Um lugar para voltar

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Konoha. Eu sentia falta de lá, muita falta para falar a verdade. Dos meus amigos, meu trabalho, meus pais... dele. Faziam quatro anos que eu estava fora da minha vila natal, e atualmente eu estava morando no país das fontes termais, mas claro que em todos esses anos fora da Folha, eu passei por muitos lugares para ajudar pessoas que precisavam de cuidados médicos.

A guerra realmente havia sido imensa e matou milhares de pessoas, ferindo outras milhares também. Eu não fazia ideia de como uma guerra podia ser cruel e sangrenta, só quando eu estava em campo de batalha e vi amigos e pessoas queridas morrendo. Confesso que no início a ideia de sair da aldeia era apenas para fugir dos meus problemas, era por puro egoísmo, mas eu vi o quão pequenos eram eles eram comparados a todas as pessoas que eu curei.

Desde as grandes nações até países pequenos eu ouvi e vi histórias que eram de partir o coração, e com isso eu aprendi a ver o mundo com outros olhos. Isso contribuiu para o meu próprio crescimento interior. Eu havia de fato me tornado uma mulher forte e me orgulhava de como era.

Nunca deixei de trocar cartas com Ino e Naruto constantemente, e meus pais também. Em todas as cartas que mamãe me escrevia ela sempre perguntava quando eu voltaria, mas eu sempre usava a mesma resposta: ainda não está na hora. Sasuke raramente me escrevia, na verdade, a última vez que ele me escreveu foi no meu aniversário de 21 anos há quatro meses atrás. Mas dele, eu nunca recebi nenhuma carta, nada. Eu também não o escrevia, ele era muito ocupado como hokage, foi o que Naruto me disse.

Eu deixei Konohagakure apaixonada por Kakashi Hatake. Sim, o meu sensei. Loucura, né? Mas foi o que aconteceu, e eu estaria mentindo se dissesse que planejei isso. Não, nunca passou pela minha cabeça nutrir sentimentos por ele, mas foram os detalhes. Kakashi me mostrou que por baixo daquela armadura sólida e impenetrável, existia alguém extraordinário e aí aconteceu o Kabum!

E eu o beijei. Oh, sim, eu fui corajosa naquele dia. O dia em que vi seu rosto, aquele rosto passou a me visitar em sonhos quase todas as noites depois que eu o vi. Ele era tão... Estupidamente bonito, que eu não pude evitar beijá-lo. E para a minha total surpresa, ele correspondeu.

Mas eu era uma garota ingênua na época, eu não tinha nenhuma experiência romântica a não ser Sasuke, que não verdade não foi bem uma experiência romântica. Eu amava Sasuke, aquele amor imaturo e juvenil que faz a gente ficar obcecada, sabe? Aquele que apresenta os assuntos do coração pra gente e mostra que nem sempre vamos nos dar bem no amor.

Porém com Kakashi não, quando eu estava com ele era tudo tão mais leve e gostoso. Eu me sentia feliz apenas em poder vê-lo e rir com ele, em partes era tão fácil me sentir bem com ele, mas quando eu percebi que estava me apaixonando e decidi falar, foi como se eu tivesse saído de uma bolha e a realidade veio com tudo jogando na minha cara como eu era louca por ter confessado tais sentimentos.

Era patético o fato de eu ter deixado de amar alguém para não sofrer, mas acabar me apaixonando por outra pessoa que jamais teria, e isso me machucaria mais ainda. Era a irônica e cômica situação em que meus sentimentos se meteram.

E bem, eu tive que fugir dos meus sentimentos. Sentimentos que agora eu tinha que abafá-los de alguma forma, como quem apaga as derradeiras brasas de uma fogueira e joga terra sobre ela para que parem de arder. Era muito mais seguro desse jeito. Simplesmente tinha que ir embora. Não porque eu estava com medo do que Kakashi achasse de mim. Eu estava com medo do que sentia por ele.

Mas quatro anos era tempo suficiente para esquecer, - ou como gosto de me referir, fugir - não era? Eu tive algumas experiências amorosas e com certeza eu não era mais a mesma menina ingênua de 17 anos, não ia precisar me preocupar com sentimentos antigos e confusos por Kakashi sensei. Eu havia crescido e sentia muita saudades de casa.

Peguei a última carta que Ino havia me mandado e reli pela décima vez.

Saky,

Eu absolutamente, literalmente, sinceramente não aguento mais que viva tão longe. Sinto falta de ter com quem conversar quando estou atoa na floricultura e nas brechas de madrugada dos meus plantões corridos. E falando nisso, essa semana tive uma ideia maluca, sobre abrir uma clínica para a saúde mental para crianças, isso seria tão sua cara.

E bom, mudando de assunto, Gaara virá até Konoha para uma conferência com o Hokage. Talvez seja dessa vez que ele assuma seus sentimentos por mim, preciso me apressar para agarrar esse Kazekage (como você devia ter feito com o Rokudaime).

Estou morrendo de saudades, beijos, testa.

Ino Yamanaka

Ino conseguia ser hilária até em cartas, era incrível. Há quase um ano ela me escrevia sobre seu envolvimento com Gaara, que surgiu quando ela foi mandada para uma missão em Suna, e disse que assim que teve oportunidade de conversar com o Kazekage, soube que ele era "O Cara".

Ino tinha uma espécie de cisma com esse assunto de achar "O Cara". Ela me dizia que quando nós o achamos, a gente sabe, a gente sente. E todas as desculpas que podemos dar se tornam incontestáveis. Por isso havia terminado seu namoro com Sai, O Cara de Ino era Gaara.

Eu ainda não havia achado meu O Cara, mas torcia para encontrá-lo por aí, pelado em alguma fonte termal, ou lutando contra um inimigo perigoso e salvando pessoas indefesas ou simplesmente alguém mascarado, comandando uma das cinco grandes nações...

— Patético. — sussurrei para mim mesma e fui até a cozinha fazer um pouco de chá.

Os finais das tardes no País das fontes termais eram simplesmente incríveis. O clima quente juntamente com o pôr do sol esplêndido e o céu repleto por aquarelas em tons pastéis eram realmente bonitos, e eu me encantava por aquela visão perfeita. Peguei minha caneca de chá e sentei na pequena varanda da sala de meu apartamento e me pus a observar o céu.

Meus pensamentos se direcionaram aquele maldito dia. Aquele maldito rosto. Aquela maldita boca e aquela maldita pinta sobre o queixo e também, aquelas malditas palavras...

Droga, droga, droga.

Eu preciso voltar. Konoha é o meu lar, eu já fiz muito pelas pessoas em lugares distintos. Agora, as crianças da Folha precisavam de mim e de Ino. A semana inteira a ideia de minha amiga martelou na minha mente e isso me deixava inquieta. Eu queria ajudar quantas pessoas mais eu pudesse. Eu tinha que voltar. Konoha era o lugar para qual eu sempre poderia voltar, o qual eu sempre poderia chamar de lar.

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eu disse que o próximo capítulo seria a volta da Sakura a Konoha, mas decidi dividir o capítulo em dois, senão ficaria longo e cansativo, portanto o próximo sem falta será o retorno de Sakura.

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No Limite do Desejo Where stories live. Discover now