Um Amor De Fim De Noite

Capítulo XXXVIII

Igor Narrando

Não me deixavam ver a Alice, já se passaram dois dias, minha mãe não para de me mandar ir pra casa tomar banho e descansar, eu sei que preciso mas não vou, não até a Alice acordar, era pra ela acordar hoje e até agora nada, existe uma chance dela ter entrado em coma de verdade e isso não pode acontecer de maneira alguma, eu preciso dela sem ela eu não sou nada. Olhei para o lado e o Marcos havia acabado de chegar, ele veio na minha direção furioso, e me deu um soco.
- Você é maluco? O que eu disse pra você na primeira vez que saíram? O que eu te disse?- ele estava muito alterado e com razão, eu estava sozinho na sala de espera, todos tinham ido em casa descansar um pouco.
- Para eu não a machucar se não eu me veria com você.
- Exato! E então você decide sozinho terminar com ela, deixá-la completamente desamparada sozinha, tu viu o que a tua atitude está custando? A VIDA DA ALICE MANO!- eu sabia de tudo aquilo, mas não podia fazer nada a respeito. Ele se sentou e respirou tão fundo que eu consegui ouvir, eu pensei que ele fosse acabar comigo e bem que eu merecia.
- Eu tô sendo injusto, a Alice diria isso, você não tem culpa, você não imaginaria que isso poderia acontecer, você não seria capaz de fazer mal a ela, sei disso. Me desculpa, a Alice é tudo nessa vida pra mim, saber que ela está desse jeito me deixa muito mal.- eu não disse nada porque sabia que ele estava errado, eu sou o culpado por isso.
A Ana chegou e correu para abraçá-lo, eu sei que ela não me culpa mas não consegue olhar pra mim, e eu respeito ela conseguir eu não consigo. A Ana está um pouco melhor que eu, ela tem a fé dela para se ancorar, eu acredito em Deus, sei de seus milagres mas não consigo rezar, não consigo pedir, a Ana vive na capela do hospital de joelhos só sai pra se alimentar duas vezes no máximo, ela diz que não vai parar até a Alice voltar, eu queria crer dessa maneira.
Depois de muita conversa me convenceram a ir pra casa, o Fábio me levou junto com a Maiara.
- Tomara que ela não seja aqueles casos que a gente vê em novela sabe, depois que todo mundo toca a vida ela acorda?- disse a Maiara.
- Chega! Sai do carro!- o Fábio parou o carro.
- Que?
- Isso mesmo, chega! Você não respeita a menina nem entre a vida e a morte, você não respeita o Igor, pelo o amor de Deus! Quer saber de uma coisa, acabou, você é muito egoísta eu não aguento mais você, sai do carro Maiara!
- Não vou sair.- ele saiu do carro e a tirou a força.
- Desculpa por isso, eu não aguento mais essa mulher me sugando.
- Tudo bem. Até porque eu não sou capaz de tocar a minha vida sem a Alice.

No dia seguinte eu voltei pra o hospital, descansado, limpo e alimentado mas sem nenhuma melhora da Alice. O Barcelona ligou perguntando por mim, disse que só vou jogar quando a Alice acordar, antes disso eu não saio desse hospital, eles me deram dois meses, nada além, sem a Alice eu não vou a lugar nenhum. Que tolice também, eu nem sei se ela ainda quer algo comigo, pior se ela vai se lembrar de mim, o médico disse que existem chances dela ter perdido a memória, não posso ignorar isso. Minha mãe trouxe a Iara pra ficar um pouquinho comigo mesmo eu tendo dito para não trazê-la, é pesado demais para uma criança.
- Igor, ela vai acordar né?- eu não sabia responder aquilo.
- Você precisa acreditar que vai, é como o Peter Pan, quando ele parou de acreditar na Sininho, o que aconteceu?
- Ela foi perdendo o brilho devagarinho e quase morreu, mas aí, todo mundo disse que acreditava em fadas e ela voltou.
- Exatamente, você precisa acreditar pra ela voltar.- até que eu fui melhor que eu pensei.
- Eu ouvi a mamãe dizer que ela pode ter esquecido tudo, será que ela esqueceu de mim?
- Acredite que não minha princesa, e ela não esquecerá.
- Igor?- a Ana me chamou.
- Quer ver a Alice?- eu me levantei o mais rápido que pude e fui até o quarto dela.
Era pior do que eu imaginava, ela estava ligada a vários tubos, seus lindos cabelos haviam sido raspados, seu rosto ensolarado estava pálido, aquela não era a minha Alice, eu não conseguia entrar no quarto, eu não conseguia encarar a realidade mas eu precisava, por ela, ela precisa de mim, na verdade eu não sei se precisa, mas eu quero estar aqui.