Capítulo XXII

397 42 10
                                    

IGOR NARRANDO

Finalmente, nunca esperei tanto por um dia na minha vida, nem no meu primeiro jogo pelo Flamengo eu fiquei tão nervoso, afinal era meu aniversário e eu estou mais ansioso para ver a Alice do que a própria festa. Ontem, antes de dormir ela me ligou, me disse que o dia será cheio de surpresas aquilo me deixou completamente ansioso, eu dormi na casa da minha mãe, ela ama ficar comigo o máximo que puder no dia do meu aniversário.
Chegando na cozinha fui recebido com fortes abraços da minha mãe e da querida Iara, e uma caixa que em cima estava escrito: "Para o seu dia ficar ainda mais especial! Com amor, Alice."  Eu sou completamente apaixonado por aquela mulher, o jeito dela de me tratar, a forma como ela me olha, tudo nela me encanta, e cada dia mais, por mais clichê que seja eu consigo me apaixonar ainda mais. Abri a caixa ferozmente, estava louco para saber o que era. Tinha uma espécie de álbum eu acho, "Memórias" era o que estava escrito na capa, na página seguinte havia uma dedicatória que dizia:
"Desde a primeira vez que nos vimos, até a última batida de nossos corações, aqui guardaremos nossas memórias, todos os momentos bons e os ruins também. Igor, você tem mudado meus dias, apagado memórias dolorosas, e posto no lugar memórias doces e inesquecíveis, e nada melhor do que poder guardar todas elas em um lugar especial, tomei a liberdade de começar, sinta-se a vontade para dar continuidade. E nunca se esqueça, nem por um segundo se quer que eu te amo!
Com amor, Alice"

Eu já estava chorando, a Alice é muita boa com palavras, nossas primeira memória era a nossa primeira foto, de nossas mãos juntas para amenizar todos aqueles rumores sobre nós, fotos com a minha mãe, a mãe dela, o primeiro jogo que ela assistiu, a surpresa da cabana, todas as nossas memórias até aqui. Não há palavra alguma no mundo, em nenhum idioma existente que possa descrever o quanto eu amei, era o melhor presente que ela poderia me dar já que eu não quero esquecer nenhum momento nosso. Queria poder ligar para agradecer, mas ela havia me proibido, não nos falaríamos até a festa. Além do álbum, tinha uma carta, não era bem uma carta, era uma espécie de um manual de instruções digamos assim, melhor, era uma caça ao tesouro, tinha uma pista para dar início a caçada, mas que eu só poderia identificar depois que tocar "Meu Ébano" na festa, essa mulher pensou em tudo, obrigado Alice por me deixar ainda mais nervoso.
Como de costume minha mãe fez todas as minhas vontades, até o cabeleireiro e o maquiador chegarem em casa, era hora de começar com os preparativos, existia um frio enorme na minha barriga, cada segundo pareciam horas, eu não estava me aguentando de ansiedade até o Fábio me ligar:
- Mano! Feliz aniversário!
- Valeu! Fala o que tu manda?
- Eu e a Maiara nos acertamos.
- É a Alice que me contou que vocês estavam brigados, acabei esquecendo de te perguntar, e também achei que você não quisesse que eu soubesse.
- A Alice foi o motivo da briga, ciúmes por parte da Maiara, eu disse a ela que não tinha nada haver, que era coisa da cabeça dela, que eu nunca faria isso, ainda mais com você, ela surtou mesmo assim, mas agora tá tudo de boa, desculpa não ter te contado antes.
- Entendi, então está tudo bem de novo?
- Sim, eu não aguentava mais, ela está se arrumando aqui.
- Avisa a ela que se ela aprontar com Alice hoje, o negócio vai ficar feio pro lado dela, com todo respeito Fábio, mas ela passou dos limites.
- Pode deixar, ela não vai fazer nada dessa vez, te dou minha palavra. Vou ter que desligar agora, valeu?
- Valeu.

Minha mãe e a Iara estavam lindas, minha mãe com um vestido longo azul marinho, sua máscara era daquelas de segurar o que lhe deixava ainda mais elegante. Iara vestia um vestido todo florido, ela parecia uma boneca ela não queria usar máscara, disse que a sua beleza não poderia ser escondida, eu não posso com essa menina, e eu estava de smoking branco e uma máscara preta que só cobria a parte dos olhos, segundo Dona Rose eu estava um chuchu.
O Gustavo veio nos buscar junto da Rafaela, que o acompanharia no baile, eu estava muito feliz por eles.
Até que enfim, eu estava na festa, dei um pouco atenção aos jornalistas e entrei no salão, estava tudo lindo, como eu tinha planejado dava para notar que as pessoas se sentiam em um baile de máscaras digno de um rei. Praticamente todos os convidados já haviam chegado, meus amigos costumam ser bem pontuais, cumprimentei todos eles enquanto procurava Alice, já tinha andado por todo salão e nada, até que começou a tocar "Meu Ébano", peguei a pista que estava no meu bolso ela dizia:
"Consigo ser tudo para você, sereia, amiga e..."
Fiquei um tempo pensando, como assim sereia, até que me veio lembranças daquelas festas folclóricas da escola, sereia Iara, " Consigo ser tudo pra você, sereia, amiga e irmã", fácil.
- Sereia Iara?- cheguei sussurrando no seu ouvido.
- Foi tão rápido, pensei que você fosse mais lesado!- ela ficou emburrada e me deu a próxima pista.

"Sereia Iara já foi, agora encontre o Saci!"

Saci? Alguém de vermelho? Olhei por todo salão, encontrei duas pessoas mas não era isso, o Saci só tem uma perna, aquilo embolou minha cabeça, mas sempre existe uma luz no fim do túnel, Saci na verdade era o Fábio que só sabe jogar com a perna direita, a esquerda e só de enfeite, fui até ele. Ele riu da minha cara por ter demorado tanto, minha vontade era de bater nele, peguei a próxima pista.

"Às vezes Cuca, às vezes Dona Benta."

Se o Saci tinha sido difícil, aquela então, fui até a minha mãe pedir socorro ela é boa nessas coisas.
- Pensei que você não fosse entender, vai pro palco.
- Como? É a senhora?
- Você não tinha adivinhado?- ela pôs as mãos na cabeça.
- Não vim te pedir ajuda! Faz sentido, às vezes bruxa, às vezes doce.
- Você me respeita garoto!- sai correndo para o palco, antes da minha mãe me bater.

Um Amor De Fim De NoiteWhere stories live. Discover now