Capítulo 23 - Pacientes Para a Doutora Julia

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Dois dias depois da consulta do cachorrinho de Juca, Julia ouviu o sininho da clínica tocar, assim que chegou na recepção, viu o jovem Aomi parado na entrada, com seu cachorrinho no braço. Ela sorriu e falou:

— Ah, oi. Olha só quem veio me visitar – e aproximou o rosto do filhotinho nos braços de Juca. – E como ele está? Está melhor?

Juca balançou a cabeça positivamente: — Sim, está... melhor...

— Ótimo – falou feliz a doutora Sá.

Vendo que a doutora ficou sem mais palavras ou assunto, Juca disse:

— Eu vim só dar a noticia da recuperação do João Gilberto. Acredito que você fique interessada em saber como ficam seus clientes.

— Sim, claro que fico. Isso é ótimo. Sempre bom saber da recuperação de um cliente.

Juca deu um sorrisinho tímido, quase que apertou por demais o filhotinho nos braços, mas suspirou e relaxou. Balançou novamente a cabeça positivamente e disse:

— Obrigado! De novo. Fico feliz pelo João Gilberto.

Julia retribuiu com um sorriso e Juca deu meia volta e saiu, ouvindo o sininho bater na porta. Foi direto para a floricultura. Soltou João Gilberto e saiu a correr por toda a loja.

— Se ele cagar no chão – gritou o pai Aomi – você quem vai limpar.

— Que ele vai cagar no chão, isso é certo, pai – falou Juca, mas não era uma resposta defensiva, ele falou sonhador e quieto. O pai Aomi achou estranho, o filho estava com um olhar distante.

— Já sabemos o que aconteceu a última vez em que esteve assim nas nuvens, rapaz.

— Pai, por favor, não nos lembremos disso.

*****

Julia, desde que se formara em medicina veterinária, nunca se espantou com o que levavam de animais para que ela examinasse. Mas, devia assumir, uma coisa estava a deixar levemente confusa.

Um dia, depois de atender um cliente que levara uma calopsita para que ela tratasse, Julia viu ninguém menos que Juca na cadeira de espera. Achou que o filhote que ele levara outro dia havia tido algum tipo de recaída. Mas ela notara que ele não trazia consigo o cachorrinho. Para sua surpresa maior, desta vez, ele carregava um gato.

— Olá – falou Julia. – Vejo que me trouxe um novo cliente.

— Eu o achei na rua – disse Juca. – Deve ter sido atropelado ou algo assim. Veja como está a patinha dele.

E ele levou o animal para mais próximo da veterinária, dando detalhe para a pata do animal. O gato realmente estava com a patinha machucada. Julia tratou do bichano.

— Mas – falou Juca – infelizmente não vou poder levá—lo comigo. Eu tenho o cachorro, se lembra dele? O João Gilberto? Eu achei o gatinho na rua e achei melhor trazê-lo pra você examinar. Mas eu pago a consulta, não se preocupe.

Julia teve que concordar com aquilo. Deixaria o gatinho em repouso e depois o colocaria para adoção.

E as coisas iam parar por ai, ao menos achava Julia, que das surpresas da vida ela ainda não estava acostumada, ainda mais em uma cidade tão pequena como Teles Silva. Pensava que grandes eventos não ocorriam e, se isso acontecesse, eram em momentos históricos. Sequer imaginaria que coisas estranhas aconteceriam com ela. Sim, o que se seguiu ela classificou como coisas estranhas sim.

Um dia qualquer, não muito distante da cena do gato (ele ainda estava em campanha de adoção), Ana viu entrar no consultório o jovem Juca. Ela abriu a boca para falar algo, mas não conseguiu reproduzir nenhuma palavra. Estava perplexa.

Todas as Paixões de Juca Aomiحيث تعيش القصص. اكتشف الآن