65. Ser melhor

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America

-Ah America, me ajude a te ajudar!

Marlee estava deixando Kile no bercinho e eu estava procurando algum buraco para me enfiar.

-Marlee, eu não sei quando foi que isso aconteceu, mas eu tô tentando..

-Mas não é o suficiente pelo jeito - ela me cortou - Amiga, todo mundo sabe que ele beijar o chão que você pisa. Se ele falou desse jeito com você é porque está cansado. E não está errado, já te falei sobre isso, no dia do jardim também conversamos brevemente mas parece que só seu parecer que conta. Agora vai esperar quem mais vir até você contar umas verdades? Maxon? Espero que entenda que é uma mulher adulta e poderosa antes de piorar qualquer coisa.

-Eu sei amiga.

-Mas se faz de doida, né? America, você se colocou no lugar deles alguma vez? Como você se vê daqui a alguns anos? Você fez uma promessa perante o altar..

Ela só podia estar brincando. Arrumei minha postura e levantei levemente o queixo.

-Estou ciente do que fiz, faço e sou, Lady Marlee.

-America, não faça isso. Você me chamou para que eu fosse sincera.

Relaxei, ela estava certa. Não poderia ir contra algo que eu pedi para ser feito.

-Estou cansada, eu tenho que ser tantas coisas..

-Não, amiga. O problema é "o que você tem que ser" e a solução está no "como você está".

Fiz uma careta, eu não entendi nada do que ela havia acabado de dizer mas fez sentido demais pra mim.

-Puxa Marlee, quanta filosofia, me explique, por favor.

Pedi educadamente com um sorriso idiota implorando que ela aceitasse meu gesto como desculpas e ganhei um sorriso, daqueles que formam um biquinho divertido na boca.

-Amiga, ninguém duvida do seu potencial como rainha, ninguém dúvida de sua boa vontade. As pessoas só te querem bem e querem que você colabore com isso.

Cobri meu rosto com as mãos envergonhada das minhas atitudes. Oh céus ela está certíssima! Apesar das nossas dificuldades e pequenos conflitos reias e domésticos de recém-casada e recém-rainha, ninguém nunca julgou se eu viria a ser boa rainha, ninguém duvidou de minhas boas intenções. Minha voz sempre foi forte o suficiente para atravessar as barreiras da comunicação e instabilidade, minha presença sempre significou calma e novidade. Eu ainda era nova, tenho muito a aprender, e todos confiam em mim. Meu marido confia em mim e me quer ao seu lado. Por isso tenho direito ao escritório tanto quanto ele, mesmo sendo apenas a rainha. Coisa que nunca aconteceu antes. Eu ainda represento esperança. Ainda sou a motivação para a queda das leis das castas, sou a motivação do meu marido e a única coisa que ele, que Marlee, que Aspen, que meu reino (ou a maioria dele) quer é que eu esteja segura e consiga fazer mais por todos.

Eu quis chorar ali. Não por lamento, não por culpa, não por insegurança. Eu chorei por amor, por aceitação. Viver o que vivi naquele cativeiro foi um aprendizado, eu ouvi pessoas falarem. Ouvi histórias tristes. Eu passei por coisas horríveis que não desejo que ninguém passe ou tenha que viver. O que eu passei será minha motivação pela paz.

O reinado do Rei Maxon Calix Schreave será de paz.

Enxuguei as poucas lágrimas que fugiram pelo meu rosto e estampei um sorriso cheio de dentes a Marlee tentando não fazer barulhos altos para que Kile não despertasse e a puxei pra um abraço.

Amada Rainha America - Vol.1Where stories live. Discover now