Capítulo 48 - Uma Nova Flor, Para Um Novo Amor

11 5 0
                                    

No dia seguinte, Ana jantou com a família Aomi. Ela suspeitava que Juca falou para seu pai e sua avó sobre sua mãe e o motivo dela ter saído de casa. Eles estavam mais relaxados, mas mesmo assim não tocaram no assunto.

— Ana, querida – falou o senhor Aomi depois que as coisas pareciam estar mais tranqüilas, - espero que você não nos ache estranho e que volte mais vezes almoçar ou jantar conosco.

— Não há motivos algum para eu não vir, senhor Antônio – Ana respondeu. – E não fique a pensar coisas ruins, eu gosto muito de todos vocês.

— Que bom, minha filha – pela primeira vez a avó Aomi falou à mesa. – Essa família parece tão louca, difícil alguém de fora entender e ainda assim ficar por perto.

Juca riu.

— Vovó, sempre dramática.

— Não é drama – a avó falou. – É a realidade.

— Que bom que você está hoje aqui conosco, Ana – o senhor Antônio disse. – Foi muito importante a força que deu ao Juca nessa hora e em como nos reconfortou com sua presença.

Ana sorriu feliz. O senhor Antônio continuou:

— Quando Juca sentir-se pronto, encontrará sua mãe. Será o dia mais feliz da vida dela, tenha certeza.

Juca concordou com a cabeça: naquele momento, seu drama da ida de sua mãe estava parcialmente resolvido. Por mais que Juca estivesse com muita saudade da mãe, ele sabia que não podia se precipitar para vê-la de imediato. Teria que se preparar para isso. saberia quando essa hora chegasse.

Ana ficou muito feliz vendo tudo aquilo. Aos poucos, as coisas voltariam ao normal, tinha certeza. Até chegou a esquecer as flores begônias na floricultura. Mas evitava passar em frente à loja até que elas saíssem da vitrine.

Durante a semana, mais tranquila com tudo, Ana lembrou de Jeff e sentiu saudade dele. Queria vê-lo. Será que ele ainda quer? Será que está chateado comigo por não aparecer esses dias?

Fazia alguns dias que Ana não se encontrava com Jeff e ela notou que ele deixara de mandar mensagem para ela. Mas ela decidiu que o procuraria e se certificaria se estava tudo bem.

Mas, ao contrário do que Ana pensava, Jeff não estava chateado com ela. Só não quis ser inconveniente mandando mais mensagem.

— Você é um fofo, Jeff- Ana falou acariciando o rosto dele.

Eles estavam na praça, era hora do almoço de Jeff e Ana combinara de encontrá-lo para se verem.

— Desculpe estou um pouco atrasado, - Juca começou a falar – mas espero que ainda de tempo, de dizer que andei errado, e eu entendo. E a falta que você me fez nessa semana.

Ana semicerrou os olhos, estava levemente confusa. Ela falou:

— Você está me falando a letra de uma música.

— Ok, me pegou. Nando Reis. Minha irmã falou que se eu entendesse essas músicas e demonstrasse, seria legal e ia te surpreender. Acho que ela não está muito boa nas conquistas de hoje em dia.

— Mas você foi ótimo – Ana falou orgulhosa. – Sua irmã está certeza sim. Foi maravilhoso.

— Sério? Me aguarde para as próximas canções que irei te recitar.

— Por onde andei, enquanto você me procurava? O que eu te dei, foi muito pouco, quase nada.

Ana falou, mas realmente para pedir desculpa pra Jeff pela sua ausência esses dias.

— Você deveria estar com suas coisas pra resolver, Ana. Coisas de adultos. Mas você está aqui agora, não é? É o que importa. Não fique se culpado por isso.

— É que eu deixei algumas roupas penduradas – Ana falou.

— Calma – Juca disse confuso, - isso é da música, não é? Ou você deixou roupas penduradas mesmo.

— É música, Jeff – Ana respondeu rindo. – Como assim você só decora uma parte da música?

— Decorei só as coisas bonitas, ok?

Jeff ainda perguntou como foi o final de semana com as amigas de Ana.

— Foi ótimo. Nos divertimos muito. Estava com saudade delas.

— Você deveria convidá-las para conhecer a nossa cidade. Não pode ficar tanto tempo sem ver suas amigas. Elas devem sentir sua falta. Como eu senti.

Ana sorriu para Jeff e acariciou seu rosto.

— Eu também estava com saudade de você, Jeff. De verdade. Eu gosto de você.

Jeff arregalou os olhos, não estava esperando aquela confissão. Não soube o que responder em troca. Ficou em silêncio então.

Ali, na presença de Jeff, Ana pode ter a certeza do que disse. Gostava dele, sentiu saudade. Agora que estava com ele tirou todas as dúvidas dos seus sentimentos. O abraçou forte.

— Você precisa voltar? – Ana perguntou, ainda abraçada a Jeff.

— Acho que logo mais.

— Queria ficar mais com você.

Jeff segurou o rosto de Ana, deu-lhe um beijo na testa, na bochecha e depois na boca.

— Quando você quiser. Mas posso ultrapassar uns minutos a mais com você.

Ana deu uma volta no centro comercial com Jeff. Pela primeira vez estava sentindo o peso de morar em uma cidade pequena e, para ela, todos a olhavam e sabiam que estava a sair com Jeff e com Juca. Parecia que todos ali se conheciam. Era como se falassem "Vejam a nova moradora, que fica a passear ora com o moço da floricultura, ora com o da loja de doces".

Ana encolheu o ombro sentindo olhares condenatórios, olhares esses que não existiam, ninguém na cidade estava a se ocupar, ou até mesmo perceber, que ela estava a sair com os dois meninos.

Por todas as partes, bancas e vendedores de flores cercavam o centro da pequena cidade. Já era um cenário cotidiano para Ana. Era como se ela agora se sentisse, finalmente, como uma moradora oficial de Teles Silva.

— Sabe, Jeff – Ana falou, caminhando lentamente ao lado de Jeff, - se você fosse um flor, você seria as agapantos.

— Hum, e desde quando você entende tanto assim de flores pra saber até os nomes?

— Andei a pesquisar – Ana respondeu orgulhosa. – Você deveria saber dos nomes também, afinal, mora na cidade das flores.

— Ok, você me pegou. Tem razão. Mas, me fala mais dessas... agapantos? É esse o nome? Por que eu seria essas flores?

— Porque as agapantos trazem luz, beleza, são altas, alegres, facilmente cultivadas, são azuis, muito belas.

— Você quer dizer que sou azul?

— Para – Ana deu um tapinha em Jeff sorrindo.

Mas Jeff tinha que voltar a trabalhar. Ana o acompanhou até a loja e se despediu dele com um beijo. Ainda entrou na loja para dar um oi para Célia e saiu da loja.

Estava sorrindo, andando pisando nas nuvens, como se costumam falar. Agapantos.

Foi então que teve uma idéia. Sorriu mais uma vez e foi pra casa feliz.


Todas as Paixões de Juca AomiWhere stories live. Discover now