O outro dia

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Scarlett acorda muito disposta e animada no dia seguinte. Logo pede a um dos escravos para chamar Albertina para uma conversa. Minutos depois aquela escrava entra em seus aposentos e para na frente daquela senhora enquanto ela escovava os seus cabelos:

- Fiquei sabendo que Justina não quer mais comer depois da última punição, isso é verdade?

- Sim senhora, ela está um pouco sem apetite, acho que é devido a febre que não a deixa. Ela disse que tudo que coloca na boca tem um gosto muito ruim e não quer mesmo se alimentar.

- Josias disse que ela não quer comer para não se recuperar, isso procede?

- Aquele Josias fala demais senhora. Acho que a minha irmã não faria isso. Ela já está em intenso sofrimento a dias, sentindo fraqueza em seu corpo depois das intensas punições que sofreu, eu não acredito que ela estaria sem se alimentar por gosto.

- Bem, trate de fazer a sua irmã voltar a comer normalmente o mais rápido possível. Se não eu vou castigar ela e depois eu castigo você também por não ter conseguido fazer com que ela cumprisse as minhas ordens.

Nesse momento Albertina ficou completamente pálida de medo. Ela a muito tempo não era punida por ninguém, pois jamais havia dado motivos para ser castigada, já que era uma escrava completamente submissa as ordens de sua dona. Entretanto, para atingir Justina, Scarlett já a castigou algumas vezes, quase até a morte. Ela se lembra novamente das dores que sentiu e aquilo a deixa em um estado de completo pavor. Estado esse, que pelo olhar, Scarlett conseguia sentir e isso a causava uma excitação enorme. Depois de muito tempo a processar aquelas informações, aquela escrava responde:

- Senhora, eu mais do que ninguém quero que a minha irmã fique forte novamente. Eu peço a ela para comer, mas ela diz que não tem vontade. Ela sente muita falta do filho. Será que eu não poderia levar Artur para que ela veja, talvez assim ela tenha mais vontade de lutar por sua vida?

- A sua irmã parece que não entendeu ainda que ela é apenas uma escrava. Mas vou fazê-la entender isso, nem que seja na marra. Ela não tem direito de escolher o que quer ou não quer fazer. Quem decide isso sou eu. Ela não verá Artur e será obrigada a comer ou eu vou castigá-la intensamente e depois farei o mesmo com você por não ter conseguido a convencer a comer. Eu estou perdendo a paciência com vocês duas! Diz Scarlett em tom sério e seco.

- Me perdoe senhora, era apenas uma possibilidade. Eu sinto muito pelo que eu disse, foi uma ideia completamente maluca e sem sentido. Diz aquela escrava com um semblante muito triste, tamanho o medo que estava a sentir naquele momento.

- Você tem até terça-feira para fazer Justina comer normalmente, se não fizer, eu farei do meu jeito e ainda a castigarei intensamente por não cumprir a minha ordem! Diz Scarlett mais uma vez de forma direta.

- Sim senhora, eu farei o possível para isso. Ela vai se alimentar direitinho. Diz Albertina já a tremer de medo, apenas, em pensar na possibilidade de ser castigada por aquela senhora novamente.

- Pode voltar para a senzala e diga a Justina que eu estou a ordenar que ela coma. Diz Scarlett.

- Sim senhora. Responde Albertina ao sair do quarto indo em direção a senzala para conversar com a irmã.

Ao chegar na senzala, rapidamente todos perceberam a sua palidez. Albertina tinha um terror incontrolável por Scarlett que já havia feito coisas absurdas contra o seu jovem e belo corpo. Justina logo se assusta e questiona o que aconteceu:

- O que aconteceu irmã? Você está parecendo que viu um fantasma!

- Scarlett disse que era pra você comer, minha irmã, ou ela me castigaria caso não conseguisse te convencer.

- Aquela senhora! Diz Justina virando a cabeça de um lado para o outro em tom de desaprovação. Josias, você foi falar pra ela que eu não estava comendo direito? Questiona Justina agora em tom ameaçador.

- Eu não falei nada. Responde Josias.

- Disse sim. A senhora me disse que foi você que contou pra ela. Afirma Albertina.

- Pois agora está decidido. Eu não como é nada daqui pra frente! Diz Justina em tom revoltado com a ação de Josias. Quando continua a sua fala: - Eu quero ver quem vai me obrigar. E a partir de hoje o nosso trato está desfeito. Fique de olho em mim, pois a primeira oportunidade que tiver de morrer eu vou me matar e você vai pagar todos os meus pecados com aquela senhora, porque eu não vou mais cuidar de minha pele para salvar o negro que só pensa em si. Diz Justina em tom bravo.

- Justina, por favor não faça isso. A senhora não pode fazer isso comigo. Scarlett vai me matar se a senhora morrer. Diz Josias desesperado a tremer de medo com aquela possibilidade apresentada por aquela escrava.

- Deveria ter pensado nisso antes de me denunciar pra ela. Eu já estou praticamente morta mesmo. Agora você dizendo para ela o que eu faço e o que eu não faço deve morrer também. E eu a partir de agora farei de tudo para que isso aconteça! Diz Justina em tom direto a ameaçador.

- É assim, então agora que vou contar tudo pra ela mesmo! Morrer é que você não vai. A dona Scarlett vai fazer você comer a força. Diz Josias tentando responder a aquela afronta de forma violenta.

- Eu quero só ver ela conseguir. Não como, não como e não como! Diz Justina em tom revoltado, cortando relações com aquele escravo. Quando ele depois daquela discussão fica calado e emburrado no canto daquele espaço. Demonstrando intensa preocupação com a fala de Justina.

Quem fica ainda mais desesperada nesse momento é Albertina ao ver aquela briga, pois se a sua irmã não se alimentasse, assim como prometeu a Josias, certamente, era ela que seria punida por Scarlett conforme aquela senhora má a prometeu.

Quando os ânimos acalmaram, Albertina novamente, foi conversar com a irmã pedindo para que ela comece novamente:

- Justina, você precisa mesmo comer, senão ficará muito fraca e pode morrer realmente.

- Nesse momento é tudo que mais quero em minha vida minha irmã, como te disse, não aguento mais tanto sofrimento, Scarlett conseguiu vencer esse jogo. Se ela queria que eu me arrependesse de ter nascido, eu já me arrependi.

- Não pode pensar assim minha irmã. E Artur como vai ficar sem você. E eu, como fico nessa história.

- Como já te disse, eu amo muito vocês. Mas, não consigo mais lutar contra o meu destino. O meu destino é uma morte dura e dolorosa e hoje torço para que ela venha o mais rápido possível. Ser violentada por aqueles homens, daquela forma, não feriu apenas o meu corpo, mas parece que atingiram em cheio a minha alma, se é que nós escravos temos alma, pois esse povo jura que não. Mas aquela dor foi tão profunda em meu coração, que sinto que eles estão enganados e que aquilo atingiu algo mais profundo que tenho dentro de mim. Eu não imaginava que poderia sentir tamanha dor, que algo pudesse trazer um desespero tão grande, de não poder controlar o meu corpo e o que ele desejava, que era parar com tudo aquilo. Esse mundo, depois daquele trauma, não é mais pra mim. Eu não consigo mais dormir, que tenho pesadelos com aquelas cenas de horror. Acordada, aquilo não me foge da cabeça. Scarlett conseguiu assombrar todos os momentos de minha vida. Ainda mais que sei que a qualquer momento ela pode tentar aquilo de novo. Eu tenho que acabar logo com isso. Diz Justina com o seu semblante desesperado ao falar com a irmã.

- Então se alimente por mim minha irmã. Eu não sei o que Scarlett está planejando, mas ela me disse que irá me castigar severamente caso você não coma. Por favor, faça isso por mim?

- Por você eu tentarei minha irmã. Eu não sei se conseguirei, pois todas as vezes que tentei comer ou tomar algo, a minha cabeça, não aceitou. Ela está girando, toda vez que tento comer alguma coisa. Mas, tentarei me alimentar para atender o seu pedido e não lhe fazer sofrer mais. Pode ser que eu não consiga e se não conseguir, desde agora peço perdão. Poi isso está além de minhas forças.

- Se não conseguir minha irmã, eu vou entender. Diz Albertina, enquanto vai em direção a irmã a abraçá-la novamente.

Miss Scarlett e a escrava brancaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ