Um Amor De Fim De Noite

Capítulo XXXIII

- Igor, seja lá o que você estiver fazendo, por favor vem aqui, eu preciso de você!- liguei pro Igor assim que o Marcos bateu a porta na minha cara, eu não consegui me levantar pra ir atrás dele, e se fosse não saberia o que dizer, eu só queria um abraço do Igor.
- Eu já estava indo pra aí, tá tudo bem?
- Igor, vem logo por favor!

Eu só sabia chorar, eu tinha acabado de perder o meu melhor amigo, eu não sinto o mesmo, e me sinto mal por isso, eu não acredito que isso realmente estava acontecendo. O Igor chegou e me abraçou, tentou me acalmar dizendo que ia ficar tudo bem, mas eu sabia que não ia. Contei a ele tudo o que tinha acontecido, tudo mesmo, ele ficou assustado.
- Igor! Eu não posso! Ele é meu melhor amigo, e você é o amor da minha vida, eu o amo, mas não desse jeito, e eu não posso e nem quero perdê-lo. Justo na hora que eu pensei que ia tudo bem na minha vida, chega essa bomba, eu não aguento mais Igor.- e voltei a me desabar de chorar.

Horas se passaram eu consegui me recuperar, eu estava arrasada.
- Eu sei que não é o momento, mas eu estou louco pra te contar isso, e acho até que pode te animar. Preparada?
- Se vai me animar sim.- ele estava bem empolgado.
- Eu fui chamado pra jogar no Barcelona.
- Uau! Barcelona! Que incrível preto! Você merece!
- Eu já vi tudo, casa, escola pra Iara, você pode trabalhar lá...
- Ei!- eu o interrompi. Como assim?
- É vai ser demais! Todos nós na Espanha.- ele estava empolgado e eu assustada.
- Igor! Muita calma nessa hora, eu não vou pra Espanha.
- Para! Como assim você não vai?- o sorriso no rosto dele sumiu.
- Igor! Minha vida é no Brasil, eu tenho minha mãe, eu tenho os bares do Marcos que agora estão na minha responsabilidade, sem contar na Rafaela, eu não posso deixá-la sozinha. Eu não vou.
- Então eu vou continuar aqui.- ele disse decidido.
- Não, você vai pra Espanha! Igor é uma oportunidade única, esse é o seu sonho, você não vai ficar aqui por mim.
- Alice, a gente sobrevive a um relacionamento a distância?
- Igor...- eu comecei a chorar, eu não sabia o que aconteceria com a gente, ele não teria tempo para vir me visitar e eu não teria como ir até ele, só o abracei bem forte.
- Alice, por favor vem comigo!- ele me pediu mais uma vez.
- Igor eu já disse que não posso.
- Pode pelo o menos fingir estar feliz por mim?- ele disse num tom arrogante e me afastou de si.
- Fingir? Igor, tu sabe tudo o que me aconteceu hoje, é claro que eu estou feliz por você, mas eu estou completamente machucada por dentro, estou fazendo o melhor que eu posso.
- É? Mas não parece.- ele se levantou do sofá com as mãos na cabeça.- por que esse bar é tão importante? Por que você tem que ficar?
- Igor é a minha vida, eu não posso largar tudo, todos os meus sonhos pra satisfazer as suas vontades. Você só consegue ver o seu lado, você acha que se eu não pudesse eu não iria com você?
- Sinceramente eu não sei. Eu tô confuso, eu preciso de ar.- ele pegou as coisas dele e saiu sem ao menos olhar para atrás. Além de perder meu melhor amigo será que eu estou perdendo o amor da minha vida? As lágrimas não paravam de escorrer pelo meu rosto, eu só sabia chorar, fiquei no quarto tentando expulsar toda a tristeza que se instalou dentro de mim mas, a cada grito que eu dava, a cada soluço, parecia se tornar impossível expulsar toda aquela mágoa.
De tanto chorar eu acabei dormindo, acordei querendo acreditar que tudo não se passava de um pesadelo, eu tinha de ir para a faculdade, coloquei um moletom, fiz um coque no cabelo e tomei um café, mas nada no mundo era capaz de retirar a tristeza completamente notável do meu rosto.
Contei a Rafaela o que havia acontecido, a parte do Marcos ela sabia, ele havia conversado com ela antes, mas o Igor:
- Ele está sendo infantil. Mas eu acho que ele vai se arrepender, ele é apaixonado por você, ele não vai aguentar ficar brigado com você por muito tempo.- ela disse.
- Tomara que sim, eu não vou procurar por ele, ele me pediu ar, então no que depender de mim todo oxigênio do planeta é dele. Quando ele achar que nós devemos conversar, aí sim. Antes disso, não.