Capítulo 9 - A História da Floricultura

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Ana já tinha uma enorme coleção de imagens com decorações com flores e plantas. Agora estava na dúvida de qual linha seguir. Não posso fazer uma mistura de tudo, tenho que focar em um estilo. Será que os moradores aqui prestam a atenção nisso de estilo? Ou simplesmente escolhem as plantas que gostam?

Bem, Ana ficou curiosa para ver os gostos dos moradores. Decidiu que ia dar uma volta na rua e nas ruas em volta para analisar as flores dos vizinhos.

Saiu pela porta de casa. Com cuidado e apreensiva. Todas as janelas da casa a frente estavam fechadas. Não devia ter ninguém na casa vizinha. Ela suspirou mais aliviada e então caminhou pela rua. O dia estava claro e quente. A rua 5 era pequena. As decorações das casas eram mais discretas: apenas com pequenos vasos de plantas ao lado das portas de entradas e poucas flores nas janelas com bordas em madeira.

Virou na rua 6. Lá, as casas também tinham de dois a três andares. Eram quadradas ou com telhados pontudos em telhas. Algumas tinham toldos também de telhados e madeira e todas as janelas tinham bordas em madeiras ou pequenos blocos. Quase todas as casas ali eram brancas ou creme. A rua era de pedras.

Mas ali, na rua 6, os moradores eram mais ousados. Havia enormes vasos de plantas e flores nas calcadas, ao lado das portas. Uma casa tinha uma pequena cerca com um jardinzinho. Eram plantas que Ana nunca vira na vida, as flores então, nem se fala, ela estava encantada e notou que sua pesquisa na internet sobre botânica foi menos do que inicial, pois, das coisas que viu na rua 6, não chegou a ver na sua pesquisa.

Virou em outra rua e reconheceu: estou na rua 3, a rua da senhora Mércia.

Da última vez que esteve ali não tinha notado como de fato era a rua, nem mesmo a casa da senhora Mércia, afinal, não sabia ainda que a cidade era tão apaixonada por flores.

Assim como a rua 3, a rua 3 também caprichava na decoração botânica. A casa da senhora Mércia mesmo era de um primor único: com dois enormes vasos de plantas uma de cada lado da porta de entrada da sua casa. Na varandinha do segundo andar da casa da senhora, todo o parapeito era adornado de delicadas plantas e pequenas flores. Até o telhado plano de sua casa parecia ser um jardim suspenso.

- Gosta das minhas plantas? – a senhora Mércia falou, acabando de chegar com o cachorro Zé na coleira.

- São lindas – Ana respondeu. – Estou buscando inspirações. Quero comprar minhas próprias plantas.

- Ora, ora – falou a senhora segurando o cachorrinho no colo. – Vejo que já virou uma de nossas.

- Espero que sim – Ana respondeu timidamente.

- Já almoçou, minha filha? Venha, estou finalizando uma comidinha deliciosa. Só fui até a vizinha com o Zé buscar isso aqui – a senhora falou, mostrando um pacotinho de alguma planta. – É manjericão. A vizinha tem um pé dele. É maravilhoso, fresquinho. Vamos, entre.

A senhora abriu a porta. Ana não relutou. Sorriu alegre. De fato estava com fome e precisava almoçar. No fundo, ela se levou ali na rua 3 com uma certeza vontade se encontrar a senhora Mércia para que esta lhe convidasse para comer. Ana não cozinhara desde que se mudou e não estava a fim de ir para o centro comer alguma coisa. A senhora Mércia parecia ser sua salvação no memento e, inconscientemente, se encaminhou para perto da casa dela. Parece que deu certo, agora estava ali, na casa da senhora Mércia, sentindo um cheiro delicioso de comida gostosa.

Ana estava com uma alegria que, há muito, não sentia. Talvez por sentir que logo ia saciar a fome com uma comida gostosa e também com a idéia de comprar suas plantas.

- Dona Mércia – Ana perguntou – os moradores daqui gostam mesmo de flores? E por quê?

- Oh – a senhora Mércia respondeu, finalizando alguma coisa em uma panela -, as pessoas aqui são loucas por flores e plantas. É o ponto forte dessa cidade. Aqui, cada morador tem uma paixão por plantas e flores. Mas isso é de longas Dantas, minha filha. Desde que as primeiras famílias chegaram aqui esse costume existe. Isso porque as primeiras famílias que fizeram moradias aqui eram donos de terras de flores e plantas, as terras pelas redondezas aqui eram muito boas e férteis. Fizeram fortunas com isso. Há ainda casarões antigos no extremo norte da cidade. Você tem que ir lá conhecer um dia. No inverno são muito procuradas pelos turistas de fora os casarões.

- Interessante – Ana falou, mostrava muito interesse. – E ainda existem herdeiros dessas famílias?

- Há muitos boatos e falácias. Afinal todos querem tirar proveito de ser descendente de família poderosa, não é mesmo? – ria a senhora na prosa. – Mas acredito que não exista herdeiros aqui pela cidade. As famílias foram embora daqui a muitos anos. Mas a cultura de cultivar flores e plantas ainda continua. Não é a toa que nosso maior comercio é da floricultura, que alias, nossa maior loja de flores fica no centro. É a loja mais importante da cidade.

A floricultura. Ana estremeceu e sentiu o calor tomar sua fase de novo. Então, o maior comercio ali era a floricultura? Ana começou a suspirar forte. Toda a alegria do dia parecia escorre-lhe pelo corpo. Não, não se deixe ficar triste, Ana, são só detalhes.

- Dona Mércia – Ana falou de vagar, tentando não parecer nervosa -, a floricultura do centro. Me fale mais dela.

- Ah, você já a conheceu? Não é linda? Enorme, bela. É quase nosso ponto turístico. É a maior renda da cidade, ao menos é o que dizem, não entendo de economia, minha filha. Mas é da família Aomi. Muito tradicional a família. Vedem flores para todos os vendedores de ruas e das barracas da cidade, você sem duvida já deve ter visto eles. E também vendem para outras floricultura de outras cidades.

- Família Aomi? – Ana pensou que sussurrava, mas falou alto.

- Sim, os Aomi. Inclusive eles moram na tua rua. Deveria conhecê-los. São uns amores.

O coração de Ana disparou de tão forma que ela pensou que sairia pela boca. Então ela estava certa, o mesmo rapaz que a espiava da janela na casa da frente era o mesmo que ela vira na floricultura. Não estou neurótica, é ele sim.

- Minha filha – falou a senhora Mércia colocando os pratos na mesa e finalizando o almoço. – O que houve? Parece que viu um fantasma de novo? Está pálida, igual ontem a noite quando te vi.

- Não é nada, dona Mércia – Ana respondeu. – Deve ser fome. O cheiro da comida está ótimo.

Ana pegou um prato e se serviu. Tentou parecer calma durante todo o almoço.


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