Capítulo XVIII

454 46 5
                                    

Estávamos quase chegando, minha mãe morava em Sampaio Corrêa, que é logo no início da cidade, depois de duas horas de viagem eu finalmente estava em casa.
- Mãe!- quando a vi, corri até seus braços e ali fiquei por muito tempo.
- Igor essa é minha mãe, mãe esse é o Igor.
- É um prazer te conhecer Ana.- o Igor disse envergonhado enquanto se abraçavam.
- Entrem, entrem quero saber de tudo!- disse minha mãe empolgada.
O Igor estava com uma cara estranha, perguntei o que estava acontecendo.
- Seu pai? Você nunca me falou sobre ele.- aquilo mexia comigo por isso nunca havia dito, eu deixei minha mãe ir sozinha até a cozinha, porque isso era um assunto delicado pra gente.
- O Marcos ele tem milhões de motivos para me proteger, minha história é muito difícil, o maior motivo de toda a proteção não é por causa do Miguel é porquê a Ana, ela não é minha mãe biológica.
- Como assim Alice?- eu já estava chorando aquilo mexia muito comigo, ele me abraçou forte.- você não precisa, tá tudo bem.
- Não, você precisa saber quem eu sou, eu não fui planejada, eu nunca fui amada pelos meus pais, o meu pai nem sabe que eu existo, eu sou uma sobrevivente, a Marta era uma mulher linda,ela vivia a vida lindamente assim como ela, segundo as histórias que ouvi, a Marta foi quem me deu a luz, ela foi estuprada aos 25 anos, e ela engravidou, eu não tenho ideia de quem seja meu pai...- eu não conseguia continuar mas eu precisava. - e bom, a Marta não aguentou a pressão, eu estava com três meses de vida quando ela se matou, ela não conseguia olhar pra mim, pelo o que eu sei, eu sou a cara dele, e ela não conseguia lidar com o fato de ter sido estuprada, muito menos em ter engravidado, ela e a Ana eram melhores amigas, a Marta me deixou na porta da casa da Ana com uma carta se despedindo, e mais uma carta pra mim, me pedindo desculpas por ter me deixado e por não ter sido uma mãe pra mim, mas que ela tinha certeza de que eu seria bem cuidada e amada, coisa que ela nunca conseguiria e ela se culpava muito por isso, por não conseguir me amar, eu não a culpo, quem conseguiria amar a pior experiência da sua vida, ela pode não ter me amado, mas eu a amo, porque ela não me jogou fora, ela me deixou onde eu seria amada como eu fui, desde então a Ana cuida de mim e eu cuido dela.- o Igor me abraçou forte, me fazendo me sentir segura.
- Obrigado.
- Pelo o quê?
- Por dividir essa parte tão dolorosa da sua história.
- Tá tudo bem aí?- disse a minha mãe.
- Estamos indo. - disse o Igor antes que eu levantasse o rosto, ele não queria que a minha mãe me visse chorando.
Eu enxuguei a lágrimas, respirei fundo e entrei. Colocamos as malas no meu quarto, que saudade do meu canto, tomamos café da manhã novamente, e sugeri a minha mãe de irmos a praia um pouco.
- Eu já fiz os sanduíches, a farofa e comprei sua cerveja de chocolate.
- Mãe! Você é demais!- eu a abracei bem forte.
Colocamos as coisas no carro e fomos até a Praia de Itaúna, era a mais linda de toda a cidade, a água era cristalina, era perfeita. O Igor amou logo que chegou. Arrumamos a barraca e eu fui tomar um banho no mar e o Igor veio atrás.
- Devia ser um crime você expor esse corpo lindo assim pra todo mundo.- eu estava com um biquíni com uma estampa de flores roxas, realmente ele valorizava a minha melanina.
Voltamos para minha mãe, contei tudo, cada detalhe, ela amou saber que eu conheci a Marrom, e assim como a Rose, não quer ver a Maiara nem pintada de ouro, ela amou o Igor, eles estavam se dando super bem.
Não demorou muito até uns garotos que estavam jogando altinha perto de nós, se tocarem que o Igor era o Igor, perdi meu namorado para um bando de adolescentes, o Igor se realizou brincando com eles.
- Ele realmente te faz feliz?
- Claro mãe! Por que isso?
- Porque você estava chorando mais cedo, por isso.
- Ele me perguntou sobre meu pai, eu contei tudo a ele, nunca havia mencionado nada.
- Entendi, ele te protegeu, agora eu entendi. Se ele te faz feliz minha filha, ele me faz feliz.

Um Amor De Fim De NoiteWhere stories live. Discover now