Capítulo IV

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Acordei, pela janela do meu quarto pude ver que seria um dia bonito, minha cama me fez ficar deitada por mais um tempo, era 11h, decidi levantar. Tomei café, arrumei a casa, e fiz o almoço, liguei para minha mãe, contei as últimas notícias, quando dei por mim era 14h, fui correndo me arrumar.
Peguei o vestido, o tênis branco para o cinema, e a sandália de salto também branca para o pagode, tomei um banho soltei meu cabelo, vesti o vestido, peguei minha bolsinha branca e uma jaqueta jeans, não consigo sair sem casaco, 14:40! Caramba! Fui correndo fazer a maquiagem, fiz algo bem natural, quando terminei de passar passar o batom nude o celular tocou:
- Oi! Tô aqui!- era o Igor.
- Tudo bem! Tô descendo!
- Sem pressa, pode terminar de se arrumar!
- Preto! Eu tô pronta, que isso! KKK!
- Fala de novo?
- O que?
- Deixa! Espontâneo é melhor!
- Olha só! Que menino doido! Tô indo!
Assim que cheguei na portaria pude ver o Igor, ele estava lindo, com uma camisa branca, calça preta e tênis, e não podia faltar o sorriso no rosto, ele me esperava na porta do carro e vi um buquê girassóis nas mãos, meus olhos marejaram, como ele adivinhou?
- Pra mim?- disse me referindo ao buquê.
- Óbvio! Espero ter acertado!- disse me entregando o buquê, paralisado.
- Eu... não sei nem o que dizer, eu sou apaixonada por girassóis, como você adivinhou?- disse envolvendo meus braços em volta de seu pescoço em forma de agradecimento, seguido de um beijo na bochecha, com isso pude perceber o quanto ele estava cheiroso, esse homem está querendo me deixar doida.
- Ei! Por que você está com essa cara?
- Você fez algo que eu pensei que fosse impossível! - ele disse boquiaberto.
- O que? - perguntei assustada.
- Você conseguiu ficar ainda mais linda! Como eu tenho sorte de poder andar com você por aí! - com certeza minhas bochechas ficaram coradas, fiquei completamente envergonhada.
Ele abriu a porta do carro, e mais uma vez me prendeu à poltrona.
Assim que ele entrou no carro refiz minha pergunta:
- Como você adivinhou que eram minhas preferidas?
- Digamos que eu tenha olhado a tela do seu telefone, seu papel de parede era cheio deles, então...
- Hummm, espertinho! Eu amei, muito obrigada!
- Então! Tem um filme em cartaz, que eu achei interessante, fala sobre...
- Parou! Não me conta, não gosto nem um pouco de sinopse, qual o nome?
- Viver.
- Interessante, vai ser esse então.- Igor olhava curioso para a sacola que estava em meus pés.
- Que foi? É a sandália pro pagode, um desodorante e maquiagem caso precise retocar.
- Ah sim!
- Pensou que fosse o que?
- Melhor deixar quieto...
Ele ligou o carro me olhando nos olhos me deixando sem graça mais uma vez.
Chegando no cinema, estava vazio, o que é estranho para um domingo, fomos até a bilheteria, e logo quando ia abrir a minha bolsa para pegar o dinheiro, fui interrompida:
- Ei! Por minha conta!
- Tem certeza?
- Sim, pode deixar!
Enquanto ele pagava os ingressos, notei que estávamos sendo observados, aquilo me incomodou, eu estava suja? O que estava acontecendo?
- Ei! Igor! Tira uma foto comigo! Eu sou seu fã, assisto todos os jogos!- disse um menino devia ter uns  13 anos, todo empolgado. Ninguém estava olhando pra mim, e sim para o Igor, quem mandou sair com um jogador do Flamengo.
- Claro! Como você se chama? - disse o Igor todo atencioso com o menino.
- Vitor! - disse enquanto pegava o celular.
- Olha, eu posso tirar a foto pra vocês, melhor, não?- eu disse querendo ajudar.
- Obrigado! - Vitor disse me entregando o celular.
Satisfeito com sua foto, Vitor se afastou todo feliz.
- Vida difícil essa hein?! - disse dando um leve empurrão nele enquanto íamos comprar pipoca.
Pipoca comprada, estávamos na fila conversando enquanto aguardávamos, e veio um grupo de adolescentes em nossa direção pedindo mais fotos. Caramba, vai ser assim o tempo todo?
Assim que o grupo se afastou, entramos na sala. O filme começou e eu descansei minha cabeça sobre seu ombro, ele me envolveu no seu braço me puxando pra mais perto. Chorei muito com o fim do filme, a história de superação mais linda que eu já vi. Chocado com o final, depois de alguns instantes que ele pode perceber as lágrimas rolando no meu rosto, fez questão de secá-las, e me deu um abraço apertado, nós dois precisávamos.
Saindo do cinema olhei no relógio, 19h, tínhamos tempo.
- Que tal um lanche? - sugeri.
- Ótima ideia! Tem uma hamburgueria artesanal maravilhosa aqui.
- Uau! Já estou com água na boca.
Fomos até lá, confesso que o hambúrguer era delicioso. Satisfeitos, ele pediu a conta, mais uma vez fui pegar minha bolsa.
- Alice! Já disse que é por minha conta.
- Mas você vai pagar tudo sozinho? Não, eu quero ajudar!
- Alice...- ele chamou minha atenção com um olhar meigo- tá tudo bem, eu pago, vamos fazer assim, no pagode você paga uma cerveja pode ser?
- Mas só uma porquê você está dirigindo.
- Combinado!
Saímos de lá e fui para o banheiro me ajeitar para o pagode, enquanto o Igor dava atenção à uma legião de fãs que surgiu de repente. Me olhei no espelho, droga, estou com cara de gente apaixonada, não pode ser. Colocada a sandália, e arrumado o cabelo, sai do banheiro, assim que sai pude notar a cara de alívio do Igor, acho que não aguentava mais tanta foto. Ele agradeceu o carinho de todos, e pediu licença, entrelaçou sua mão na minha e fomos em direção ao estacionamento do shopping, borboletas se instalaram no meu estômago, o que estava acontecendo comigo???
E mais uma vez ele me prendeu na poltrona.
- Ei! Sou capaz de colocar o cinto de segurança sabia?- disse com os olhos fixos no Igor.
- Shiu! Olha a marra!- ele disse rindo, como ele pode ter um sorriso tão lindo??
Igor entrou no carro com uma determinação, que não tinha visto ainda.
- Então! O que você está achando?
- Sobre? - disse intrigada.
- Alice...
- Eu??- ele se debruçou no volante rindo.
- O que?- ele se voltou para mim, nossos olhos se encontram.- Olha, seja lá o que você estiver pensando, eu acho bom você ligar esse carro, daqui a pouco o Matheus me liga preocupado, e eu te garanto que você não vai querer saber como é.- ele atendeu meu pedido e ligou o carro ainda rindo, queria saber o que eu tinha feito.

Chegando no pagode, avistei o Matheus junto do Marcos, assim que me viram abriram um sorriso.
- A musa chegou! - disse o Matheus fazendo alarde.
- Musa não! Rainha!- gritou o Marcos corrigindo, fiquei tímida, o bar estava cheio, todos olharam pra mim.
A música estava por se encerrar, já cheguei recebendo o microfone.
- A rainha que manda!- disse o Matheus.
- Já que é papo de rainha, vamos para a verdadeira rainha do samba, bora de Meu ébano?- sugeri.
- Partiu!
Obviamente eu cantei para o Igor, ele com certeza é um negão de tirar o chapéu, enquanto cantava o Igor me olhava encantado, todo sem graça. A música acabou, e continuei mandando o recado, dessa vez com A Loba.
- Essa sabe o que é samba de verdade!- disse o Matheus.
Mais uma vez cantei olhando para o Igor, ele me olhava como quem estivesse anotando o recado, foi engraçado. Continuamos o show com pagode, que me fez perder a noção do tempo, pedimos um intervalo, e fui em direção ao Marcos que estava fazendo companhia para o Igor.
- Alice! A rainha das causas impossíveis!- disse o Igor.
- O que eu fiz dessa vez?
- Te ver cantando Alcione se tornou minha coisa preferida no mundo. Você não enjoa de ficar linda a cada movimento?
- Bobo! Deixa eu tomar minha cerveja...- sai em direção em ao balcão, quando retornei, pude perceber o ar sério que se instalou nos rostos dos dois. Parei pra escutar o que diziam.
- A Alice já sofreu demais, se você fizer cair uma lágrima se quer naquele rosto, eu acabo com você! - disse o Marcos com um tom autoritário.- ela é a pessoa mais preciosa da minha vida, ela é tudo pra mim, e o que mais me machuca é vê-la sofrer, então por favor! Muito cuidado!
- Pode ficar tranquilo Marcos! Nem eu quero ver a Alice sofrer, isso nunca!- fui me aproximando dos dois aos poucos
- Acho bom mesmo! Agora disfarça que a Alice está voltando.
A forma com o qual o Marcos se preocupa comigo me faz me sentir segura, como eu o amo, não viveria sem ele.
- Voltei! - dei um gole na cerveja, e entreguei uma latinha para o Igor e outra para o Marcos. Mal terminei e já me chamaram de volta para o palco.

Ao som de Zeca Pagodinho, Matheus chamou o Igor para o palco, para mostrar seu samba no pé.
- Só sambo se a Alice sambar!
- Isso é um desafio?
- Encare como quiser! - disse ele com um olhar confiante.
- Faz um no sapatinho para mim por favor! - pedi pro pessoal.
- Segura que isso é briga de cachorro grande! - alarmou o Matheus.
Comecei a sambar gradualmente, a cara do Igor foi a melhor, ele viu que eu sabia o que fazia. Começou a sambar junto comigo, logo em seguida puxaram um samba de gafieira, ele me puxou para si e começou a dançar no pouco de espaço que tinha, deixei que ele me guiasse, me deixei levar com a música. Quando a música terminou, nossos olhos estavam fixos uns nos outros, estavámos ofegantes, ainda com os olhos fixos, tudo parecia ter se silenciado, só restava eu e ele ali. Igor segurou minha cintura um pouco mais forte, aproximou seus lábios dos meus, e de forma delicada, me beijou. 









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