Capítulo 27 - O Atendimento Veterinário

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Ana ficou encarando Juca. O silêncio tomou conta dos dois ali na recepção da clinica veterinária. Sim, Ana agora tinha certeza que tinha algo por trás do nervosismo de Juca em ir até o consultório da doutora Julia.

— Juca – Ana começou depois de um período de silêncio, — eu sou nova na cidade. Não conheço ninguém, nem você. Mas tenho um incrível talento de reconhecer as emoções que as pessoas estão sentindo.

— Isso se chama empatia, Ana – falou Juca sem importância. – Você não é especial. É só empatia.

— Saia da defensiva e da agressividade, Juca. Você não vai conseguir nada com esse joguinho.

— O que você quer? – Juca perguntou, voltando a encarar Ana. Estava muito sério e ofegante. – Quer me entender? Perguntar coisas sobre minha vida e depois falar uma frase de efeito para me ajudar.

— Vai se foder, Juca Aomi. – Ana falou sem tirar os olhos de Juca, o encarando com determinação. – Quem você pensa que é? O morador ilustre de Teles Silva? Não me faça entrar nesse seu joguinho e me fazer agir pateticamente como você está agindo. Você é a única pessoa dessa cidade que "conheço" além da senhora Mércia, e ainda é meu vizinho. Se estou querendo saber mais sobre o porquê está agindo estranho desde que chegamos é pra manter uma social, para não ficarmos como dois desconhecidos em um elevador. Então poupe-me e poupe-se de papinho infantil e agressivo se esquivando.

Mais um momento de silêncio entre os dois, um encarando o outro, até que Juca deu um sorrisinho tímido de canto de boca, deu de ombros e virou o rosto para a direção à sala onde estava a mesa aonde a doutora Sá consultada João Gilberto.

— É confuso – Juca começou a falar. – Nem eu sei explicar direito as coisas.

— Tente!

— Não sei se tenho interesse também. – Ele olhou para Ana, que o encarava séria e atenciosa. – Ana, Eu conheço a doutora Julia desde que ela chegou à cidade e abriu seu consultório.

— Bem, até aí pra mim não há mistério nessa história toda. Todos aqui ad cidade se conhecem.

— Se a sua qualidade é a empatia – Juca falou irônico, — o defeito é a ansiedade. Estou tentando sanar sua curiosidade da melhor forma compreensível, ok !?

Ana fez um gesto com as mãos, como se pedindo desculpa e que Juca continuasse.

— Eu conheci a doutora Julia trazendo o João Gilberto ainda filhote para a primeira consulta. Ela foi bem atenciosa.

Ana sorriu, estava interessada em saber aonde aquela história ia parar.

— Assim que eu a vi – continuou Juca – eu fiquei olhando para ela. Parecia que estava paralisado. Ela era muito bonita. Bem, você a viu, né? Ela ainda é muito bonita.

— Você se apaixonou pela doutora Julia?

— A ansiedade, Ana. A ansiedade.

— Desculpa.

— Não tem com o que se desculpar. Na verdade sou eu que estou enrolado porque não sei dar seqüência ao que houve, não sei como falar.

— Fala exatamente o que aconteceu.

— É confuso e complexo, Ana. Mas enfim, o que você quer e precisa saber é sobre a doutora Julia. Eu trouxe o João Gilberto filhote e ela dedicou toda a atenção a ele. E aquilo me deixou... não sei... encantado.

— Você ficou apaixonado pela doutora Julia?

— Ana – falou Juca virando o rosto novamente e depois olhando para o chão – eu não quero poder falar assim ou assumir isso. Eu fiquei encantado pela doutora Julia. E depois que fui embora com o João Gilberto examinado eu fiquei triste em saber que não a veria tão cedo, só quando o cachorrinho ficasse doente. E eu fiquei triste com aquilo. Mas uma coisa eu estava certo: eu queria vê-la mais. Eu precisava disso.

Todas as Paixões de Juca AomiWhere stories live. Discover now