Capítulo I

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Acabada a última música de meu repertório, o show finalmente tinha acabado, todos do bar pareciam satisfeitos, e você veio em minha direção. Tinha me observado a cada nota alcançada, cada detalhe, eu também te observei, o que você estava vendo, ou melhor, o que pensava? Seu grupo de amigos deixava claro de que eras um playboy, moreno, alto, sorriso encantador, por que eu?
- Que voz! Confesso que não consegui prestar atenção em mais nada além de você, até minha cerveja eu pedi errado!
Engraçadinho, se ele pensa que vai me levar com esse papinho está muito enganado, pensei.
- Puxa! Obrigada!
- Qual o seu nome? - ele me disse com um olhar de quem realmente queria saber quem eu era.
- Alice...Alice Ramos.
- Uau! Agora tudo se encaixa... Alice do País das Maravilhas, é daí que vem toda beleza! -até que ele é esforçado mas, sério??
- Bom, prazer Alice, sou Igor. - estendeu sua mão como um diplomata para me cumprimentar.
Com um delicado aperto de mãos, eu pude olhar dentro de seus olhos, tinha algo diferente nele, só não sabia o que. Voltei-me para meus cabos que tinham de ser guardados, e todo o equipamento, e ele ficou lá, parado, como quem estivesse tomando coragem para fazer algo muito louco. Parece que agora, finalmente, conseguiu tomar a dose de coragem se aproximou e disse:
- Então, quer fazer alguma coisa quando acabar aí?! Ou um outro dia, me dá seu telefone e a gente combina.
- Seja lá quais forem suas intenções, obrigada, mas... não estou interessada. - era verdade, depois do Miguel eu não me sinto pronta pra nada disso, não agora.
- Tem certeza, porque eu acho que no fundo você quer...
Nesse momento uma parte de mim me dizia pra me dar essa chance, mas o que saiu de meus lábios foi completamente o contrário.
- Olha, tem um monte de meninas aqui, que dariam de tudo só pra falar com você, então, não perca seu tempo comigo.
- Não é perda de tempo! - ele insistiu.
- Por favor, vai embora! Já disse que não estou interessada!
- Tudo bem! Eu vou, mas...como apreciador de uma boa música, qual seu próximo show?
Respirei fundo, minha vontade era de mandar ele sumir da minha frente, mas me contive.
- Amanhã às 20h no Mark's. - era o barzinho do Marcos, meu melhor amigo, foi lá que fiz meu primeiro show.
- Fica perto do Maracanã certo? - parece que alguém conhece bem o Rio de Janeiro.
- Sim!
- Então... até amanhã, senhorita Alice Ramos. - com um sorriso largo, ele se voltou para seus amigos, e eu, fiquei ali, perdida em meio meus cabos e o violão.
Enfim em casa... não via a hora de tirar toda a maquiagem e ir me deitar, que dia! Tirei os tênis brancos, o vestido florido, e me joguei no sofá, peguei meu celular, tinham mensagens do Miguel, ele queria me ver o mais rápido possível, parecia sério, a curiosidade venceu o cansaço e liguei para ele.
- Miguel? O que foi?
Com uma voz aflita ele me respondeu.
- Alice! Por favor! Eu preciso te ver, posso ir aí, Alice, preciso de você!
Nossa relação era linda, desde o começo, e fazíamos de tudo para continuar, mesmo depois do fim, terminamos pois nada dura pra sempre, e...bom... ele pediu pra terminar disse que não fazia mais sentido estarmos juntos, eu não discuti, só sai da casa dele com as minhas coisas. Me pergunto por que depois de dois meses, ele me procura tão apavorado.
- Tudo bem, pode vir. - aceitei mesmo sabendo que não deveria.
Corri para o chuveiro, vesti um short jeans e uma blusa de alças azul turquesa, prendi o cabelo e preparei um sanduíche enquanto o esperava. O interfone tocou, Seu Zé me pedindo permissão para a entrada dele no prédio, eu concedi. Dois minutos depois a campainha tocou, por sorte tinha acabado o sanduíche, abri a porta, e levei um susto, o Miguel estava aos prantos, quando seus olhos cruzaram os meus ele me abraçou, o mais forte que podia, era como se ele não quisesse me soltar nunca mais.
Assustada, fechei a porta, e o abracei, ele só sabia chorar, não disse nada, também não perguntei.
Passado alguns minutos, em um abraço intacto, ele se acalmou, me olhou nos olhos e disse:
- Foi um erro! Por favor, me perdoa, eu não deveria, não! Você é a mulher da minha vida, por favor Alice, me perdoa!!
Se fosse há um mês, eu teria beijado aquela boca, e secado cada lágrima daqueles olhos verdes, mas... Foi duro demais tentar entender o motivo de tudo aquilo, foi duro demais reunir os caquinhos, agora que estou bem, você aparece?! Não posso!
- Miguel, é tarde demais! Você fez sua escolha.
- Não! Eu não deveria ter escolhido ela, você é a mulher da minha vida, por favor me perdoa!- do que ele estava falando, espera, ele está bêbado, ela quem??!
- Você está bêbado? Do que você está falando?
- Da Bruna! Ela fez minha cabeça, por isso eu terminei, não te contei a verdade... Não queria que você soubesse, eu não aguentava mais esconder isso, tomei umas cervejas e te procurei.
- Que Bruna? O que você quer dizer com isso? - a verdade estava diante de meus olhos, mas eu não queria aceitar, ele me traiu?!
- Alice! Me perdoa, eu não queria, mas quando me dei conta, já tinha feito, eu tentei sair, mais ela me prendeu, e só foi virando uma bola de neve, e eu não consegui te encarar! Por favor, me perdoa, me aceita de novo!
- Sai daqui agora! Eu não tenho interesse nenhum nessa história, foi você quem estragou tudo! E agora já foi, não me interessa quem é Bruna, muito menos quanto tempo você me traiu!
- Por favor não faz isso! Eu preciso de você!
- Pensasse nisso antes! Agora sai daqui! Agora! - gritei com ele, eu estava furiosa, ele finalmente saiu do meu apartamento.

Liguei desesperadamente para o Marcos, contei tudo o que acabara de ocorrer, em questão de 20 minutos o Marcos chegou, me encontrou aos prantos no chão da sala às 01h da manhã.
- Como ele pode?! Depois de tudo, depois de tanto tempo, eu não precisava saber disso! Por quê?? Eu estava bem, agora olha pra mim!
- O Miguel se tornou um dissimulado desde que vocês terminaram, o vejo pela faculdade parece um louco. - falava com um tom de indignação que nunca havia ouvido.
- Era isso que ele queria, me ver mal de novo? Não bastou todos aqueles dias chorando pelos cantos?!
- Alice, eu não sei o que ele queria, mas uma coisa que não sai da minha cabeça, ele se referia a Bruna? Bruna da turma dele, que até então vivia se jogando pra ele?
- Marcos eu não sei! E se for não me interessa, o canalha foi ele. - disse em meio soluços, não conseguia me conter. Marcos me envolveu nos seus braços, e começou a me acalmar, que peguei no sono.

Um Amor De Fim De NoiteWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu