Capítulo 11. Escape.

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— O. Que. Foi. Isso? — Jodie indagou aproximando-se de mim.

— Sabe o quê, Jo? Eu me arrependo de não ter tirado aquela maldita foto, eu me arrependo de ser uma maldita 'boa' garota.

Coloquei para fora e antes que a morena pudesse dizer algo, sai andando, a deixando com uma expressão confusa.

Eu só queria deitar, fechar meus olhos e esquecer de todas essas pessoas confusas e frustradas, assim como eu. Eu queria me esquecer, rastejar para outro corpo, queria um escape.

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— O que houve? Você tá quieta demais. — Ryder perguntou enquanto chutava a areia da praia.

— Aconteceu uma coisa no orfanato e eu não consigo parar de pensar nisso.

Sentei na areia, observando as ondas quebrando nas rochas distantes. Sentindo a brisa me dá um abraço de melancolia.

— Quer falar sobre? — O garoto sentou ao meu lado, voltando seu olhar para o mar também.

— Eu.. Eu defendi uma velha amiga de uma garota que vive para humilha-la e ela simplesmente surtou, disse que eu não tinha o direito de me intrometer na vida dela. — dei uma pausa, respirando fundo — Eu achei que fazia parte da vida dela. Achei que estava fazendo o certo, tirando ela do breu em que esteve por anos.

— Talvez ela só esteja com medo

— Eu tenho medo, Ry. — Disse com lágrimas nos olhos — Tenho medo de que ela se deixe dominar por essa garota, tenho medo de que ela nunca perceba que ela é maravilhosa do jeito que é, e que é sim o suficiente. Eu..

— Hope.. — Ele sussurrou, logo me envolvendo em um abraço apertado.

Eu não aguentei e acho que nem deveria. Precisava daquele momento, precisava colocar toda aquela angustia para fora. Então deixei que as lágrimas rolassem livremente pelo meu rosto, deixei que meus soluços ecoassem por aquela praia deserta, deixei que Ryder visse minha fraqueza. Porque naquele momento eu só queria ser consolada, eu só queria que alguém mentisse dizendo que tudo ficaria bem.

Quando a noite acabou, Ryder me levou de volta ao orfanato.

— Ei, aquele não é o carro do Joe? — Indaguei, tentando ficar fora do campo de visão.

— Sim. Que diabos ele tá fazendo aqui sem a Aurora?

— Ela já deve ter entrado. Vou entrar por trás para não chamar atenção.

— Eu te ajudo, vem.

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— Então é isso?

Virei assustada, dando de cara com Jodie, que estava sentada em sua cama, me encarando sedenta por respostas.

— Você continua saindo com o Ryder, não é? — Continuou.

Caminhei lentamente até minha cama e me sentei. A olhei nos olhos, preparada para rebater qualquer argumento que, porventura, ela declamasse, mas nenhum som foi emitido pela garota à minha frente, nem mesmo me olhava com raiva ou desapontamento, apenas me olhava, como se não soubesse o que dizer ou sentir.

— Eu sinto muito por ter omitido isso, tive medo da sua reação..

— Ele te faz bem? — Ela disparou, antes que eu terminasse.

Simplesmente concordei em um leve movimento com a cabeça e ela fez o mesmo, segurando minha mão.

— Eu sei que o que aconteceu hoje te abalou e sei que acha que deveria ter contado a verdade a Madre naquela noite, mas eu quero que saiba que não é sua culpa, nada do que a Elizabeth passou ou está passando é sua culpa, você simplesmente respeitou a vontade dela. Então dê um tempo para que ela perceba que precisa de ajuda ou para que ela mesma tome uma atitude. E nunca mais diga aquilo.. nunca mais se sinta mal por ter um bom coração.

— Obrigada.. — Murmurei, a puxando para um abraço apertado.

— Vai ficar tudo bem.

Aí está.

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— Aí meu Deus, eu vou ter meu bebê! — A mulher gritou em agonia — Me ajuda, por favor!

— Você tá com alguém? Vamos te levar a um hospital. — O homem tentou controlar a situação.

— Não, não. — Negou, tirando um papel de dentro do bolso e entregando ao rapaz — Preciso chegar a este lugar, é uma promessa.

O ruivo parecia confuso e bastante relutante quanto ao pedido daquela grávida, mas a mulher começou a chorar desesperadamente, dizendo que ela e o bebê seriam amaldiçoados se a promessa não se cumprisse.

— Tudo bem, vamos logo.

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— Hope, acorda! Aconteceu alguma coisa!

WHO AM I?Where stories live. Discover now