Miss Scarlett e a escrava branca

A verdadeira história do homem misterioso

Oito anos antes, Scarlett estava sendo muito pressionada pelos principais fazendeiros da região a se casar. Após dois anos da morte de seu marido, aquela senhora não dava nenhum sinal de que pretendia arrumar um novo matrimônio, assim como havia levantado a hipótese logo após a morte do seu esposo.

Antônio Dias, o homem mais poderoso daquelas terras por muitos anos, antes da morte de Francisco, estava a perder cada vez mais poder pelo aumento da influência de Scarlett sobre os poderes constituídos naquela região. Ele começou a pressionar os seus amigos a atuar no intuito de matar Scarlett. Aquela ação resolveria a situação daquele grupo de fazendeiros, tradicionalmente, os verdadeiros comandantes daquela região por muito tempo, que intimidados pelas dívidas enormes que tinham com Scarlett não conseguiam agir contra as suas ordens, sobre o risco de ficaram miseráveis caso ela cobrasse as suas dívidas.

Eles então decidiram acabar com o poder daquela mulher de uma vez por todas. Durante o planejamento daquele ataque a fazenda de Scarlett, aqueles fazendeiros perceberam que alguns homens chegavam na cidade de forma misteriosa, sem declarar as suas origens, ficando nas hospedarias e em casas da cidade.

Naquela mesma fase, os escravos de Scarlett descobriram que ela havia contratado ex-escravos para a sua proteção, o que contrariava um acordo que ela havia feito na época da revolta, logo após a morte de Justina. Aqueles escravos estavam decididos a tentar realizar um novo ataque a casa grande e dessa vez eles iriam até as últimas consequências para acabar de vez com a vida daquela senhora. Sabendo que esse era um interesse também dos fazendeiros da região, esses grupos começaram a conversar no sentido de realizar um ataque conjunto a aquela fazenda.

Dias antes do ataque, Scarlett escutou uma conversa de duas escravas na sua cozinha, afirmando que uma invasão estava para ser realizado naquela casa grande para matá-la. Imediatamente ela chamou Tenório, pegou essas duas escravas, as levou para uma casa distante de tudo, em uma parte isolada daquela fazenda, própria para a tortura de pessoas indesejadas. Ela e Tenório torturaram terrivelmente aquelas duas escravas, que mesmo a contando tudo que sabiam, foram mortas em seguida.

Logo após descobrir que aquele ataque estava a ser planejado, aquela senhora conseguiu convencer um dos escravos a lhe contar todos os detalhes do planejamento, em troca ela lhe daria a alforria e um bom dinheiro. Aquele escravo começou a trair os seus irmãos de cor e passar os detalhes daquela ação que seria realizada a sua dona.

Estava tudo preparado para o ataque conjunto entre parte dos escravos daquela fazenda, os principais fazendeiros da região, acompanhado de seus capatazes e matadores de aluguel. Scarlett então, sabendo a data em que ocorreria aquela revolta dos seus escravos, articulada aos poderosos da região, preparou uma emboscada em sua fazenda, posicionando os seus ex-escravos fortemente armados na proteção de sua casa e chamando os homens misteriosos, contratados por ela, que estavam na cidade, para se deslocarem até a fazenda para a sua proteção.

Logo aqueles escravos aguerridos chegaram na casa grande para iniciar aquela revolta, acreditando que, assim como havia ocorrido dois anos antes, quando Justina morreu e eles atacaram aquela sede, não haveria resistência. Mas, eles foram surpreendidos. Muitos ex-escravos contratados por Scarlett estavam preparados para a defesa e muitos daqueles escravos revoltosos foram mortos em um primeiro momento, em uma batalha sangrenta em frente a casa grande.

Muito guerreiros e lutando pela memória de Justina, a grande mentora da luta pela liberdade, os escravos estavam a lutar de forma muito aguerrida, mesmo vendo vários de seus irmãos de cor sendo mortos e que estavam a perder aquela batalha. Quando alguns deles pensavam em recuar, os demais logo os encorajavam a continuar a luta, pois sabiam que aquela senhora não teria piedade caso eles fossem capturados e a morte daqueles que ficassem vivos seria muito mais sofrida do que em batalha. Para essa revolta o grupo de escravos contou com mais de 100 homens para lutar pela liberdade e pela memória de Justina, mas, com uma defesa sólida e muito melhor armada, pouco a pouco aqueles escravos foram sendo mortos e aquele grupo, no meio da disputa, estava reduzido a um número muito pequeno de sobreviventes.