- Nossa senhor. Que pena. Eu estava querendo muito que encontrassem logo o mandante, para podermos saber o motivo de atentar contra uma senhora tão bondosa, que ajuda tanto a cidade e as obras da igreja.

- Scarlett é um ícone desse vilarejo. Ela trouxe muito desenvolvimento para todos nós nesses últimos anos. Trouxe riqueza, favoreceu o comércio, ajuda os pobres, a igreja é uma mulher incrível. Seria uma pena muito grande perdê-la.

- Eu vejo o quanto ela é bondosa e caridosa senhor. Eu espero que consigam encontrar alguma pista desse homem, o tal do João Destruidor.

- Dizem que é muito difícil encontrá-lo Juliano. Dizem que ele anda por esse sertão em bando. Não tenho muitas expectativas quanto a isso. Mas, dizem que não existem crimes perfeitos! Um dia encontraremos uma pista que levará ao verdadeiro mandante.

- Espero que encontrem o mais rápido possível senhor. E diga a Scarlett para ela aumentar a segurança dela enquanto ela estiver na estrada. Ela é uma senhora muito poderosa e tem que tomar certos cuidados.

- Uma ótima dica meu amigo. Eu direi isso a ela assim que a encontrar. Ela precisa mesmo andar com mais seguranças agora, especialmente, porque não encontramos o verdadeiro mandante do ataque. Ele pode estar aí a solta.

- Isso mesmo comandante. Bem, eu vou entrando para descansar um pouco. Foi um prazer conversar com o senhor.

- Ah e precisamos tomar mais alguns drinks heim, você prometeu me pagar mais alguns, quando fomos interrompidos pelo chamado para atender o caso da Scarlett. Afirma aquele comandante em despedida.

- Sim senhor, nesse fim de semana, após a missa, marcamos de novo e tomaremos os drinks que faltaram naquele dia em que o dever te chamou.

- Um grande abraço. Diz aquele comandante de polícia ao sair por aquelas ruas, sem nem imaginar que o seu mais novo amigo era o verdadeiro mandante daquele crime.

Um pouco mais tarde, naquele dia, Antônio Dias Filho, percebeu que dois homens chegaram naquela pousada. Homens esses, que ele perguntou na recepção e os funcionários disseram que nunca haviam os visto. Aquela fala o deixou extremamente preocupado.

Ele se preparou em seu quarto, deixando as duas armas que possuía em um ponto ainda mais estratégico. Quando chegavam os serviços de quarto, ele questionava quem era e, quando a mulher respondia, ele abria a porta e pegava as suas refeições. Antônio Dias Filho estava com muito medo, ele tinha convicção de que aqueles homens poderiam ter chegado para tentar acabar com a sua vida. Nessa noite ele não conseguiu dormir, ficando extremamente alerta e se assustando com qualquer som que escutava.

Na fazenda, Scarlett se sentia bem melhor e estava com Maria e Pérola em seu quarto a cuidar dela. Quando o horário começou a avançar, ela pediu que Maria fosse se deitar que ela queria passar aquela noite com Pérola a cuidar dela em seu quarto. Que Maria poderia retornar no dia seguinte. Imediatamente Maria se despede de sua senhora e Pérola fica a sós com ela. Quando Scarlett a questiona:

- Seja sincera comigo Pérola. O que você acha de mim? Diga com toda a sinceridade. Eu prometo que não vou te castigar, seja lá o que diga.

Pérola fica receosa com o que vai dizer depois daquela questão. Mas, ela tenta ser sincera, mesmo tendo muita delicadeza em todas as suas ações e falas:

- Senhora. Eu fico um pouco sem jeito de dizer o que penso, mas, vejo que a senhora é bastante severa com os seus escravos e isso me deixa um pouco triste, porque eu não gosto de ver o sofrimento dos outros.

- Você tem ódio de mim?

- Claro que não senhora. Ódio é uma palavra muito forte. Pela leis de Deus não se pode sentir ódio de outra pessoa. Temos que saber perdoar.

Scarlett fica impressionada com a fala daquela escrava, que parecia ser sincera. Ela tinha realmente o coração muito bom. Quando Scarlett a questiona:

- Você é muito religiosa não é Pérola?

- Sim senhora. Adoro ler os livros sagrados. Eles nos ensinam muito sobre a vida. Sobre como tratar as pessoas. Sobre amar a todos, como Jesus nos amou enquanto esteve nessa terra.

- Confesso que estou impressionada com a sua bondade Pérola. Se questionasse isso a todas as minhas escravas, tenho certeza que a maioria delas, se fossem sinceras, diriam que me odeiam. Eu admiro essa sua forma de ver a vida e as pessoas.

- Eu acho que não consigo odiar ninguém nesse mundo senhora. Eu já fui muito maltratada na casa da minha dona, quando o meu pai morreu e antes disso. Ela sempre que podia me humilhava e me fazia sofrer. Mas, eu sempre a perdoava e rezava para que ela pudesse melhorar o seu coração e diminuir o ódio que sentia de mim.

- Isso é muito nobre Pérola. Muito nobre mesmo! E o que você sente quando estou te castigando?

- Muita dor senhora! Diz Pérola tentando ser sincera em sua fala.

Scarlett abre um sorriso com a sinceridade e a simplicidade daquela escrava na resposta. Quando ela diz:

- Eu digo de sentimento Pérola. O que você sente em sua mente? Tens vontade de se vingar de mim de alguma forma? Seja sincera por favor. Eu não vou te castigar por isso. Estou debilitada aqui e prometo que não vou te fazer mal. Eu só quero entender melhor o que as pessoas pensam de mim de verdade. Isso pode ser importante para que eu faça uma análise da minha vida. Eu quase morri e enquanto estou aqui nessa cama, tenho pensado muito sobre as minhas ações.

- Não senhora. Eu jamais tive vontade de me vingar da senhora. Nem nos seus castigos mais severos. Nem quando me castigou naquele dia em que não havia feito nada. Eu não tenho esse sentimento de vingança em meu coração. Tudo que sempre fiz foi rezar para que Deus me iluminasse e pudesse fazer com que eu não cometesse erros para não precisar ser castigada e também para que Deus pudesse tocar no coração da senhora, para que pudesse ser mais compreensiva com todos os escravos dessa fazenda.

Scarlett fica impressionada com aquela fala de Pérola, que parecia ser muito sincera. Era mesmo uma jovem escrava, de coração muito nobre. Quando, comovida com aquelas falas, ela questiona:

- E você acha que as suas preces tem surtido efeito?

- Bem, quando cheguei aqui era castigada constantemente. Eu achava que não iria suportar por muito tempo, pois os seus castigos são muito severos senhora. Eu fiquei impressionada nas primeiras punições. Mas, com o tempo eu fui aprendendo a trabalhar melhor e fazer as coisas da forma que a senhora deseja e tenho sido cada vez menos castigada. A senhora parou de me punir quando eu não fiz nada de errado. E acho que as minhas preces tem sido atendidas. Estou bem mais tranquila nesses últimos tempos. Diz Pérola com um sorriso no rosto.

- Fico feliz que esteja dando certo as suas preces Pérola. Eu vou começar a torcer por elas também de hoje em diante. Você é uma escrava muito especial! Cada vez mais eu aumento a minha admiração por você e o seu nobre coração! Diz Scarlett também sendo sincera, demonstrando um certo cansaço ao abrir a sua boca, quando ela deita um pouco mais de lado e encerra aquela conversa, presa aos seus pensamentos, admirando como Pérola via o mundo ao seu redor, depois de um tempo ela consegue pegar no sono.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now