Capítulo 49. Repouso total.

35 4 11
                                    

Eu li bastante livros durante a minha vida. Livros de todos os gêneros imagináveis, romance, ação, terror, mistério, suspense. Jamais imaginei viver num deles, todos os temas abordados eu julgava "demais" para mim, demais para a garotinha do orfanato. Agora eu tenho um elemento de cada livro em minha própria história, ainda não estou preparada, mas acho que não tenho escolha.

— Acredite em mim, quanto menos souber melhor será para você. — Ela disse, embora sua voz estivesse embargada pelos soluços.

— Então acredite em mim, não espere que eu tome alguma atitude se eu não sei o que temer. — a voz do Ryder estava firme — Ela vai ficar aqui.

Desculpa, mas não pretendo.

A maçaneta da porta girou lentamente. Ryder entrou no quarto, esboçando um leve sorriso ao me ver.

— Você acordou.. — ele disse baixinho.

— Cadê o Erich? — perguntei, sem hesitar.

O loiro se aproximou de mim, pondo sua mão sobre minha testa, ignorando por um momento minha pergunta.

— Você está com febre, ele saiu para comprar medicamentos. — respondeu calmamente.

— E a Jodie?

— No banho.

Ryder estava inquieto, algo além da omissão de sua mãe o incomodava. O loiro tinha seu olhar vagando pelo quarto enquanto suas mãos nervosamente procuraram por um bolso.

Ele estava ali, a apenas alguns centímetros de mim. Não podia conter meu coração, que insistia em bater mais rápido.

Me sentia tola e indefesa. Porque a razão e os sentimentos não entram em acordo? Depois de tanto me machucar, porque continuar a me sentir dessa forma sobre ele?

Isso é patético.

O silêncio, que outrora era confortável, agora se tornou constrangedor. E era este silêncio que preenchia o lugar, por alguns longos minutos, quando prestes a me sufocar, Ryder direcionou seu olhar a mim, quebrando a quietude.

— Podemos conversar? — questionou, sentando-se ao meu lado.

— Não acho que seja uma boa ideia.

— Eu..  — ponderou, quase como se não soubesse o que realmente dizer. — Eu li o que escreveu.

Aquelas palavras me atingiram, fazendo com que minhas mãos ficassem no mesmo instante gélidas.

— Me desculpa.. — o loiro continuou, enquanto eu negava repetidamente com a cabeça, querendo desesperadamente sair daquele assunto.

— Para, por favor. — pedi, com a voz levemente trêmula.

— Hope, — ele agora tinha os olhos marejados de lágrimas — eu procurei por você, fui até Springfield porque era a única pista que eu tinha. Eu sonhava com você todas as noites, isso quando conseguia dormir. — uma lágrima rolou pelo seu rosto — Não ache que eu simplesmente superei sua partida.

O ruído da porta a se abrir encerrou a conversa, fazendo Ryder discretamente secar seu rosto.

— Oi — Erich disse ao entrar no quarto. — Como você tá?

— Oi, to bem. — respondi.

— Ela ainda está com febre. — Ryder informou, levantando-se da cama.

— Eu trouxe o antitérmico. — o moreno disse, colocando a pequena sacola em cima do criado-mudo. — Você pode buscar um pouco de água?

Ryder assentiu, se retirando do quarto.

WHO AM I?حيث تعيش القصص. اكتشف الآن