WHO AM I?

Capítulo 14. What about u?

Eu estava encurralada, talvez não tão literalmente, mas era assim que estava me sentido.

Jodie estava fazendo o mesmo percurso há 10 minutos, caminhando em círculos pelo o quarto, com os braços cruzados e um semblante pensativo. Sem nem proferir uma palavra, me mantinha refém naquela situação.

— Será que pode dizer alguma coisa? — Me arrisquei.

A morena parou, soltando um suspiro tão pesado que eu pude sentir uma pontada. Em um movimento lento, ela se virou em minha direção e me analisou, se preparando para dizer algo.

— O que tá acontecendo, Hope? — Ela simplesmente perguntou.

— Jo.. — Murmurei, passando a mão no rosto.

— Tudo que você tem feito ultimamente é agir como se não fôssemos amigas. Melhores amigas! — Ela deu ênfase — Primeiro os segredos sobre o Ryder e agora prefere conversar com a Aurora ao invés de mim? É sério?

— Você acreditaria em mim? — Dei uma pausa, observando a morena desviar o olhar — Você ignorou quando desabafei sobre minhas desconfianças. Você achou que eu estava ficando louca quando mencionei que não acreditava no relatório policial, quando eu disse que não tinha sido um suicídio. Como acha que me senti? Acha que me senti livre para conversar mais uma vez sobre isso contigo? — Balancei a cabeça negativamente.

Assim que minha voz cessou tudo que restou foi um grande silêncio, nem mesmo nossas respirações eram audíveis naquele momento. A morena caminhou de volta a sua cama e ali deitou-se, como se tudo que outrora havia dito já não importasse mais.

Pela primeira vez em um bom tempo, naquela noite eu permaneci em meu quarto. Sem passeios, fugas ou escapes. Ele podia estar esperando por mim lá fora e eu podia desesperadamente precisar de um abraço dele, mas aquela garota deitada na cama ao lado significava o mundo para mim e eu não iria deixá-la após uma briga. Déjà vus não são bem vindos.

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O sino tocou as 7, cumprindo o trabalho ao qual foi designado: Acordar e irritar todas as pessoas naquele lar.

Um belo jeito de começar o dia.

Ainda estava sonolenta, apesar de ter dormido a noite toda. O que geralmente me acorda é a luz ofuscante do sol, mas as cortinas estavam fechadas aquela manhã. Isso era levemente estranho já que Jodie sempre as abria ao acordar.

A morena não se encontrava mais em sua cama, então já era óbvio para mim o que estava acontecendo, ela estava me evitando pelos recentes acontecimentos.

Segui com minha rotina normalmente, fazendo meu higiene e então me preparando para o café da manhã, mas assim que pus meu pé para fora do quarto, alguém me empurrou de volta.

— Toma. — Aurora disse, estendendo uma chave em suas mãos. — Que fique claro que é a última vez que me meto nisso e se a Dolores ou qualquer outra pessoa descobrir, eu nunca te ajudei, ok?

Eu não estava acreditando que ela realmente tinha feito aquilo.

— Obrigada, Aurora. — Sorri, pegando a chave. — Pode ficar tranquila.

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O coral cantava "I will follow Him", tão ruim como sempre, queria poder dizer o contrário, mas nem se eu fosse surda.. Enfim. A missa tinha começado há uns 5 minutos e a Jodie não estava no salão, assim como não estava no café da manhã, o que me deixou muito intrigada. Onde ela se meteu?

A ausência da Jo me deixou um pouco  inquieta, estava olhando para os lados a cada dez segundos na esperança de localiza-la e isso atraiu a atenção da Madre, a mesma não parava de me fuzilar com seu olhar, até que a Justine - uma das irmãs - a chamou em um canto para um conversar. Não fiquei encarando-as para tentar descobrir do que estavam falando, mas ao terminar da conversa, ambas pareciam bastante preocupadas.

Assim que a missa terminou, a Madre caminhou apressadamente até mim e inevitavelmente, minhas pernas tremeram. A senhora segurou em meu braço e me puxou para fora do salão. Perguntei trezentas vezes o porque daquilo mas ela simplesmente ignorou e continuou a me puxar, subindo a escada e então entrando em seu escritório.

Nenhuma palavra saiu daquela boca. Dolores fechou a porta e aproximando-se começou a procurar por algo em mim, colocando a mão em todos os meus bolsos.

— O que diabos você está fazendo? — Indaguei, completamente indignada.

A madre superiora me encarou perplexa e só então percebi o que eu havia acabado de falar. Sem pensar duas vezes, ela ergueu a sua mão, pronta para me bater, mas alguém a chamou na porta, a fazendo desistir, por agora, do castigo versão medieval.
Me lançando um olhar que me dizia "nos vemos daqui a pouco", ela se dirigiu até a porta e saiu da sala.

Ok, ou ela perdeu a sanidade ou ela sabe sobre a chave.

Peguei a chave no meu sapato, onde havia a guardado por precaução, e fui até a janela, rapidamente me livrando do que poderia me incriminar. Agora é rezar para que eu a encontre depois.

Voltei a posição que estava inicialmente - mais perto da porta - e então pude ouvir alguns ruídos vindo lá de fora, algumas vozes cochichando, as quais deduzi serem da Dolores e da Irmã Mary.

Queria poder dizer que hesitei em ouvir a conversa alheia, mas não vou, a essa altura está bem claro que curiosidade é um dos meus traços de mais destaque.

Aproximando-me da porta, ainda era difícil de ouvir claramente o que estavam dizendo mas com esforço pude ouvir parte da conversa.

— Você disse a ela que poderíamos a redirecionar para um lar onde vivem bebês?

— Parece que ela quer alguém maior. — Mary informou.

— Não é possível. Por que essa preferência? Pelo menos mostrou as outras? — Dolores indagou, com um tom de voz incrédulo.

— Ela é uma boa garota, Madre. Melhor conversar com a Sra. Hempton.

Senhora Hempton?

Meu pensamento foi rapidamente interrompido por um barulho na porta. Me reposicionei o mais rápido que pude, tentando agir normalmente. Meu coração nunca bateu tão rápido quanto naquele momento, eu diria que estava prestes a sair pela boca.

— Saia. — Ela ordenou secamente.

— O quê? — Contrai as sobrancelhas.

— Saia! — Ela exclamou.

Eu não acredito.

Eu não ACREDITO que ela me fez jogar a chave pela janela para nada.

Sai praticamente correndo dali, fazendo meu caminho até o jardim mas acabei esbarrando com a Jodie.

— Ah meu Deus, finalmente! — A abracei apertado mas não foi recíproco.

Me afastei um pouco e então a morena me olhou nos olhos, tristemente.

— O que aconteceu? — Murmurei.

— Querem adotar você.

Gente, eu tô tão nostálgica ultimamente, me lembro quando alcançamos 1k em TB e nossa, aquele foi um dos melhores dias da minha vida. Hoje em dia temos cerca de 45k em The box e 11k em In chief's name! Continua surreal para mim. Obrigada nenens. ❤️