O observei se levantar e dar duas batidinhas leves na coxa, como se limpasse uma sujeira inexistente na calça. Me levantei também e nós seguimos até o carro preto dele.

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Um mês se passou desde o dia que eu li a carta. Estamos quase no fim de agosto.

Eu vou ao psicólogo uma vez por quinzena, o que tem me ajudado muito.
Eu escrevi a carta para Peter, mas ainda não tive coragem de ir ler para ele, nem mesmo deixei que alguém lesse. Ela ainda precisa de alguns reparos, sinto que ainda não está escrito tudo que quero dizer.

Nesse mês que se passou, eu e Davies nos aproximamos bastante. Mas nessa última semana, as coisas mudaram um pouco, ele se afastou bastante, quase não me manda mensagens e nem vem me ver mais.
Hoje é sábado, dia de passar o dia todo no sofá e morrer de preguiça. Coisa que eu e Davies vínhamos fazendo nesse último mês.

Davies, vem pra cá hoje?

Mandei uma mensagem há três horas, mas até agora sem resposta.
Suspirei e me levantei do sofá, não posso cobrar nada dele, não somos nada além de ficantes nas horas vagas.
Subi as escadas, separei uma roupa de banho e uma roupa qualquer para colocar por cima. Decidi que vou ao lago outra vez, para o meu lugar de paz.

Tomei banho rápido e me vesti. Por sorte, ainda estamos no verão, mesmo que seja três da tarde, ainda está um baita calor.

- Oi, papito. - Chamei meu pai pelo apelido que chamo sempre que quero algo e ele riu.

- Que você quer, ein? - Fez cara de bravo e eu ri.

- Me empresta o carro? Vou pro lago de novo. - Fiz biquinho e ele mordeu a ponta do meu nariz, como sempre fazia quando eu tinha oito anos.

- Você cresceu tanto, minha filha. Não é mais a princesinha do papai. - Dessa vez ele quem fez bico. Gargalhei e neguei com a cabeça. - Pega a chave na mesinha da sala, cuidado, Med.

- Obrigada, pai. Eu amo você. - Saí saltitando da cozinha e peguei as chaves.

Não vi minha mãe desde que acordei, provavelmente foi visitar a vovó. Ela vai pra lá uma ou duas vezes por mês. Infelizmente não a vemos muito, ela escolheu viver em paz no sítio, longe da cidade e de toda essa bagunça, confesso que queria as vezes.

Entrei no carro, depois de colocar algumas coisas que eu precisaria e saí dirigindo ao som de Taylor Swift.

Hoje eu só quero aproveitar meu dia, descansar e me renovar pra semana que vem.
Max está cuidando das coisas da família dele e disse que vai me eleger à secretária dele, não é muita coisa, já que a empresa é pequena, mas é um bom trabalho, me ajuda e o ajuda.

Vou o caminho todo escutando músicas na rádio e cantarolando baixinho.

Estacionei o carro no lugar habitual, numa trilha na floresta e desci do carro.
Abri o porta malas e tirei um repelente e protetor solar que meu pai sempre deixa lá guardado, passei ele mais ou menos pelo meu corpo e peguei minha toalha.
Hoje decidi que vou aproveitar meu dia sozinha e dar um mergulho.

Sinto saudade de quando eu e Pet fazíamos isso juntos.

Caminhei em passos lentos até a parte que eu normalmente ficava na cachoeira, mas parei abruptamente quando escutei alguns barulhos. Pareciam gemidos. Gemidos de uma menina, mas não eram gemidos de dor.

Revirei os olhos e bufei, sério? Esse lugar não é frequentado há anos e de uma hora pra outra parece que virou lugar preferido dos jovens para uma casual trepada. Um baita bordel.

Segui os gemidos, pra dar uma olhadinha e ver se eu conheço os malucos que resolveram transar no mato. Estranhei o fato de ter mais pessoas aqui, não vi nenhum carro nem nada.
Continuei andando, até que eu escutei a voz feminina dizer:

BROKEN | sem revisãoWhere stories live. Discover now