As semanas seguintes

Start from the beginning
                                    

- Depois de você a castigar por tantas vezes, como me contou, até sem ela ter feito nada de errado, realmente é um sentimento muito nobre. Tenho que concordar com você.

- Ela é uma menina muito boa. Temos conversado muito ultimamente. Acho que ela tem sido a minha segunda confidente, porque a primeira é a senhora obviamente.

Com aquelas falas, claramente Pérola estava conseguindo algo que só Artur havia conseguido quando criança, conquistar um pouco de compaixão no coração daquela senhora.

Quando Josefa diz:

- Isso mesmo, a primeira sempre tem que ser eu. Tudo bem que ela é uma escrava de luxo, mas, a sua primeira confidente ela jamais será, porque esse lugar já está ocupado. Diz ela sorrindo intensamente, enquanto Scarlett retribuía também com um sorriso.

- Com toda a certeza senhora. O que a senhora fez por mim, acho que ninguém faria nessa vida. A senhora salvou a minha vida, quando o meu marido queria me matar.

- Não foi nada. Amigas são para essas coisas mesmo. Continue nesse caminho Scarlett. A bondade faz muito bem para nossa alma. Vai ver que vai se sentir mais leve e feliz, com mais energias positivas.

- É isso que estou esperando. E como está o seu marido?

- Ele está bem melhor senhora, já consegue se levantar e se locomover. Fica a maior parta do tempo deitado, mas já está melhor. E esse seu escândalo no caso Juliano, eu te falei que isso não iria dar certo Scarlett. Afirma Josefa franzindo a sua testa, demonstrando certa reprovação em sua fala.

- Eu vi como o povo está me olhando. Estão novamente todos desconfiados de mim não é? Eu acho que errei mesmo ao ter atacado ele daquela forma. O comandante de polícia tem convicção que não foi ele o mandante do meu atentado. Eu ainda estou desconfiada, mas acho que fui precipitada em ordenar aquele ataque.

- Eu te disse, primeiro tenha certeza, para depois atacar.

- A senhora estava certa.

- E o seu relacionamento com Artur?

- Melhor impossível senhora. Estamos fazendo amor constantemente. Depois de todo aquele tempo que fiquei sem fazer sexo, por causa daquela ferida, quando tudo cicatrizou, eu voltei com força total. Estamos querendo muito ter esse filho.

- Ele está animado mesmo?

- Demais, Artur é doido com sexo. Eu fico impressionada com a sua desenvoltura. Ele é muito bom!

- Que ótimo! E você já se consultou?

- Ainda não, eu fui em Salvador, mas não deu tempo de ver isso. Estou programando uma viagem em setembro pra lá. Nessa viagem reservarei um tempo para ver essas coisas.

- É importante Scarlett. Só um médico conseguirá dizer se você tem grandes ou pequenas chances de engravidar com a sua idade.

- Eu farei isso, mas já estou atendendo as suas recomendações de priorizar o sexo no meu período fértil. Tenho anotado tudo. Agora é esperar.

- Eu estou te sentindo mais alegre Scarlett, é impressão minha?

- Não sei senhora. Eu acho que eu pensei muito nesses dias em que estive de cama sabe. Acho que tenho que tentar ter uma vida mais leve e aproveitar ela melhor.

- Eu te digo isso a muito tempo! Parar com esse ódio e rancor das pessoas, isso pesa em nossa vida Scarlett. Deixe o passado lá no passado e construa o seu futuro.

- É isso mesmo senhora. É isso que vou tentar daqui pra frente.

Então aquela conversa continua por horas, quando após se despedir de sua melhor amiga, Scarlett retorna feliz para casa, refletindo sobre o que haviam conversado e sobre a necessidade de buscar ser mais feliz.

Aquela amizade entre Scarlett e sua mucama ia crescendo e todos percebiam a harmonia que as duas estavam naquela casa. Maria estava a adorar tudo aquilo, porque, depois que a amizade delas ficou mais intensa, Scarlett não havia a castigado mais, mesmo com ela cometendo algumas pequenas falhas e, por incrível que pareça, aquela senhora havia as relevado. Quem não estava gostando nada do aumento da amizade e da influência de Pérola sobre a dona daquela casa era Catarina, que estava ficando em segundo plano novamente. O ódio daquela escrava pela escrava branca aumentava a cada dia.

O mês de setembro de 1788 chegou e depois de muito tempo sem se relacionar com Pérola, com uma viagem de Scarlett para Salvador o qual ela iria fazer uma primeira consulta com um médico para avaliar a sua condição de engravidar, Artur, louco de paixão e saudade, vai até o quarto da escrava branca novamente a pedindo um beijo.

Pérola reluta em corresponder a aquele pedido, mas Artur insiste, questionando se ela não o amava mais, criando uma pressão psicológica na mente daquela escrava. Por um lado, ela amava aquele escravo, mas por outro ela sabia o risco que correria ao se relacionar com ele. Além disso, ela estava sem querer trair a confiança de Scarlett que estava muito grande nela naquele momento e então ela prefere recusar se relacionar com Artur, fazendo aquele jovem sair triste do seu quarto.

Scarlett ficou mais de uma semana em viagem e Artur continuou a tentar beijar Pérola dia após dia, fazendo com que ela ficasse com o coração partido ao negar todas aquelas tentativas realizadas pelo seu grande amor.

No último dia, antes da chegada de Scarlett, Artur pegou mais pesado nas suas ameaças a Pérola, afirmando novamente que se ela não o beijasse que ele iria entender que ela não o amava e tentaria a esquecer, se casando de uma vez por todas com Scarlett. Desesperada e com o coração apertado, Pérola se jogou em seus braços e eles deram um longo e duradouro beijo depois de muito tempo sem se relacionar.

Aquele foi um beijo que ascendeu aquela perigosa chama que estava apagada. O amor ficou intenso novamente naquela casa e depois do retorno de Scarlett, sedentos por mais demonstrações de amor, aqueles dois estavam a começar a cometer equívocos, se olhando demais, não conseguindo disfarçar que entre eles existia algum sentimento. Naquele contexto essas demonstrações de carinho se transformavam em um risco enorme.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now