Capítulo 30 - Sentimentos Não Compartilhados

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Astromélias vermelhas. A enfermeira estava confusa.

— Ganhando flores – falou a recepcionista do hospital, com um sorrisinho malicioso. – Tem admirador secreto agora?

— Se tiver – respondeu a enfermeira – ficarei mais surpresa do que você está.

— Vai – disse a recepcionista -, vê se não tem nenhum bilhete falando quem enviou.

A enfermeira analisou o arranjo. De fato havia um bilhete, mas ele não revelava nenhum nome. Apenas dizia "Da floricultura 'Flores Que Amo'".

— Que estranho – falou a recepcionista. – Você pode ir na floricultura depois e perguntar quem enviou. Alguém La fez esse buquê e mandou, né!?

— Boa idéia – falou a enfermeira. – Mas só se eu não estiver cansada depois do plantão. Ando meio indispostas para romances de filmes ultimamente.

As duas riram e a enfermeira voltou ao seu posto. De trabalho.

Por mais que deu uma de durona com a recepcionista, a enfermeira estava corroída de curiosidade de quem poderia ter mandando aquelas flores pra ela. Fazia muito tempo que não recebia flores, aliás, muito tempo que não recebia presentes. Desde que começara a trabalhar no hospital, sua vida amorosa e até com amigos ficou muito restrita, ela estava cada vez mais sozinha na cidade. Era de casa pro trabalho, do trabalho para casa, se dedicando completamente aos deveres do hospital.

Bem, ela estava decidida, depois do plantão ia matar sua curiosidade na floricultura, afinal, não era tão longe do hospital.

E foi o que a enfermeira fez: assim que saiu do hospital, dirigiu seu carro até a floricultura. Estacionou em uma rua próxima da loja e de lá foi a pé. E quase caiu pra trás quando chegou em frente a floricultura. Todas as vitrines estavam cheias de astromélias vermelhas. Eram buquês, arranjos, vasos... tudo com as flores.

— Acho que foi por isso que recebi essas flores – ela pensou alto, isso para se tranqüilizar e pensar que, só ganhou aquelas flores porque estavam em destaque na loja.

Ela então entrou na floricultura. Para sua surpresa, não eram só as vitrines que estavam cercadas das astromélias, por todas as partes, no chão, nas mesas, nas prateleiras e até penduradas, as flores vermelhas eram destaque.

Seria até apaixonante para a enfermeira se ela não estivesse terrivelmente assustada com aquela terrível coincidência. Naquele dia, recebera um buquê com astromélias vermelhas e, naquele mesmo dia, toda a floricultura está enfeitada das mesmas flores? Que confuso.

Então, um rapaz veio até ela: era Juca.

— Olá – ele falou. Evidente que Juca já sabia quem era a enfermeira, fora ele quem mandou as flores para ela no hospital, assim como foi ele quem decorou toda a loja com as mesmas, em homenagem os sentimento que sentia pela enfermeira naquele momento.

— Ah, oi – a enfermeira falou. – Eu queria tirar uma dúvida, se possível.

Juca balançou a cabeça positivamente e não disse nada. Ouvir a voz da enfermeira de novo tão perto dele o fazia sentir-se nas nuvens, uma prazer incontestável, único. Seu coração quase que pulava para fora da boca e batia acelerado. A enfermeira prosseguiu:

— Hoje, recebi um buquê de flores, que inclusive são as mesmas que estão por todas as partes da loja. Mas não veio nenhuma identificação de quem mandou, apenas um cartão da loja. Será que é possível identificar quem mandou?

Juca arregalou os olhos, não esperaria, nem em seus sonhos, que a enfermeira fosse até a loja para saber quem havia mandando as flores. Ele não tinha um plano caso isso acontecesse, pois seria pensar além do que poderia querer. Ele não podia falar, ao menos naquele momento, que foi ele quem enviou as flores para a enfermeira no hospital.

Todas as Paixões de Juca AomiWhere stories live. Discover now