Capítulo 28. Tendências estranhas.

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Uma semana depois

— Já terminou? Querida, ela está na casa da mãe, não embaixo da ponte.

— Muffins nunca são demais. — Disse, empurrando o último bolinho dentro do pote. — A Sam me contou que um casal já comprou a casa.

— Aham. Jeff Callahan. — Ela disse sem muita surpresa — Não sabia que ele era casado.

— Você o conhece?

— Ele é um banqueiro bem famoso para ser honesta.

— E o que está fazendo comprando uma casa nesse bairro? Não é "simples" demais para ele?

— Vai ver ele é do tipo que gosta de simplicidade.

— Vai saber. — Dei de ombros, agarrando minha bolsa.

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— Aaaah! — Samantha saltitou como uma criança que acabara de receber um brinquedo ao nos ver.

Depois do ocorrido com seu ex marido, a Sam criou profundos laços conosco.

— Onde está o Arthur? — Charlotte perguntou, se desfazendo gentilmente do abraço.

— Ele tá..

— HOPE, CHAR! — A voz do garotinho invadiu a sala.

— Aí está ele. — Gargalhei, o erguendo em um abraço.

— Eu que fiz os muffins. Você só vai abraçar ela?

Rimos ao notar que o Arthur repentinamente demonstrou interesse em me largar.

— Eu gosto mais da senhora. — Ele cochichou, acreditando ser baixo o bastante para que eu não o ouvisse.

Neguei com a cabeça, rindo, à medida que me direcionava até o sofá.

— Cadê sua mãe? — Indaguei, notando que a mesma não havia nos recebido.

— Foi ao mercado.

— Vem cá, o que você sabe sobre o novo proprietário da sua casa.

— Ele tem dinheiro, sinceramente, é o que eu preciso saber. — Sam respondeu se jogando no sofá. — Por que do interesse?

— Só quero saber se você não tá colocando um maníaco na minha vizinhança.

— Ah, fala sério. — A ruiva me deu um leve tapa no ombro.

— Então, já olhou alguma casa? — Charlotte se pronunciou.

— Na verdade não. Acho que tô ficando acostumada com tanta mordomia que tenho aqui.

— Folgada. — Resmunguei.

— De quem acha que está falando? — Disse, Anderson. Fazendo uma careta em minha direção.

— Mãe! — Gargalhei, mas Charlotte me encarava estaticamente, como se eu tivesse dito algo de..

Mãe. Eu a chamei de mãe. Notei que as duas mulheres na sala esperavam um momento de comoção, o qual eu e Charlotte nos abraçaríamos e talvez mais uma lágrima fosse derramada, desta vez de felicidade. Mas obviamente não foi o que ocorreu, meu olhar por algum motivo foi atraído pela rua, a qual eu podia ver por uma pequena janela atrás do assento da Anderson. Era uma figura conhecida, era o cara que tinha visto naquela manhã na cafeteria.

— Sabem o que é delicioso com muffins? Suco de laranja! — Disse, enquanto levantava rapidamente do sofá e seguia até a porta.

— É horrível. — Charlotte murmurou.

— Ei, eu posso ligar pra minha mãe e pedir para ela trazer! — A garota berrou mas eu a ignorei, cruzando a porta da frente.

O homem agora já dobrava a esquina. Caminhei em passos apertados para que não o perdesse de vista e então o segui, sem chegar muito perto, assim como também, tomando muito cuidado para que ele não me visse em uma olhada para trás, por exemplo. E então duas ruas dali, havíamos chego ao que me parecia ser sua casa. O mike, seu filho, brincava no jardim e ao notar a chegada do pai, correu para seus braços com um sorriso de orelha a orelha estampado em seu rosto.

A cena aqueceu meu coração e a mesma me prendeu ali por alguns instantes, até que os pequenos olhos do garoto se voltaram para minha direção. Não acho que ele me reconheceria, mas decidi disfarçar virando para pedir informação a alguém que passava.

— Sabe me informar se tem algum mercado por aqui? — Perguntei a primeira coisa que me veio à mente, mas nem sequer ouvi a resposta do senhor a minha frente.

Sorri agradecendo pela ajuda e olhei novamente para a casa. O homem continuava no jardim, conversando com o garotinho e logo uma mulher de cabelos castanhos encaracolados apareceu na porta, lançando um olhar amoroso sobre eles.

"Jack!" Foi o que com muita dificuldade eu consegui ouvir, pois estava a certa distância e outras pessoas conversam na rua. Foi também  a última coisa que ouvi, antes de começar a caminhar urgentemente de volta para casa pois finalmente me caiu a ficha de que eu estava descaradamente sendo uma stalker.

O que diabos eu estou fazendo?  Murmurei em pensamento.

— Onde você estava? — Charlotte indagou assim que pus meus pés dentro de casa.

A mãe da Samantha estava de volta do mercado e as três estavam sentadas juntas. Podia sentir todos aqueles olhares pesando sobre mim.

Eu estava tão encrencada.

— Vamos deixar vocês conversarem, não é, mamãe? — A Sam disse à medida que se levantava do sofá.

— Não, não. Nós vamos conversar no caminho para casa.

— O quê? Achei que iríamos passar o dia aqui.

— Não mais. — Ela se pôs de pé e sem muita cerimônia pegou sua bolsa, passando por mim.

— Tchau. — A ruiva disse sem som com uma expressão triste.

Me despedi e fui atrás da Charlotte, a qual já me esperava no carro.

— Achei que mentiras não eram mais bem vindas entre nós.

Suspirei, notando que ela tinha toda razão.

— Me diz o que está acontecendo, eu vi você seguindo aquele cara. — Continuou.

— Tá, mas você precisa me ajudar.

— Não se você for uma psicopata.

— Talvez eu seja.

— Ótimo.

WHO AM I?Where stories live. Discover now