𝐀 𝐂𝐚𝐥𝐦𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐃𝐨 𝐅𝐮𝐫𝐚𝐜𝐚̃𝐨 - 𝐉𝐉 𝐌𝐚𝐲𝐛𝐚𝐧𝐤

Capítulo 30

Sabe quando você sente que tudo, literalmente, tudo acabou ali? Quando não tem mais sentido sua existência.

— Estamos tentando fazer ela voltar garoto mas tudo indica que.... — A enfermeira começou mas eu não consiguia aceitar aquilo.

Empurrei ela e entrei no quarto dando de cara com um doutor preocupado e vários enfermeiros tentando reanima-la.

— PELO AMOR DE DEUS DEIXA EU FALAR COM ELA — Gritei chorando em pânico. Os médicos não tentaram me impedir, então cheguei perto de Blue, do seu ouvido e peguei em sua mão.

— Blue, meu amor, não me deixa.Vamos você é forte, é a garota mais forte que eu já vi, não me deixa aqui eu preciso de você. — Falei chorando em súplica. — Não deixa esse coraçãozinho parar, quem vai me amar se você for? Se seu coraçãozinho parar, amor, o meu para também. Eu não sei viver sem você... — Não parava, mas Blue não reagia e os médicos não conseguiam fazer nada para o coração voltar a bater.

— Garoto... — O médico olhou pra mim abatido.

— VAI CONTINUA. — Gritei mais o médico não tinha mais o que fazer. —VAAAI... — Comecei a chorar, olhei para minha garota sem aceitar que ela estava morta.

Dei um beijo em sua testa fria. — Meu amor, volta pra mim. — Sussurrei com os olhos fechados

Senti a mão de Blue se mexer e quando fui abrir os olhos, os dela se arregalaram me dando um susto e fazendo o quadro de batimentos apitar alto, os médicos desesperados começaram a trabalhar e a enfermeira me tirou dali.

Impressionado não reagi só fui sendo arrastado para fora do quarto olhando para Blue que permanêcia de olhos arregalados olhando para o nada.

Por Blue

Eu não sentia meu corpo, não sentia nada além de uma leveza inexplicável.

Eu achava que morrer era algo doloroso mas realmente não foi.

Eu sentia uma leveza  mas ao mesmo tempo sentia lá no fundo que não estava certo aquilo. Como se agora não fosse minha hora.

Entrei em uma praia com um mar inteiro azul em minha frente. O vento balançava meus cabelos, soprando de leve no meu rosto. A areia em meus pés descalços era macia e branquinha. Uma agitação atrás de mim me fez virar e me assustei.

— Mãe? — Perguntei e a mulher de cabelos dourados e olhos tão oceânicos quanto os meus e mais brilhantes, de uma forma surreal, sorriu para mim. Corri em sua direção e a abracei com força. Bom eu estava morta, pelo menos vi minha mãe.

— Filha você é tão linda! — Minha mãe se soltou me observando dos pés a cabeça. — Se tornou uma mulher linda! Nossa eu me orgulho de você filha! — Minha mãe falava rindo. — Mas porque está aqui? Ainda não é sua hora, meu amor.

— Que? Mas eu morri mãe. — Falei sem entender. — É impossível, eu tentei com todas as minhas forças sobreviver a Rick mas não deu. — Falei e agora imaginei todos os meus amigos e minha família sofrendo.

— Você quer ve-los? —Minha mãe perguntou e ascenti, ela pegou em minha mão e fomos mais próximas do mar. — Querida pensei em cada um deles. — Fiz o que ela pediu e fechei meus olhos pensando em meus tios.

Vi uma imagem de tio Ben e Tia Clarice sentados em um hospital e minha tia não parava de chorar no ombro de tio Ben que olhava para o nada se sentindo vazio e culpado.

Pensei agora nos meus amigos e eles estavam também sentados, mas na praia olhando para o mar azul, Kie estava chorando abraçada a Pope e Sarah no ombro de John b, John deixou uma lágrima cair.

O único que não vi foi JJ. Pensar nele foi mais fácil, mas o que vi foi doloroso. JJ do lado do meu corpo em leito, segurando minha mão e chorando muito.

— Blue eu te amo tanto, não me deixa aqui, se você parar seu coraçãozinho, o meu para também.... — JJ dizia pra mim e senti uma tristeza profunda.

— JJ, não chora. — Disse mas ele não me ouviu.

— Querida ele não pode te ouvir... —Minha mãe foi dizendo e me virei para ela. — Agora entende porque não é sua hora? Essas pessoas precisam de você, JJ precisa de você, você ainda precisa ajudar seus amigos... Você tem muitas experiências a viver minha filha. Você não pode ficar aqui, um dia vamos ficar juntas mas esse dia ainda demorará bastante. 

Minha mãe dizia e me abraçou.

— Escute filha, vou estar te dando toda a minha força para você melhorar logo porque você foi muito machucada, isso irá surpreender os médicos e a todos. Você em duas semanas vai ficar novinha em folha como se nada tivesse acontecido, filha, não se preocupe e não se traumatize mais, te darei paz também... Esse inferno acabou agora caminhe para seus caminhos de ouro meu amor, sempre escute aquela sensação e aquela vozinha do seu coração, pode ser eu te avisando algo. Acredite em você e sim... Você encontrou seu Boom! — Nessa hora voltei a pensar em JJ e o vi gritando com os médicos e me dando um beijo na testa.

— Meu amor, volta pra mim. — JJ sussurrou.

— Vá... — Minha mãe disse e me empurrou no mar, senti como se alguém tivesse me puxando e arregalei os olhos dando de cara com JJ, que tomou um susto e foi tirado da sala.

Ainda não conseguia me mover direito mas sentia. Sentia meu corpo.

Eu estava viva!