voz quase não saia.

Alejandro: Me perdoa mi hija, não pensei que isso poderia acontecer, me perdoa – ele se aproximou de mim ainda ajoelhado.

Camila: Me conta, o que houve? – pedi olhando pra ele desesperada.

Sinu: Kaki, senta aqui, você precisa se acalmar primeiro, tudo bem – pediu me ajudando a me sentar no sofá – Lorenzo estava indo embora, um caminhão bateu no carro dele – Não ouvi mais nada, não podia ter acontecido nada com ele, tinha me prometido ficar comigo pra sempre. Não vi mais nada também, tudo desapareceu.

                       (...)

    Ouvi um bip ao longe, abri meus olhos devagar, eu estava em um quarto branco. O que eu estava fazendo ali?

    As lembranças aos poucos me vieram. A discussão do meu pai com Lorenzo. Meus pais discutindo e o pior, Lorenzo havia sofrido um acidente. Tentei me levantar, uma pequena dor em meu ventre me fez recuar. Meu Deus, será que... não, não podia ser, não podia ter perdido meu bebê. Não podia, meu bebezinho.

Sinu: Se acalma filha – minha mãe veio me abraçar.

Camila: Mama, meu bebê? – perguntei com medo da resposta.
Sinu: Ele está bem, ainda está forte aqui – tocou meu ventre.

Camila: E o Lorenzo mãe, cadê o meu amor? – perguntei com os olhos cheios de lágrimas e meu coração apertado.
Sinu: Hija, ele está na UTI, seu estado ainda é delicado, induziam o coma por causa das fraturas.

    Saber que ele estava vivo, me dava um alívio muito grande, mas ele ainda corria risco de vida. Eu ainda podia perde-lo e eu não suportaria isso.

    O médico me liberou, mas eu não fui embora, fiquei no hospital. Lorenzo estava internado no mesmo hospital que meus pais me trouxeram.

    Meu pai tentou conversar comigo, mas eu não conseguia, aquilo tudo que estava acontecendo era culpa dele, culpa da sua ignorância.

    Na sala de espera, Clara estava agarrada a Mike, que tinha seus olhos vermelhos e vagos. Taylor dormia em uma poltrona, enquanto Chris estava perto do bebedouro.

Chris: Mila, você tá bem? E o bebê? – ele veio pra perto de mim, me puxando para um abraço, eu não resisti e comecei a chorar mais – Não se preocupa, o Enzo é forte, vai sair dessa, e enquanto isso eu vou cuidar de vocês.

    Olhei para o garoto na minha frente, me olhava com uma expressão sofrida, ele era tão apegado ao irmão, estava sofrendo muito também e estava ali tentando ser forte.

Chris: O bebê está bem Chris, ele é forte igual ao pai – falei não segurando o choro outra vez.

    Meu cunhado me ajudou a sentar do lado da minha sogra, que logo me recebeu com um abraço acolhedor. Fiquei ali durante um bom tempo com ela, até minha mãe me chamar até o refeitório do hospital para comer alguma coisa. Eu não queria ir, estava sem vontade de comer, mas tinha que me alimentar, por causa do meu filho.

    Assim que voltei para a sala de espera, notei que todos meus amigos estão ali também. Dinah me puxou para um abraço.

Dr: Parentes de Lorenzo Jauregui – um médico loiro, alto veio com uma prancheta na mão.

Mike: Somos nós – ele se levantou rapidamente.

Dr: Eu sou Kevin Smith, sou responsável pelo paciente, o senhor é o que dele? E vocês todos são parentes do paciente? – perguntou olhando para nós.

Mike: Sou o pai dele, e eles são a família e os amigos dele – ele se apresentou – O senhor pode nos informar como meu filho está? A horas estamos aguardando notícias e nada.

Dr. Kevin: Sim  eu tenho notícias sobre o paciente – olhou a prancheta – O quadro dele é estável agora, ele teve algumas fraturas, teve um leve traumatismo, e sofreu uma parada cardiorrespiratória no caminho por causa das lesões, então decidimos induzir o coma, para a recuperação, mas hoje mesmo já vamos diminuir as medicações para ver como ele vai reagir.

Camila: Eu quero ver ele, preciso ver meu amor – eu estava nervosa já.

Dr. Kevin: Ainda estamos em visitas, vou autorizar a entrada de vocês, mas ser a de dois em dois, e por favor, não façam muito barulho.

    Seguimos as instruções do médico. Todos foram em duplas e não fizeram barulho como o médico pediu, o que foi um milagre, por aquele tanto de gente, mas deu tudo certo. Eu queria ir logo, mas deixei todos irem primeiro pra me controlar um pouco. Clara iria comigo.

    Dinah e Chris foram os últimos, minha amiga estava com os olhos cheios de lágrimas assim que passou por mim, não me disse nada só me abraçou e me deu um beijo na testa e se foi.

Clara: Meu pequeno urso – ela já entrou no quarto chorando, logo se jogou ao lado da cama onde ele estava, segurando sua mão.

    Eu paralisou na porta, meu branquelo estava muito machucado, havia alguns tubos em seu rosto e alguns fios ligados ao seu corpo. Minhas pernas cederam, mas senti alguém me segurando.

Clara: Mila, se acalme, ele vai ficar bem, vai ficar bem – ela repetia aquilo mais pra ela do que para mim.

Camila: Acorda amor – pedi quando me aproximei pegando suas mãos mais pálidas do que costumavam ser – Eu preciso de você, nosso filho precisa de você.

Clara: É meu pequeno urso, você tem que acordar logo, pra se o papai urso que você também queria ser – Clara passou a mão nos cabelos dele que agora estavam cortados.

Camila: O cabelo dele – reclamei. O médico explicou que foi preciso para a cirurgia que tiveram que fazer para controlarem a hemorragia por causa do traumatismo.

                    (...)

    Uma semana.

    Uma semana que meu amor dormia sem previsão de acordar. Os médicos disseram que só restavam esperar, já que já tinham tirado os medicamentos.

    Uma semana que eu não ia para escola, não conseguia me concentrar em nada, só queria ficar ali do lado dele, até ele acordar.

    Uma semana que eu não conversavam com meu pai. Eu ando queria sentir isso, mas não conseguia olhar pra ele sem culpa-lo por tudo que havia acontecido. Se ele tivesse sido mais compreensivo, conversando direito, aceitado tudo, Lorenzo não teria saído daquele jeito.

    No inquérito, feito para apurar as causas do acidente, foi constatado que o motorista do caminhão estava em alta velocidade, mas Lorenzo estava errado também já que tinha ultrapassado o sinal vermelho, assim que saiu do condômino.

    Me doeu muito ouvir meu pai me pedindo perdão aos prantos, enquanto em chorava no colo de minha mãe. Mas eu não conseguia nem olhar pra ele.

Camila: Dinah está chamando nosso filho de palmitinho, e ainda quer ser a madrinha dele, você acredita nisso – eu conversava com ele sempre, o médico dizia que seria bom para estimular o cérebro dele – Lolo, eu preciso de você, eu não consigo sozinha, você prometeu não me deixar – me entreguei as lágrimas apertando sua mão – Volta pra mim, eu te amo tanto.

Lorenzo: Ca..mz – ouvi sua voz baixinha e pequeno aperta na minha mão.

    Levantei minha cabeça de pressa encontrando ele com os olhos abertos. Não podia acreditar, ele tinha voltado pra mim.

Camila: Lolo meu amor, você voltou pra mim – as lágrimas agora eram de felicidade.

Lorenzo: Ca... – sua voz não saia direito por causa do aparelho de oxigênio, que ele tentou tira mas eu não deixei.

Camila: Não Cariño, isso tem que ficar ai – falei segurando sua mão – Vou chamar um médico.

    Assim que sai pelo corredor encontrei uma enfermeira que foi chamar o doutor Smith. Quando ele chegou no quarto me pediu para sair, para realizar alguns exames em Lorenzo. Não queria deixar meu branquelo, mas foi necessário.

    Foi até o refeitório avisar minha sogra que Lorenzo tinha acordado. Ela também estava ficando direito no hospital.

    Encontrei lá também Dinah e Vero, essa que estava em uma cadeira sentada ao lado da maior comendo um sanduíche. Sorri ao me aproximar delas. Sorri como não fazia a uma semana.

Camila: Lorenzo acordou -gritei quando estava perto – Meu príncipe acordou – eu pulava de alegria.

Vero: É o que? – Ela se desequilibrou e caiu da cadeira, chamando atenção de todos que estavam ali.

Dinah: O palmito acordou? – ela quase caiu por cima de Veronica que também tentava se levantar
.
Clara: Meu pequeno urso acordou – ouvi a sua voz atrás de mim – É verdade Camila?

Camila: É sim sogra, é verdade – ela me puxou para um abraço, Veronica e Dinah se juntaram ao nosso abraço.

    Eu estava tão feliz, meu amor estava acordado agora, meu coração voltou a bater, eu estava completa.

Perfect ChangeWhere stories live. Discover now