Capítulo 37 - O Plano

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Ana dormiu mal, muito mal. Não saia da sua cabeça a cena com Juca. Ficou preocupada em saber se ele estava nervoso e chateado com ela. Ela não queria que ele ficasse assim. Sentiu-se culpada e invasiva. Não poderia se intrometer assim em seus assuntos particulares. Ele já havia dito muito à ela sobre seu estilo de vida com seus amores, ela não tinha direito em querer invadir assuntos sobre família, que é sempre um assunto delicado, ainda mais quando se pode ter algum problema envolvido.

Mas qual problema será que ele carrega?

Ana se questionava se iria mais adiante em tentar desvendar isso. Seria invasivo demais? Anti-ético? Tudo isso ela se perguntava, já a culpar-se do que poderia acontecer futuramente caso de sequencia a isso tudo. Juca ter lhe contado da vida dele, daria a ela motivos para ela saber mais, isso até sobre a família?

Ana balançava a cabeça em seu travesseiro. Preciso de um café forte.

Ela levantou-se e passou uma caneca de um café bem forte. Olhou para a casa da frente: tudo estava fechado. Juca e seu pai deveriam estar na floricultura. Mas e a avó? Ela quase nunca saia de casa. Naquele momento, surgiu uma enorme vontade em Ana de ir até a casa dos Aomi e conversar, mais uma vez com a avó, tentar tirar dela maiores detalhes, detalhes esses que foram negados por Juca.

Ana, em que você está se metendo? Para que tudo isso? Deixe esse assunto em paz.

Mas, no fundo, ela gostava de verdade de Juca, não queria perde sua companhia, estar com ele representava muito pra ela. Por um lado, ela sentia que era sua obrigação descobrir tudo e estar ao lado dele. E, ela pensava, se tudo isso que ele fez, fugindo do assunto, era, na verdade, um pedido de ajuda? Ela precisava ajudá-lo.

Ana passou toda a manhã dividida nesses pensamentos contraditórios: ora que estava sendo invasiva demais para com Juca, ora que ela precisava ir adiante e poder, de alguma forma ajudá-lo.

Mais uma caneca cheia de café.

E agora, Ana, pensa. Pensa com cuidado. Como eu me sentiria com alguém querendo saber dos meus problemas de família?

E se não forem problemas?

E se forem? E daqueles bem pessoais?

Ahhhhhh!!!

Ana estava na terceira caneca de café quando decidiu: iria procurar saber o que tinha acontecido. Ela preferiu ouvir sua intuição de que Juca pedia uma ajuda, mesmo que discretamente.

Naquele momento, sentiu vontade de conversar com outra pessoa. Lembrou da senhora Mércia. Iria fazer uma visita para ela e tentar clarear as idéias.

*****

— Querida! – falou a senhora Mércia feliz indo abraçar Ana assim que a viu na entrada de sua casa. – Quanto tempo. Achei que não queria mais saber dessa velha aqui e que tinha arrumado novos amigos na cidade.

— Imagina, senhora Mércia. Nunca vou esquecer e abandonar a senhora e o Zé. – Ana fez um carinho no cachorrinho que abanava o rabo entre suas pernas.

— E como vão as coisas? Já se adaptou a casa nova? Venha, entre, você chegou em um ótimo momento; estou a preparar um almoço com abóbora, uma das minhas especialidades.

Ana passou a língua nos lábios e entrou. Ela, junto com a senhora Mércia e o cachorro Zé, foram direto para a cozinha.

— Então – Ana começou a falar, com uma voz tímida, quase que pedindo desculpa – eu conheci um rapaz.

— Uau, menina. Danadinha. Olha só. Que saudade do meu tempo de moça – a senhora Mércia gargalhava. – E ele é bonito, tem pegada?

— Senhora Mércia – Ana falou arregalando os olhos.

Todas as Paixões de Juca AomiWhere stories live. Discover now