A quinta-feira

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Na quinta-feira novamente Artur foi cumprimentar Pérola pela manhã, mas nesse cumprimento ele sentiu aquela jovem um pouco fria ao respondê-lo. Imediatamente ele foi conversar com ela:

- Está acontecendo alguma coisa Pérola?

- É melhor a gente não se falar mais Artur. Se a nossa dona descobre que estamos a conversar ela vai matar nós dois. Diz Pérola demonstrando muito medo naquele instante.

- Você está a abdicar do nosso amor Pérola, é isso?

- Sim Artur. Ontem eu descobri do que a nossa dona é capaz e não quero ser a próxima a ser castigada por ela, de maneira que nem quero imaginar como. Temos que ser mais prudentes.

- Pérola. O que aconteceu, por favor me conte?

- Gertrudes me contou algumas das maldades que Scarlett já fez com os escravos dessa fazenda Artur. Até então eu achei que ela apenas batia nos escravos. Ontem descobri que elas os mata de forma cruel! Eu não quero que a minha vida termine assim. Responde Pérola em tom direto.

- E quer que ela termine como Pérola? Sendo escrava dessa senhora? Sendo castigada aos poucos e perdendo os seus anos de vida? Imaginando que poderia viver um amor de verdade, mas que por medo e covardia preferiu não o viver? O que será de sua história daqui pra frente? Questiona Artur demonstrando nervosismo.

- Artur eu não posso arriscar e você também não. Eu estou falando isso para te proteger também. Podemos estar sendo vigiados e as pessoas sabendo que estamos a conversar. No domingo quando Scarlett chegar isso pode estar nos ouvidos dela e poderemos parar naquele tronco ou coisa pior.

- Pérola eu te amo! Eu quero você seja lá o que aconteça. Entenda de uma vez que estou apaixonado! Tudo que eu quero é te amar. Deixe eu te amar! Diz Artur com um olhar demonstrando imensa emoção ao se aproximar ainda mais de Pérola.

Pérola responde:

- Eu não posso arriscar a nossa vida dessa forma Artur. Eu também te amo. Mas, por isso mesmo eu tenho que te proteger e me proteger da nossa dona. Eu não posso te corresponder na situação que estamos.

- E o que você propõe? Questiona Artur demonstrando um certo nervosismo em sua fala.

- Eu proponho que a gente não continue com isso. Eu proponho que não nos arrisquemos mais.

- Pois eu proponho exatamente o contrário. Pérola não podemos deixar de viver um amor que pode ser tão bonito. Por favor, vamos viver o que ainda não vivemos.

- Não Artur, eu não posso! Depois que descobri do que nossa dona é capaz eu não posso me arriscar assim.

- Você apenas descobriu do que ela é capaz Pérola. Eu vi tudo isso acontecer. Eu presenciei tudo. E mesmo assim, para estar com você eu enfrento os riscos. Eu gostaria que você pensasse da mesma forma pelo nosso amor. Eu vi a minha mãe morrer naquele tronco a ser chicoteada até o último suspiro e por você eu aceito lutar e arriscar a passar pelo mesmo que ela passou, dá pra fazer o mesmo por mim. Diz Artur de forma apaixonada.

- Não Artur. Não dá. Não é possível! Diz Pérola demonstrando intensa preocupação.

Quando Artur a abraça, a joga na cama, segura as suas mãos e lhe dá um intenso beijo! Perola fica sem reação e corresponde ao forte beijo daquele escravo. Muito preocupada, depois de alguns segundos, ela tenta se desvencilhar dele, mas ele mais forte, segura as mãos daquela escrava branca de forma ainda mais firme e continua a beijá-la, deitado sobre ela, em cima da cama de sua dona. A porta estava aberta naquele momento, mas Artur estava tão apaixonado que para ele nada importava. Ao terminar aquele beijo, ele então diz sorrindo e de forma irônica:

- Tem certeza?

Pérola estava tentando respirar após aquele beijo tão intenso, que a fez perder o ar, quando acanhada, olha para ele e abre um sorriso. Artur então faz uma proposta:

- Amanhã eu quero você no bosque às três horas da tarde, sozinha. Eu vou te mostrar o que é ter liberdade. Essa será a última chance de descobrir o que é isso na vida! Se não vier, eu vou entender que não quer mesmo lutar pelo nosso amor e farei o possível para controlar o meu coração daqui pra frente e viver com a nossa dona. Mas, se vier, entenderei que a nossa luta vale a pena e lutarei pelo resto da minha vida para que possamos ser livres e viver juntos! Eu vou atrás de você até o fim! Porque tudo que eu quero eu não desisto. Eu só preciso que você me dê um sinal para que continue a lutar por esse amor, que tenho certeza que é verdeiro e que jamais encontrarei outro igual! Aqui é o seu lugar Pérola! Diz ele de forma decidida a colocar a sua mão direito sobre o coração, demonstrando confiança.

Antes que Pérola dissesse alguma coisa, ele coloca o dedo indicador na boca dela e diz:

- Não precisa dizer nada agora. Pense até amanhã e reaja. A sua ação será a sua resposta. Me encontre no bosque próximo ao riacho amanhã as três da tarde! Você não vai se arrepender! Diz ele ao dar um sorriso e sair imediatamente daquele quarto, indo em direção as escadas.

Aquele dia termina com Artur sorrindo durante a noite, apaixonado, se lembrando de Pérola após aquele beijo. Pérola fica a noite inteira tentando entender o que faria no outro dia. Por um lado ela queria ir e corresponder aquele amor, não importa as consequências. Por outro, os casos que ouviu de maldade de Scarlett a aterrorizavam e ela tinha um medo extremo de ser descoberta. Pérola estava dividida, ficou por boa parte da noite a pensar no que faria no dia seguinte e dormiu sem se decidir efetivamente.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now