Miss Scarlett e a escrava branca

O domingo

Scarlett acorda e nesse dia havia combinado de ir a missa com os seus matadores de aluguel. Ela estava com saudades daquele vilarejo, já que desde que chegou de Salvador, ainda não havia tido tempo de ir a missa.

Ao chegar na cidade, foi cumprimentada por um grande número de pessoas que a admiravam muito pela sua intensa riqueza e pelo poder que havia construído, tendo um contato direto com o rei de Portugal, algo que nenhuma outra pessoa daquela região possuía. Depois daquela influência de Scarlett que foi propagada por aquele vilarejo é que ninguém mais tinha coragem de a contrariar.

Aquela senhora era quase uma política de poder supremo naquela região, tamanha a sua influência. De tempos em tempos, para se mostrar caridosa, ela doava uma grande quantidade de alimentos aos pobres e com o tempo aquelas pessoas começaram a idolatrar Scarlett.

Com as suas doações cada vez maiores a igreja, o padre não deixava que ninguém ousasse falar mal dela naquela comunidade. Scarlett construiu uma forte influência com os juízes das cidades vizinhas através de pessoas importantes e nenhum deles tomariam qualquer decisão contra ela, e, caso tomassem, ela tinha uma influência ainda maior com os juízes mais poderosos de Salvador, que poderiam derrubar qualquer decisão tomada contra ela. Por fim, ela poderia recorrer sempre o rei, que havia tornado o seu amigo pessoal.

O comandante militar era quase um serviçal daquela senhora. A aquela altura, tudo que ela ordenava ele cumpria. A câmara era totalmente dominada por ela, após a morte dos principais fazendeiros rivais dela, a seu mando. Algumas pessoas que ousaram questioná-la ou fazer frente ao seu poder, misteriosamente, morreram nos anos seguintes ao conflito dela com esses fazendeiros e nada foi investigado. Depois disso, todos entenderam que não deveriam dizer nada contra aquela senhora, pois isso poderia trazer risco as suas vidas.

E assim, aquele vilarejo ia funcionando, muito em torno dos interesses e das decisões tomadas por aquela mulher, que era consultada para definir as principais questões daquela cidade, mesmo quando estava no Rio de Janeiro. Ao retornar é que o poder ficou ainda mais centralizado em suas mãos. O padre, o chefe de polícia e o presidente daquela câmara, conversavam constantemente com aquela senhora, sempre que iriam tomar qualquer decisão importante.

Scarlett adorava o poder e estava encantada por ter conseguido dominar a todos que moravam naquele vilarejo, extremamente pequeno, mas, importante naquele período, por ser um ponto estratégico na passagem de tropeiros que vinham do litoral para o interior da Bahia. A aquela altura, o vilarejo na sua zona urbana tinha aproximadamente 2 mil moradores.

Muito severa com os seus escravos e com a fama espalhando por toda a região, Scarlett ajudava também os pequenos e médios fazendeiros vizinhos. A qualquer sinal de rebeldia de seus escravos, eles os ameaçavam a vender para aquela senhora. Aterrorizados com aquela hipótese, os escravos logo voltavam a trabalhar de forma perfeita e eficiente. Scarlett havia se tornado um terror para qualquer escravo da região.

Com o tempo, essas ações e a influência daquela senhora no sentido de aterrorizar os escravos, aumentou a produtividade rural de toda aquela região do estado da Bahia, o que era elogiado pelo rei de Portugal em suas cartas enviadas a ela, o qual descrevia que Scarlett havia controlado os seus escravos tão bem, que até os vizinhos estavam colhendo os frutos, tendo a produtividade dos últimos anos, naquela região, aumentado muito, o que era muito positivo para os rendimentos da coroa.

Naquele dia, ela então entra na igreja e é abraçada pelo padre que estava feliz em recebê-la. Ele questiona porque ela estava tão ausente naqueles últimos meses e Scarlett responde que estava em Salvador e a resolver algumas questões importantes da fazenda, por isso não pode comparecer as últimas celebrações. O padre afirma que ela que faz muita falta a igreja.