Capítulo 1 - A Mudança

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Ana parecia estar perdida enquanto dirigia seu carro popular na pacata cidade de Teles Silva. Seu GPS não parecia estar trabalhando bem, ou era Ana quem já não estava mais conseguindo raciocinar as coisas.

Ela baixou o som que tocava um pop e começou a prestar atenção na estrada.

— Droga!, ela resmungou. Estava, de fato, perdida. Parecia que já tinha percorrido aquela rua estreita uma vez. Provavelmente andava em círculos.

A rua em que passava mais uma vez era cercada de pequenas casas e pequenos comércios locais. Lojas de bugigangas e presentes. O mais sofisticado que viu foi um café que parecia estar vazio de cliente.

— Será que isso aqui é o centro da cidade? – ela falou consigo mesma, tentando ficar focada no caminho e no GPS.

Procurava alguém na calçada ou até mesmo um carro para poder pedir uma informação, mas parecia que não havia ninguém na cidade.

— Legal, vim morar numa cidade fantasma.

Andou mais alguns metros, na mesma rua, até que avistou um rapaz que passava.

— Ufa! – ela falou baixinho – Finalmente alguém. Moço, oh moço.

Ela baixou o vidro do carro e colocou a cabeça para fora, para ser mais bem ouvida pelo pedestre que se aproximava.

— Licença, tudo bem? Eu estou procurando a rua 5. Sabe me informar como posso chegar?

O rapaz se aproximou ainda mais do carro, era muito prestativo e educado. Ele respondeu:

— Claro! Você não está longe. Faz o seguinte...

Então, o rapaz explicou para Ana o caminho que poderia fazer para chegar à rua 5.

— Obrigada! – Ela agradeceu – Sabe me informar se aqui é o centro da cidade?

— Sim. Este é o centro.

Ana sorriu para o moço. Agradeceu mais uma vez, subiu o vidro do carro e saiu.

— Ótimo! Bem—vinda a menor cidade do mundo, Ana Cristina. Menor e menos populosa pelo jeito.


*****


Enfim, depois de aproximadamente 10 minutos, Ana chega à rua 5; Ali, a rua era de paralelepípedo. O carro chacoalhava de um lado para o outro. Ela parou o carro e olhou em volta: a rua 5 era pequena, com poucas casas, talvez no máxima umas 5. Ela procurou a o numero que tinha recebido da imobiliária e achou a casa indicada. Era uma casa alta, de 2 andares, porém, ela só usaria a parte de cima, a de baixo era ocupada por o que seria um deposito.

- Essas casas antigas são estranhas – ela falou consigo.

Entrou na casa. Era de telhado e o piso de madeira. As paredes todas pintadas de azul e branco. Não é tão mal assim, pensou. Colocou a bolsa no chão e passou mais de meia hora indo e vindo do carro até a casa com algumas poucas caixas. Pegou um colchão de ar e um lençol.

- Acho que isso será o suficiente para hoje – falou. A sua mudança estava agendada para chegar no dia seguinte.

Ela pegou uma latinha de chá que tinha no carro. Já estava quente a bebida, mas estava com muita sede.

A janela na sala principal da casa era grande; ia do chão ao teto, com uma porta dupla verde musgo e uma pequena varanda. Ela abriu a janela e viu a luz do dia entrar no ambiente. Saiu até a varanda, estava empoeirada e cheia de uma planta que pegava toda a parede interna.

Ana tentou relaxar um pouco, não ia se preocupar com limpeza naquele momento. Deu um gole no seu chá. Olhou em volta, na rua 5. A poucas casas que tinham ali estavam silenciosas, parecia que não tinha ninguém. Que vizinhança estranha, pensou. Mas, ela logo notou que sozinha não estava; olhou para a casa a frente. Também era uma casa de dois andares mais um terraço. A casa era fina. Com portas altas e estreitas. No segundo andar. Havia uma janela quadrada. Ana pode ver que dela, da janela da casa a frente, havia um rapaz que a observava. Ela levou um leve susto. Será que estava a ser observada esse tempo todo? Mas, assim que o rapaz notara que ela percebeu seu olhar para ela, ele saiu da janela e fechou a cortina, sumindo num ambiente escuro.

Ana ficou paralisada, com a latinha da bebida na mão. Poderia ser só mais um vizinho que observava uma nova vizinha chegando, mas Ana não conseguiu pensar só isso. Seu coração estava acelerado e começou a suar. Sentiu-se estranhamente observada. Entrou em casa e fechou a janela dupla. Deu uma ultima espiada na casa a frente; ninguém mais apareceu na janela. Ela então foi arrumar o pouco de coisas que conseguira trazer.

- Que estranho – falou baixinho. – Que estranho. Quem será que era aquele rapaz?


Todas as Paixões de Juca AomiOnde histórias criam vida. Descubra agora