Capítulo 22

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Maratona 4/4

HampellVille - outubro de 2020.

- Por que me ignorou todo esse tempo, docinho? - Davies perguntou assim que parou na minha frente, sem nem um "oi" antes.

Estamos em frente ao restaurante, ele fica na esquina do escritório do Max, por isso cheguei aqui rápido.

- Oi pra você também, Davies. - Falei com tom de ironia e ele deu um sorrisinho.

- Oi, Med. Você está bem? - Respondeu num tom mais irônico ainda.

- Estou sim, Davies. E você? - Troquei o peso de uma perna para outra, já cansada de ficar em pé na calçada do restaurante simples, mas muito confortável.

- Estou, também. - Ele me olhou meio nervoso, parecia querer dizer algo.

O vi abrir e fechar a boca algumas vezes. E então, depois de um longo suspiro, criou coragem para dizer:

- Eu senti saudades de você, Med. - Mordi a bochecha inferior esquerda, ao escutá-lo admitir algo que eu não teria coragem. Não pessoalmente.

- Eu também, Dav. - Admiti também, em um sussurro, depois de um suspiro fraco.

- Pode me dar um abraço? - Ele perguntou, depois que ficamos alguns segundos encarando qualquer direção, que não fossem os olhos um do outro.

Assenti minimamente e senti meu coração disparar, enquanto o via de aproximar.
Ele me abraçou pelos ombros e eu o abracei pela cintura. Coloquei, como de costume, a mão no peito esquerdo dele e senti o coração batendo tão forte quando o meu. Escondi meu rosto no pescoço dele, aspirando fortemente a fragrância do perfume que ele usa. Não sei ao certo descrever o cheiro, mas é um cheiro bom e único. Se eu sentisse de longe, logo me lembraria dele.

Afastei-me minimamente e encarei os olhos dele profundamente.

- Parece meio indecente depois de tanto tempo sem te ver, mas posso te beijar? É que... sei lá, senti falta disso. - Ele perguntou, meio envergonhado e com as bochechas. Eu sorri, mas assenti mesmo estando surpresa pela pergunta repentina.

Eu deveria estar brava, mas parece impossível quando se trata de Davies. Ele é sempre tão inesperado.

Ele aproximou devagar e eu fechei os olhos, assim que os lábios dele tocaram os meus.
Não percebi o quanto sentia falta do beijo dele, até esse exato momento. No começo foi só um longo encostar de lábios, que mesmo assim fizeram meu pobre coração disparar ainda mais, mas então, ele me pediu passagem com a língua, que eu logo cedi e nosso beijo entrou em perfeita sincronia. Ele levou uma mão até a minha cintura e a outra na minha nuca, como de costume, e eu deixei as minhas duas ao redor do pescoço dele. Você deveria estar brava!

Estamos nos beijando, matando toda nossa saudade desse mês que ficamos longe, na frente de um restaurante, com várias pessoas olhando. Não me importei em me afastar, mesmo sabendo desse último detalhe. Estou tão extasiada com o beijo que grita "SENTI SUA FALTA", que nem me importei em afastá-lo. Eu precisava disso, pelo menos por enquanto.

Davies afastou-se devagar assim que o nosso fôlego acabou. Escondi o rosto no pescoço dele outra vez, sem abrir os olhos.
Meu coração bate tão forte agora que posso o sentir batendo nas orelhas. Engraçado, mas eu realmente sinto. É como se eu estivesse nervosa por alguma coisa, mas não estou.

- Meu coração está batendo tão forte, que consigo o senti-lo em meu peito. - Davies sussurrou, só para mim. - Olha. - Sussurrou outra vez, pegando minha mão e levando até o peito esquerdo dele.

BROKEN | sem revisãoWhere stories live. Discover now