92. Recado

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Kota Singer

Aqui me ofereceram, a mando ou permissão da rainha (possivelmente minha mãe exigiu isso), telas e tintas variadas. Algumas a base d'água que eu não usarei de jeito algum e outras a base de Óleo. Havia cerca de 72 cores de lápis assim como pincéis, tecido, esfumadores, borrachas, espátulas entre outros.

Eu não sou pintor, e isso foi uma grande piada de mal gosto.

Quando eu estava na casa rebelde, ele insistiu para que eu a desenhasse para ele, fiz com raiva por ter que desenhar quando eu na verdade sou escultor, um notável artista plástico.

Entreguei a ele o desenho em desleixo, mas ele o recebeu com agrado, até que viu do que se tratava.

Ela estava  jogada no chão do quarto em que a mantínhamos,com seu vestido rasgado em partes, com o rosto voltado para a direção do minúsculo banheiro que havia ali, a pequena luz que saia de lá era suficiente apenas para não tropeçar nos próprios pés. Mal dava para clarear algo. Ela estava ali por medo. E para insultar ainda mais eu desenhei uma coroa ridículo sobre a cabeça dela.

Lembro de como foi olhar para ele. Os olhos ardiam em raiva, ele estava irado e suas narinas dilatavão acompanhando o movimento de seu peito. Eu cruzei os braços em frente ao peito e esperei.

O capitão era violento. É violento. Eu não entendo como pude me permitir ir longe demais e o que isso me custou? Perdi o que eu tinha e quem eu abandonei me serviu de apoio.

Quando meu pai morreu eu fiquei estarrecido com a herança destinada a mim. O que eu iria fazer com aquilo? Sem falar que eu moro sozinho, eu não poderia usar aquele bem sem antes perceber que comprometeria minha família, e eu já estava  longe fazia tempo e preferia continuar assim. Até mesmo quando America recebeu os holofotes eu queria reconhecimento mas não queria compartilhamento.

Não de novo.

Com o passar do tempo isso só foi crescendo. Eu precisava ser um 2, famoso, uma celebridade e faltava pouco. Eu compraria o título e ninguém iria me apontar como um 5 morto de fome, mas um 2 talentoso.

Depois que ela assumiu o trono ao lado do rei apenas por cortesia eu fui chamado. Relembrando o que aconteceu, bem.. Eu não levei ela ao altar, o que era meu direito, aí começou a droga. O príncipe já havia se tornado rei e America era.. ocupada.

E eu queria mais.

Aspen evitou ao máximo me olhar e quando fazia isso parecia passar um raio X pelo meu corpo e criar várias formas melaborantes de me matar se eu desse alguma gafe.

Essas coisas só aumentaram a raiva em mim, quem ele achava que era?

Amante.

Eu contei para o capitão isso e ele pareceu fascinado com esse caso, por mais que eu distorcesse quase todas as histórias ele queria ouvir. Ele sabia quando eu mentia, eu reparava porque se semblante fechava mas ainda assim ele não me parava e eu contava do meu jeito.

Uma vez distraído com Nicolas que era servente na casa rebelde, montamos uma casa na árvore quase tão boa quanto a do quintal dos meus pais e contei que America brincava comido de navio pirata entre outras coisas em uma casa como aquela.  Conforme eu contava as coisas iam criando forma, e não sei se foi a distração mas eu continuei falando e falando. Quando me virei para pegar tinta me dei conta do que eu fiz.

Amada Rainha America - Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora