Capítulo 20 - Antes

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⚠️ ALERTA GATILHO. CAPÍTULO EXTREMAMENTE PESADO!!!!! POR FAVOR, SE FOREM SENSÍVEIS, NÃO LEIAM. ⚠️

Maratona 2/4

HampellVille - junho de 2018.

Peter Blackwell.

Cansado.

Cansado pra caralho pra continuar lutando.

Essa porra de voz está me atormentando desde a hora que eu saí de casa, desde que deixei a carta no meu quarto.
A voz meiga da Med, onde ela diz que me ama e que sou tudo pra ela me atormenta mais do que meu pior pesadelo.

Só eu sei o quão forte eu tenho sido, o quanto eu lutei e o quanto venho pensado nela. Mas eu simplesmente desisti.

Covarde? Não, eu não me sinto assim.

Medeleine provavelmente diria que eu morri lutando.

Imagine que você está no mar e esse mar está num daqueles dias em que as ondas são enormes. Se você bobear, elas te levam, você afunda e nunca mais ressurge. Ninguém virá para te salvar.

Nunca te acharão.

Foi exatamente isso que aconteceu comigo, metaforicamente falando.

Eu nadava loucamente pra chegar numa ilha próxima, a ilha seria a minha salvação e minha ilha sempre foi a M.
Quando eu chegava perto da ilha, já até podia sentir a areia nos meus pés, o cheiro do mato. Mas a maldita onda vinha e me puxava de volta para o mar; E eu continuava a nadar.

Continue a nadar, continue a nadar...

Dori. Ironia eu pensar nisso, quando na real deixei a onda me levar, me afundar.

Não me acharão. Nunca.

Depois de fazer exatos quatro rascunhos, tenho a carta certa, ela está pronta.

Deus! Só eu sei o quanto eu tô tentando pra caralho desde que meu pai se foi. Eu me sinto leve, porque sei que ele está me esperando.

Não, nunca fui do tipo religioso, daqueles que acreditam em céu, inferno, vida após a morte e tudo mais. Mas foda-se, eu sei que vou descansar, que meu pai me espera e que vai ficar feliz por me ter com ele. Eu quero acreditar nisso. Preciso acreditar, pra não ser fraco.

Olhei mais uma vez pra uma das minhas fotos com a Medeleine. Eu quero morrer com ela ao meu lado, quero que minha luz esteja comigo até o meu último segundo.
Quero vê-la brilhar pra mim, uma última vez.

Lembro da nossa última briga, dois dias atrás. Ela me chamou de egoísta e mimadinho de merda. Ela brigou tanto comigo por causa dessa porra de vício.

Eu não a culpo, óbvio que não. Ela só queria que eu parasse antes que isso acabasse comigo, mas já é tarde demais.

Tarde demais.

Suspirei e me levantei da escrivaninha.

Não tem mais volta agora, não posso pensar nela demais, não posso desistir de achar minha felicidade.

Espero que ela me perdoe e que eu a tenha ensinado algo. Tenha sido o suficiente enquanto pude.

Porque agora é tarde demais.

Deixei a carta na cama e encostei a porta, depois de pegar a chave do meu carro.

Para Medeleine.

BROKEN | sem revisãoWhere stories live. Discover now