Capítulo 7

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HampellVille - julho de 2018.

Estou deitada em minha cama. Olhando para o teto branco e com as mãos na barriga.

Uma semana se passou desde o dia da festa, aquele dia ainda martelava em minha cabeça. Me lembro de como soquei aquele homem e de como ele me chamou. Não deu muita coisa, já que no dia seguinte ao acontecido, fui para a delegacia e disse tudo que tinha acontecido. Eu não fui presa por socar um cara até ele desmaiar, mas ele deve ter pego alguns meses por tentar me estuprar, preferi nem me informar sobre isso.

Pergunto-me se algo aconteceria se Peter não tivesse me ensinado algumas coisas sobre defesa pessoal. Algo muito ruim aconteceria comigo? Há uma semana imagino como eu me sentiria se acontecesse.

Lembro das sensações que senti na hora: mãos suando e coração acelerado. Poderia dizer que senti borboletas no estômago, mas aquele tipo de borboleta era horrível. Então, eu tive tipos ruins de borboleta em meu estômago.

Davies veio buscar a jaqueta dele há dois dias, inclusive.

Agora devem ser por volta das sete horas da manhã, ou mais, eu realmente não sei.
Acordei às cinco horas, o sol ainda nem havia nascido. Novamente sonhei com o dia que briguei com o Peter, mas dessa vez foi tudo mil vezes pior.

' - VOCÊ. NÃO. TEM. NADA. A. VER. COM. ISSO. MEDELEINE.

- Quer saber? Vai se foder, tá legal? Eu cansei de tentar ajudar um ingrato, mimadinho de merda. Eu odeio você.

Andei em direção ao carro e olhei pra trás. Peter estava lá, pálido e morto. Eu corri até ele, estávamos a poucos metros de distância, mas parecia que quanto mais eu corria, mais longe eu ficava.

- PETER! PETER! PORRA, PETER, LEVANTA DAÍ, CARALHO. - Gritei, mesmo sabendo que ele não vai levantar. - Peter, por favor. - Corri com todas as forças que restavam nas minhas pernas e o alcancei.

Sentei ao lado do corpo sem vida, apoiando minhas nádegas nos tornozelos.
Levantei ele pelos ombros e deitei a cabeça dele em minhas coxas.

- P, acorda, por favor. - Sussurrei e chacoalhei ele.

Lágrimas grossas já desciam por minhas bochechas. O nó que se formava em minha garganta estava tão forte, parece que me faria morrer sem ar a qualquer instante.

- Me desculpa, Petz. Volta pra mim agora, porra. Por favor, Peter. Por favor, por favor, por favor... - Juntei nossas testas e chorei. Minhas lágrimas molhavam o rosto sem vida do meu melhor amigo.

Porra, não. Por favor, não.

Peter começou a desaparecer, aos poucos. Até que ele sumiu, não estava mais em meus braços.
De repente estávamos no quarto dele. Peter estava tão branco que parecia um anjo.

Talvez ele realmente fosse um. Meu anjo.

- A culpa é sua, Medeleine. Você não devia ter me abandonado. Você nem tem o direito de chorar por mim, Medeleine. NÃO TEM! - Ele gritou a última parte e correu em minha direção, me atravessando.

Uma dor forte invadiu meu peito.

Caí de joelhos. A dor forte me impedindo de respirar.

Minhas mãos suavam. O nó em minha garganta me fazia perder o ar, cada vez mais. E a dor. A dor em meu peito era o pior de tudo.

- PETER! - Gritei e me levantei. Meu corpo suava demais. Meu peito doía e meu rosto cheio de lágrimas.

BROKEN | sem revisãoWhere stories live. Discover now